Luz, enquadramento, foco… Para contar as histórias dos outros, repórteres-fotográficos flagram e captam os instante. Ao registrar os momentos, revelam também detalhes de si mesmos, dos próprios olhares e inspirações. As imagens que ficam para si mesmos nem sempre são fotogramas, mas compõem memórias que também se eternizam. Os bastidores e amor de família, “imagens” fundamentais de sua vida, ajudam a revelar a trajetória de Roberto Stuckert Filho, de 53 anos (mais de 30 anos de carreira), integrante de uma família que ficou célebre na arte.
Filho de Roberto (fotógrafo de João Figueiredo) e irmão de Ricardo (que registrou Lula), Roberto Filho, depois de mais duas décadas em redação e com prêmios de jornalismo, viu-se no desafio de acompanhar a rotina da ex-presidenta Dilma Rousseff. Como ele diz, uma experiência “única” que envolve disponibilidade, profissionalismo e confiança.
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“Tiveram situações que só estávamos eu, a presidente e o chefe de segurança do governo. Em outros, somente eu e a presidente”. Na vida do Planalto, não é possível revelar todos os bastidores. “Há informações que morrerão comigo, porque nunca vou poder falar sobre, devido a esta posição privilegiada que eu estava”.
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“Estava no sangue”
A vontade de exercer a profissão veio desde pequeno, quando começou a ganhar gosto em acompanhar o pai nas coberturas presenciais, segurando a bolsa com os equipamentos. Roberto Filho emociona-se ao relembrar a origem de tudo por meio de uma frase do pai. “Se quiser ser fotógrafo vai ter que primeiro carregar minha bolsa, para saberem o peso que eu carrego aqui pra sustentar vocês”.
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O repórter-fotográfico foi convidada da Semana de Comunicação do CEUB (confira aqui programação), nesta segunda-feira (24), em conversa mediada pelo professor de fotojornalismo Alan Marques.
Confira abaixo a conversa na íntegra
Com a inspiração, a veia de fotógrafo pulsava em Roberto, e acredita dizendo no encontro que “Não tinha jeito, tava no sangue”.
Roberto Stuckert Filho teve carreira de 20 anos no Jornal O Globo. Ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo em 2007 pelas fotos que continham mensagens trocadas entre os ministros Ricardo Lewandowski e Cármen Lúcia durante o primeiro dia de julgamento do mensalão. A reportagem teve o título: “Ministros do STF combinam e antecipam voto por e-mail”.
Depois de consolidada a carreira na redação, Roberto recebeu com “orgulho” o convite para ser fotógrafo oficial de Dilma Rousseff . Apesar das próprias conquistas, a profissão carrega nele raízes muito mais profundas do que se possa imaginar. O bisavô também era fotojornalista.
Por isso, Stuckert Filho comenta que a atividade é de grande sacrifício. “Tem que ralar muito, agir por impulso, estudar fotojornalismo, gostar do que faz, estar disposto a sofrer riscos e também a abrir mão de, por exemplo, redes sociais e entrevistas, se você estiver na assessoria de um governo”, afirma.
“Quando se faz fotojornalismo nos jornais é preciso viver o acontecimento para que a foto tenha sua carga de credibilidade. É preciso se arriscar para obter uma boa foto e se atentar aos detalhes, que podem render notícias”, recomenda.
Para aqueles que sonham seguir a mesma adrenalina de Roberto Stuckert Filho, o repórter sugere aos inciantes que devem se apresentar juntamente com o seu trabalho nos jornais, e a solicitarem a participar do dia a dia de um fotojornalista daquela empresa.
“O fotojornalismo se aprende fotografando, mas, principalmente tendo contato com alguém que está no cargo há mais tempo”, afirma.
Por Paloma Castro
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira