Diretores dos festivais de Sundance, Tolouse, Buenos Aires e do BIFF – Brasilia International Film Festival – concordaram que o perfil das produções cinematográficas se alteraram nos últimos 15 anos. Shari Frilot (representante de Sundance), Sylvie Debs (de Tolouse), Marcelo Panozzo (do Bafici) e Anna Karina de Carvalho (BIFF) fizeram parte de mesa no Fórum de Coprodução Internacional, como parte do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Segundo eles, nos últimos anos, o que se observa, segundo eles, são filmes produzidos exclusivamente para serem exibidos em festivais de cinema.
A discussão se iniciou após o diretor Roberto Gervitz, que participa da Mostra Competitiva do Festival de Brasília, fazer um questionamento. “Vocês não acham que os festivais foram criados para os filmes e que hoje em dia os filmes são feitos para festivais?” perguntou. Gervitz acrescentou que um dos papéis dos festivais é descobrir talentos, mas como o acesso à produção ficou muito mais facilitado graças à tecnologia digital. Porém, afirmou que para o filme ficar bem feito, o custo se mantém o mesmo. Ele defendeu a abertura para mais talentos, mas não acha que as mídias digitais.
Shari Frilot frisou a importância da participação de festivais para encontrar distribuição para filmes. Antes da discussão, ela contou parte da história do Festival de Sundance e explicou o foco do criador, Robert Redford, em dar espaço para filmes independentes na década de 1970. Apesar de concordar que os filmes são feitos pensados para festivais, a coordenadora disse que “a curadoria pensa primeiro em servir a filmes” e deu o exemplo do recente Que Horas Ela Volta?, que venceu o prêmio do júri de Sundance.
A representante de Tolouse concordou sobre a importância de dar destaque e espaço para produções que não ganham espaço normalmente nos cinemas. “Foi uma surpresa chegar aqui depois de ter visto Que Horas Ela Volta? e descobrir que o filme acabou de ser lançado. Ainda assim, Anna Karina falou sobre o preconceito no cenário internacional. Os festivais dão validade para que cineastas e filmes tenham relevância, mas “por sermos negros e pobres, não ganhamos espaço para sair”.
Marcelo Panozzo ressalta que não há como prever como será a carreira de um filme. “O Brasil e outros pólos produtores se arriscam em diversas produções. Se um filme é sucesso, não se pode dar méritos apenas ao espaço ou ao festival” explicou. O raciocínio foi fechado com uma reflexão acerca do boca-a-boca. A qualidade do filme que determina como o público vai falar dele para outro.
Por Vinícius Brandão