Negociar, pechinchar, ir até o limite para ter uma peça incomum ou mesmo diferente. Essa é a dica de Elinei Faulstich de 75 anos, um dos diretores do setor de acervo da Associação Filatélica e Numismática de Brasília.
“É fundamental saber avaliar corretamente o valor de cada peça porque na internet você acha de tudo, preços absurdos que não refletem necessariamente o valor real de um item”.
Fundada em 21 de abril de 1995, a Associação Filatélica e Numismática de Brasília (AFNB) tem como objetivo agregar e integrar colecionadores, de todos os tipos de coleção.
Em novembro, em evento organizado na sede, 54 expositores participaram. O organizador do evento e vice-presidente da AFNBE Gilberto Cavalini de 38 anos, está à frente da organização de Brasília e constantemente frequenta eventos em São Paulo, Goiânia, João Pessoa e Curitiba.
“A gente vai nesses eventos, vê o que tem de bom, vemos o que pode melhorar e trazemos para cá como um aprendizado, pois o objetivo é tentar melhorar cada dia mais”.
Com 75 anos, Elinei Faulstich é uma presença constante no Encontro Nacional de Comerciantes. É um dos diretores do setor de acervo e editor do boletim da associação filatélica e numismática de Brasília.
Ele explica que o estado de conservação é um fator determinante no valor de uma peça e a importância de consultar catálogos especializados para entender melhor os critérios de avaliação. Uma cédula não dobrada, não amassada e em perfeito estado é chamada de “flor de estampa”.
Da mesma forma, uma moeda em estado impecável é chamada de “flor de cunho”. Cada peça tem seu estado de conservação específico, o que influencia diretamente o seu valor.
Diversão
Nascido na cidade de Avaré, no interior de São Paulo, Oswaldo Rodrigues, de 64 anos, é psicólogo de profissão e diretor da Sociedade Numismática Brasileira, que tem sede em São Paulo,
Ele lamenta que existam relações entre o colecionismo e eventuais sintomas de problemas psicológicos. “Não existem evidências científicas de que isso seja verdadeiro, embora sempre surja como uma hipótese teórica possível. Não existem comprovações de que a gente tenha problemas psicológicos porque a gente coleciona, ou vice-versa”, diz o psicólogo.
A paixão por colecionar começa como uma diversão de criança, segundo explica. “As pessoas que colecionam também já brincavam de colecionar desde quando eram crianças”.
Impulsos
Segundo o psicólogo, muitas crianças naturalmente têm o impulso de juntar coisas semelhantes como parte do processo de aprendizagem.
No entanto, algumas dessas crianças, ao se tornarem adultas, desenvolvem um colecionismo metodológico, uma forma saudável de expressão através da guarda de objetos.
O colecionismo pode se manifestar de diferentes maneiras, como a guarda de moedas, cédulas, medalhas ou outros itens semelhantes. Essas peças se tornam símbolos de memórias e experiências emocionais para essas pessoas.
O ato de colecionar proporciona uma sensação de satisfação e prazer, além de permitir que elas se conectem com seu passado e suas histórias pessoais.
“O colecionismo é uma forma de expressão e um meio de preservar a história e a cultura. É uma maneira de criar um vínculo com objetos que possuem significado pessoal”.
Moedas
Fernando Ganim, de 35 anos, é advogado de formação, começou a colecionar desde os 10 anos de idade e já está ensinando seus filhos a gostarem do colecionismo.
Ele traz a história e a cultura de uma maneira divertida e simples com um canal com 600 vídeos no YouTube sobre o assunto.
Fernando coleciona moedas antigas e faz parte do programa Vivendo a História, como um incentivo à numismática, a ciência que estuda o dinheiro, cédulas e moedas.
“Acho que colecionar vai além de um hobby, é um despertar”.
Em 2016, a Casa da Moeda lançou as moedas das Olimpíadas que possuíam desenhos dos esportes, da tocha olímpica, da bandeira, dos mascotes, e são moedas que no valor de face valem um real, mas quando estão em estado de conservação flor de cunho, o valor é de R$ 360. “Tem muita gente que tem um bom dinheiro no bolso e nem sabe”, diz o colecionador.
Alto valor
Givas Gomes, de 56 anos, é conhecido como o “Rei das Amarelas”, o colecionador teve sorte e até o momento possui moedas raras que são únicas no Brasil. Uma com o valor de R$ 50 mil, e uma outra que custa R$ 30 mil.
Ele começou a colecionar há apenas 4 anos, mas por meio de muita busca de conhecimento conseguiu chegar onde está hoje.
Com um dia a dia movimentado, a cada fim de semana é um lugar diferente do Brasil, Givas apresenta o trabalho, compra e vende nas exposições e quando começa a semana, volta para casa.
Para ele, a parte mais gratificante é o contato com as pessoas e a experiência adquirida a cada evento. “ É muito gostoso, tenho a oportunidade de conhecer várias pessoas, vários comerciantes, expositores e colecionadores de todo lugar, é um ramo muito bom, isso significa uma grande terapia ocupacional para mim”.
Por Ayumi Watanabe (texto e fotos)
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira