A vida e obra do poeta consagrado Cassiano Nunes, autor que é homenageado com o nome do troféu da Feira Internacional do Livro, foi abordada no filme “Viva Cassiano” (2004), de Bernardo Bernardes. Cassiano Nunes morreu em outubro de 2007. Ele nasceu no bairro de Vila Mathias, em Santos, e logo cedo para o exterior para desbravar o mundo da literatura. Depois de passar pelas universidades de São Paulo, Miami, Ohio e Heidelberg – onde se especializou em Letras Anglo-Germânicas, Literatura Norte-Americana e Alemã – Cassiano instalou-se em Brasília, cidade recém-inaugurada na época, em 1966, a pedido do amigo Carlos Drummond de Andrade. Com isso, passou a lecionar na Universidade de Brasília até 1991, tendo recebido o título de Dr. Honoris Causa, em 2002. Seus amigos da capital o classificavam como o boêmio que não bebia. Para encontrá-lo, as pessoas certamente lhe diriam para ir ao Beirute, na 107 norte, pois era seu local preferido, além da W3 Sul também. Alguns de seus livros, inclusive, tratam Brasília como tema principal, e outros trazem apenas pequenas referências.
Confira, abaixo a entrevista com o diretor do documentário, Bernardo Bernardes:
O que era o movimento pesquisista? Por que as pessoas associavam Cassiano Nunes a esta palavra?
Ele tinha muita curiosidade pelas coisas, e tinha interesse pelos outros também. Ele gostava de aprender tudo que tinha de bom, uma vontade de saber, uma alma livre.
Como foi essa vinda de Cassiano para Brasília?
Ele tinha acabado de voltar dos EUA, após trabalhar por um tempo como professor visitante numa universidade de Nova Iorque, e quando chegou ao Brasil, voltou para a casa dos pais e encontrou seu amigo, Carlos Drummond de Andrade. Daí, o Cassiano perguntou a ele qual era a novidade do Brasil, o que tinha de interessante para se fazer aqui, e o Drummond comentou sobre Brasília. E ele veio sem nem pensar. Foi uma atitude muito súbita, uma atitude nada comum de se ver, e o bom foi ver como ele contribuiu pro desenvolvimento da cidade, pois ele conseguiu reunir as melhores cabeças, as melhores mentes, com as maiores personalidades educacionais para investir na educação em Brasília.
Existe outro nome na literatura brasileira contemporânea que seja comparável ao de Cassiano Nunes?
Não. O Cassiano foi muito conhecido por ser totalmente único. Ele tinha um jeito muito simpático, alegre, tranquilo, generoso e receptivo de ser. Não existe comparação mesmo, nem de jeito quanto de estilo.
ESPAÇO CASSIANO NUNES:
O espaço Cassiano Nunes foi criado em 2008, e abriga uma enorme coleção de livros, parte deles doados por Cassiano. No total, são cerca de 14.000 volumes de obras editadas, reeditadas e autografadas por escritores brasileiros. Encontra-se na biblioteca da Universidade de Brasília, e é inteiramente aberta para o público externo.
‘’A obra de Cassiano é como vinho: quanto mais velho, melhor’’
– Carvalho, Vladimir; diretor de filmes e documentários, e um grande amigo do poeta.
Por Felipe Tusco
Sob supervisão de Luiz Cláudio Ferreira
Imagem: Divulgação