A energia é negativa. Na escuridão de um quarto apertado nos fundos de um pub, o espectador é convidado para botar os pés na “toca do coelho” e sentir um pouco do “submundo”. Dentro da sala, três figuras pintadas de preto com maquiagens em neon se tornam os seus novos companheiros. Discussões entre eles, perturbações e interjeições. Até que você se torna vítima dos sentimentos das três figuras surreais ali presentes. Agora, você é do submundo até que seja expulso dele. Essa é a performance do grupo 1/quarto para introduzir um pouco do que vai ser a peça “Qualquer caminho serve”, uma releitura do clássico Alice no País das Maravilhas, de Charles Lutwidge Dodgson (cujo pseudônimo é Lewis Carroll). O espetáculo é independente e participa de editais para se viabilizar e entrar em cartaz.
“O ‘Qualquer caminho serve’ representa Brasília artisticamente”, explica Amanda Greco, atriz que compõe o grupo 1/quarto e que faz a protagonista da peça, Alissa. O grupo ainda conta com os atores Rodrigo Mendes Lemos e Douglas Menezes. Juntos, os artistas escreveram a releitura que se dá num contexto de “motoclub”, em Brasília, com os personagens Agulha (Rodrigo Mendes), Bigode (Douglas Menezes) e Alissa, que são referências aos personagens Chapeleiro Louco e Coelho de Março da obra original.
O roteiro é dividido em dois, no primeiro momento, acontece em um ambiente “mundano”, onde os motociclistas se relacionam no moto clube que a personagem Alissa é presidente. Lá, devido à brigas e confusões, ela acaba sofrendo um acidente de moto e caindo na “toca”. É nesse momento que começa a segunda parte da peça, no submundo. É lá que Alissa vai enfrentar suas angústias e defeitos. “A nossa releitura mostra que a Alissa no mundo real é um ser humano como outro qualquer que sofre um acidente e cai da moto. Aí ela entra no mundo da maravilha, o submundo. Lá ela descobre a sua vida, sua verdade”, explica Douglas.
Esse cenário sombrio de diário da segunda parte da peça foi inspiração para o fotógrafo Hugo Barreto realizar um ensaio fotográfico de vários retratos que montam um recorte do que é o submundo. “O ensaio foi uma imersão, uma vivência do que a gente viveu pensando no submundo”, explica.
“Foi uma experimentação de cores, de sensações. Foi um ensaio bem orgânico e flúido”, comenta. Para ele, o ensaio se seguiu sem um objetivo fechado. A ideia era experimentar e tirar fotos a partir da sensação do que foi sentido no momento da execução das fotos. “Não foi um ensaio programado. A gente pensava no que ia experimentar e testava. No final, deu muito certo”, comemora.
Confira algumas das fotos da exposição de Hugo Barreto: