Em comemoração às seis décadas da fundação da Associação Recreativa Unidos do Cruzeiro (Aruc), o livro “Almanaque de Diamante” resgata a tradição da agremiação. A história vai além do samba. O livro, inclusive, foi distribuído em oito escolas do Cruzeiro e entre membros da associação.

Com o apoio da Deputada Federal Erika Kokay e do Ministério do Turismo, o almanaque reúne diversos documentos que contam a história da Unidos do Cruzeiro de 1961 até os dias atuais.
Acervo
O atual presidente da Aruc, Rafael Fernandes de Souza, é nascido e criado no Cruzeiro Novo. Ele teve seu primeiro contato com a escola assistindo seus desfiles da arquibancada quando mais jovem.
Somente quando estava se formando em história pela Universidade de Brasília (UnB) que realmente se aproximou da associação.
“Fui fazer uma pesquisa sobre a história do Cruzeiro e fiquei sabendo que a Aruc possuía um acervo sobre a história local. Foi aí que comecei a ir até a escola para pesquisar”.
Foi a tradição que levou Souza para Aruc. “Em 2007, fiz um livro sobre a escola chamado Voa Gavião. Minha ideia era ser em homenagem aos 50 anos, mas foi lançado 4 anos antes. Nessa época, nós estávamos tendo problemas em relação ao terreno. Então, resolvemos fazer o lançamento antes como uma forma de divulgar a importância da Aruc”.
Falta de apoio
O presidente da agremiação aponta que, de 2015 a 2022, a escola de samba não realizou desfiles competitivos em razão da falta de recursos vindos do governo.
“Sem o apoio do GDF, fica inviável”. Em 2023, a Unidos do Cruzeiro tinha planos para que houvesse desfile em abril, mas sua realização não foi possível.
“Por motivo de questões burocráticas do Tribunal de Contas, foi suspenso e ficou para Junho; o que acabou sendo muito ruim. Como era época de São João tivemos pouco público”.
A expectativa é que, no ano que vem, a Aruc possa realizar um desfile em Abril em comemoração ao aniversário de Brasília.
Símbolo da cidade
Fundada em 21 de outubro de 1961, a Associação Recreativa Unidos do Cruzeiro completa 62 anos e é considerada símbolo de Brasília.
Registrada como Patrimônio Cultural Imaterial do Distrito Federal, a escola é reconhecida não somente pelo carnaval, mas também por suas diversas modalidades esportivas.
Nos fundos de uma casa no antigo Bairro do Gavião (hoje conhecido como Região Administrativa do Cruzeiro), um grupo de moradores deu origem a Aruc.
A região foi criada em 1958 com o intuito de receber servidores públicos transferidos do Rio de Janeiro.

foto: Acervo Aruc
Em 18 de janeiro de 1962, Natal da Portela, presidente da escola de samba carioca, vem a Brasília para oficializar as cores azul e branco e atribuir a Unidos do Cruzeiro o título de afilhada da Portela.
Na década de 1970, a Aruc passou a ocupar a antiga sede do Clube Social do Cruzeiro. Agora com seu próprio espaço, criou-se em 1974 o departamento de esportes.
A partir do departamento foram organizados campeonatos e montadas diversas equipes esportivas que já conquistaram muitas vitórias.
Campeã
Apesar do terreno da sede ter sido ocupado em 1974 com conhecimento do GDF, apenas em 1983 que se regularizou de fato, com contrato de duração de 10 anos.
Quando venceu em 1993, a escola passou por um longo período de 20 anos até que fosse feita uma nova regularização, o que gerou grandes prejuízos para a Unidos do Cruzeiro, já que nesse meio tempo não era possível conseguir novas parcerias.
foto: Chagas Boró/Divulgação
Espírito de comunidade
Apesar de ficarem oito anos sem desfilar, a Aruc conseguiu achar uma forma de manter a tradição viva.
Nos anos de 2018, 2019 e 2020 foram realizados desfiles pelas ruas do Cruzeiro, reunindo toda a comunidade do bairro.
Por causa da pandemia do covid-19, em 2021, o desfile em comemoração aos 60 anos foi realizado em outubro, assim como em 2022.
Os times de handebol e futsal ainda são mantidos e com competitividade. A equipe de futsal masculino, por exemplo, foi campeã do Distrito Federal em 2019 e a equipe de handebol feminino master foi campeã mundial na Croácia em 2021.
Por Fernanda Ghazali
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira