Em comemoração aos 60 anos do clássico “São Paulo, Sociedade Anônima”, foi exibido no Festival de Cinema de Brasília, a versão em 4k do longa-metragem, restaurado em parceria com o The Film Foundation.
A versão da obra dirigida por Luiz Sergio Person está em circuito de estreia, que começou em 26 de junho no Festival il Cinema Ritrovato, em Bolonha. Apresentando a restauração estavam a ex-esposa do cineasta, Regina Jeha, e a filha, Marina Person.
“O Walter Salles encaminhou uma cópia do São Paulo S/A para Martin Scorsese, e aparentemente ele gostou, já que depois recebemos o convite de restauração da Film Foundation (que tem Scorsese como fundador)”, conta Jeha.
Direção
Listado com um dos 100 melhores filmes nacionais pela Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), São Paulo, Sociedade Anônima representa a visão de Person sobre a metrópole brasileira dos anos 50 e 60, que passava por período de expansão industrial.
O filme segue Carlos (Walmor Chagas), jovem trabalhador da indústria automotiva, em suas relações sociais cotidianas. De acordo com Marina Person, o personagem principal, mostrado como um homem ressentido, representa uma figura que o diretor gostaria de se afastar.
“Carlos é Luiz Person se não tivesse se tornado cineasta”, argumenta.
A obra mostra a neurose do protagonista por meio da montagem — o tempo corre de forma não-linear. O papel de Walmor Chagas se envolve em diferentes encontros e desencontros amorosos, e divide a tela com as atrizes Darlene Glória, Ana Esmeralda e Eva Wilma.
A não-linearidade no filme é produzida de forma diferenciada, de forma que as sequências da narrativa acompanham o decorrer da história, e a curiosidade imediata do telespectador, que descobre aos poucos o que levou Carlos à loucura.

São Paulo S/A está disponível na Netflix, Amazon Prime e Globoplay
Por Artur Maldaner
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira