Argentina, 2001. O país passa por uma crise econômica e social violenta e parte da população está desempregada. Fermín Perlassi (Ricardo Darín), que possuía uma grande fortuna, perdeu tudo, pois acreditou que seu dinheiro estaria a salvo no banco. Porém, ele não esperava que isso fosse parte de um plano de Fortunato Manzi (Andrés Parra), um advogado renomado, que enganou muitas pessoas com golpes financeiros. Agora, Perlassi e seus amigos, incluindo também o filho Rodrigo Perlassi (Chino Darín, que pela primeira vez atua com o pai na vida real), elaboram um plano para recuperar o dinheiro. O filme “A odisseia dos tontos” (La odissea de los griles), de Sebastián Borensztein, estreia nesta quinta-feira (31) nos cinemas de Brasília.
O filme é dividido em dois atos e mantém atenção do espectador do começo ao fim. Destaques para o roteiro amarrado e as atuações. Primeiramente, vemos um homem em dilemas existenciais profundos. O pano de fundo é a crise moral e financeira que abala a Argentina. A narrativa é conduzida pela voz do protagonista, que descreve curiosamente mais os aspectos emocionais dos envolvidos do que o baque financeiro deles.
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Depois, no segundo ato, vemos um homem mais disposto a fazer de tudo para consertar o passado. A linguagem técnica utilizada (planos mais fechados e mais próximos dos rostos) transmite aquilo que a história quer passar: a sensação de perda e desespero. Há algumas repetições no segundo ato para alimentar como o grupo se adapta às necessidades de vingar o golpe. São momentos que deixam os cinéfilos apreensivos e ansiosos.
Há uma lacuna no roteiro quando tentar aprofundar relações entre os personagens, como a de Rodrigo, filho de Perlassi, e Florencia (Ailín Zaninovich), e de querer estabelecer certas funções para cada membro da operação, por exemplo, os irmãos Gómez (Ale Gigena e Guillermo Jacubowicz) são o alívio cômico da história, mas suas piadas servem mais para satirizar coisas da época, e infelizmente não funcionam.
A direção de Sebastían Borensztein tem recebido atenção especial com outros trabalhos que envolveram drama e suspense, como visto em “Kóblic” (2016) e “Sin memoria’’ (Sem memória), de 2010.
Por Felipe Tusco Dantas *
Trailer e imagens: Divulgação
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira
*A convite da Espaço/Z