Para aqueles que estiverem por São Paulo, até este domingo (17/11) o Museu de São Paulo (MASP) estará com as exposições “Histórias Feministas: Artistas até 1900” e “Artistas Feministas: Artistas depois de 2000”. A primeira traz um resgate histórico sobre artistas plásticas femininas até o ano de 1900. Pela época das produções das obras, grande parte das pinturas não tem preocupação em trazer mensagens ou transparecer emoções humanas, mas em uma maior verossimilhança à realidade possível, com as típicas imagens de retratos. Já outras, também pela época em que foram escritas, trazem um pouco mais de expressividade à suas obras.
Cada obra traz uma legenda com o nome do trabalho, da artista e uma breve história de sua vida. São histórias de mulheres que se impuseram contra uma sociedade onde a arte era considerada predominantemente masculina, cada uma dando seu jeito de continuar a fazer se expressarem por sua arte. Além de pinturas, também foram expostas mandalas e bordados, cada um de uma origem diferente.
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Já a segunda exposição apresenta obras das mais variadas formas, todas em formatos de denúncia com certo cunho político. Nas primeiras obras expostas, uma faz uma crítica à Ofélia, personagem da famosa obra Shakespeariana Hamlet. A protagonista é a típica personagem submissa vista como “histérica” que ao final consideram que morre de amor. A outra obra mostra um letreiro em cores neon rosa a típica frase de gringos, associando a figura da mulher a um pedaço de carne na qual tendem a ser vistas como atraentes, acessíveis e boas de cama.
A entrada, localizada no 1º subsolo, são correntes de cores lilás, cor que pode ser interpretada como um meio termo entre o feminino (rosa) e o masculino (azul). O debate de gênero, especialmente por pessoas transsexuais e não binárias, é fortemente mostrado.
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Uma instalação de Brasília representa, na exposição, a luta LGBT+ por seu reconhecimento com a manifestação da rapper transsexual Rosa Luz. A manifestação mostrava a parte um da Performance “Afrontando Ideias” na qual a artista vai à rodoviária do Plano Piloto, tira a camisa e fica parada esperando para ver as reações das pessoas. A ideia é semelhante à da artista Iugoslávia-sérvia Marina Abramović (70) na qual ela permaneceu estática por 6 horas e permitiu que as pessoas fizessem o que quisessem sem reagir. Ela foi machucada, sua roupa foi retirada e outras violências lhe foram feitas. Ao contrário da Iugoslávia, Rosa não ficou passiva à toques físicos feitos por estranhos, mas isso não a impediu de ser verbalmente agredida e ouvir todas as formas de conservadorismo. O vídeo está disponível no link:
Temas como padrão de beleza, objetificação da figura feminina, diferenças entre mulheres de distintas classes sociais, homenagens a figuras femininas históricas estão presentes, cada uma de um lugar diferente com seu charme a seu modo.
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Foto: Gabriela Gallo
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Serviço:
“Histórias Feministas: Artistas até 1900” está localizada no 1º andar do MASP e “Histórias Feministas: Artistas depois de 2000” é no 1º subsolo local. A entrada é R$ 40 (inteira) e a classificação indicativa livre.
Por Gabriella Gallo, de São Paulo
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira