Mistura inusitada de terror e comédia, “O Macaco” chega aos cinemas do DF

COMPARTILHE ESSA MATÉRIA

Dirigido por Osgood Perkins, cineasta novato responsável por “Long Legs”, “O Macaco” é
uma adaptação inovadora do conto de mesmo nome, escrito pelo gigante Stephen King,
que também colaborou com o roteiro do longa-metragem.

A trama acompanha os gêmeos Bill e Hal (Theo James), que encontram um boneco de
macaco com aparência perturbadora.

É a partir desse momento que os irmãos começam a ser perseguidos por tragédias inexplicáveis, causadas pelo macaco de brinquedo ao rufar seus tambores.

Assista ao trailer abaixo:


O diferencial do longa em relação às demais obras de bonecos assassinos é a sua
abordagem humorística.

O diretor tenta explorar a comédia através do absurdismo da trama e da filmagem. Essa abordagem inovadora foi a razão para o filme ter grande repercussão antes de seu lançamento, e ser altamente disputado no leilão de distribuição em Cannes Market, em Maio de 2024.

Material original

Em sua forma original, “O Macaco” é apenas mais um dos inúmeros contos de terror do
autor Stephen King.

Publicada na coletânea “Tripulação de esqueletos”, a história segue o mesmo protagonista do filme, Hal, que encontra o macaco em sua vida adulta e relembra toda a desgraça que o brinquedo causou na sua infância.

Diferente da versão cinematográfica, a obra literária possui uma abordagem mais macabra,
se leva mais a sério e tenta explorar os traumas infantis do protagonista Hal.

Porém o tema central ainda é o mesmo, o boneco do macaco é tratado como um simbolismo para a
tragédia, ele é uma força que não pode ser contida.

Dando corda

O longa-metragem começa acompanhando a infância do protagonista com seu irmão, que
são criados por uma mãe carismática e com humor ácido – a personagem interpretada por
Tatiana Maslany é a figura que define a abordagem de direção do filme.

A ideia central é que a vida cobra, acidentes bizarros acontecem, e não há nada que pode ser feito.

Em alguns momentos a obra até se torna autoconsciente, fazendo piadas fora da percepção
de seus próprios personagens.

Parece que o objetivo de Perkins era tentar escancarar o absurdismo do medo e da morte, como o personagem de Bill diz ao longo do filme – “Você sabia que 27% dos falantes de língua inglesa exclamam “holy shit!” antes de morrer ?”.

A lição que os dois irmãos aprendem com sua mãe sobre a inevitabilidade da morte, define
a cosmologia distinta dos personagens.

O protagonista Hal sempre se vê como como causa das tragédias, o que o afasta de sua própria família. Enquanto seu irmão Bill entra em delírio, e vive diariamente obcecado pelo macaco, depois de ter encarado a verdadeira faceta da vida e enlouquecido.

Rufem os tambores

Um dos pontos mais explorados durante a trama são relações familiares, principalmente
entre famílias permeadas de trauma.

O protagonista Hal se afasta de seu filho Petey, com medo que as tragédias que assolaram sua infância alcancem seu filho. Por outro lado, Petey tenta se conectar com o pai a qualquer custo, mas paga o custo de se envolver com o seu passado familiar.

Os momentos mais sérios de interação entre pai e filho muitas vezes quebram o ritmo do
filme, tentam introduzir tramas de abandono, insegurança e amor.

Entretanto, a seriedade dura pouco. Cada vez que o clima da cena muda, e os personagens demonstram emoção, o macaco ataca novamente, e a tela é ocupada por outra morte bizarra.

Aspectos técnicos

A filmagem de Perkins é clássica de filmes modernos de terror, o diretor sabe como
construir tensão, e é bem interessante como o susto se mistura com a punchline.

O ator Theo James está bem caracterizado em seus dois personagens distintos, assim como sua
contraparte do passado Christian Convery, ambos interpretam os dois irmãos gêmeos, no
passado e no presente.

A obra cumpre bem a sua promessa de não se levar à sério, é ousada e inusitada, e o
humor apesar de ser mórbido é de bom gosto. Entretanto, os personagens tendem a ser
repetitivos e a trama é inconsistente. No geral é um filme descontraído e divertido, que
também entrega boas cenas de terror.

Ficha técnica

Título Original: The Monkey
Direção: Osgood Perkins
Roteiro: Osgood Perkins e Stephen King
Elenco: Theo James, Tatiana Maslany e Christian Convery
Gênero: Terror
Duração: 98 minutos

Por Artur Maldaner (repórter assistiu à pré-estreia a convite da Espaço/Z)

Supervisão de Luiz Claudio Ferreira

Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição-SemDerivações 4.0 Internacional.

Você tem o direito de:
Compartilhar — copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato para qualquer fim, mesmo que comercial.

Atribuição — Você deve dar o crédito apropriado, prover um link para a licença e indicar se mudanças foram feitas. Você deve fazê-lo em qualquer circunstância razoável, mas de nenhuma maneira que sugira que o licenciante apoia você ou o seu uso.

SemDerivações — Se você remixar, transformar ou criar a partir do material, você não pode distribuir o material modificado.

A Agência de Notícias é um projeto de extensão do curso de Jornalismo com atuação diária de estudantes no desenvolvimento de textos, fotografias, áudio e vídeos com a supervisão de professores dos cursos de comunicação

plugins premium WordPress