O diretor do documentário “Félix, o herói da Barra”, Edson Fogaça, defendeu, no Festival de Cinema de Brasília, que é necessária maior conscientização sobre situação dos quilombolas no Brasil. “Essa questão deve ser discutida e expandida”, disse. A narrativa do filme se desenrola a partir da história de Félix José Rodrigues, um escravo em Barra de Aroeira, Santa Tereza (TO), que recebeu liberdade para substituir um convocado para a Guerra do Paraguai.
Assista aqui a imagens dos agradecimentos do diretor Edson Fogaça, juntamente a equipe e moradora da Barra no Festival de Brasília:
Félix teria recebido das mãos de D. Pedro II direito a um pedaço de terra devido a sua atuação no conflito. “Vivemos em uma sociedade múltipla, logo, os heróis deveriam ser múltiplos”, afirmou a antropóloga Luciene Dias no documentário. Fogaça contou que foi ao local cinco vezes para produzir o documentário. “O fio condutor foi a vontade de ter conhecimento de uma comunidade no centro do país que possui negros vivendo de forma isolada”, explica.
A história inclui o dia a dia dessa comunidade simples do Tocantins, em que as pessoas lavam a roupa no rio e possuem na pele as marcas do tempo e do sol, cantam cantigas populares, moem cana de forma artesanal, e que, principalmente, ainda lutam por reconhecimento e espaço. O documentário “Félix, o héroi da Barra”, do diretor Edson Fogaça, traz à tona novamente a situação dos quilombolas que batalham por uma terra que teve documentos queimados em um incêndio, e que se torna cada vez menor com o domínio de fazendeiros.
A luta
Luciene Dias explica que as lutas pela terra além de acionar a memória, afirma a identidade de um povo. “Pela 1ª vez no Brasil é interessante dizer que é quilombola, que é preto da Barra”, explica. No documentário, moradores do local falam que o INCRA reconheceu o espaço, mas ainda não titularam a terra de 60 mil hectares. “Está cada vez mais precário, os fazendeiros vão tomando nossa terra”, diz morador da Barra. Personagens afirmam que apenas são lembrados em época eleitoral. “Não vamos desistir de lutar”.
“Ditadura nunca mais”
Ainda na sexta-feira (18), quando foi exibido o filme ““Félix, o herói da Barra”, chamou a atenção a reação do público em relação ao curta metragem “A Culpa é da Foto”, de Eraldo Peres da Silva. Ele apresentou entrevistas com fotojornalistas que protestaram em 1984 na rampa do Palácio do Planalto após proibição de registros fotográficos de alguns momentos durante o comando de Figueiredo. No fim do curta, o público exclamou palavras de ordem.
“Ditadura nunca mais”.
Em seguida, “O sal dos olhos”, de Letícia Bispo, aborda a questão da mudança da vida do jovem ao deixar coisas para trás ao seguir o caminho da vida e estudos. Rodolfo Godoi, 23 anos, faz parte do elenco, e conta que foi convidado a participar pela própria diretora, que é sua colega. “Acredito que o cinema está em um momento de franca expansão”, afirma.
Por fim, o curta “Escuro do Medo”, de João Gabriel Caffarelli, trouxe humor e suspense entre os espectadores. O filme aponta uma mistura entre o real e o imaginário do personagem Eduardo. Uma noite de insônia, com acontecimentos reais para um, e resultados inesperados.
Por Daniella Bazzi