“O fantástico patinho feio”: conheça a história do documentário vencedor da Mostra Brasília

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“O Fantástico Patinho Feio”, de Denilson Félix, foi o ganhador de melhor longa metragem da Mostra Brasília do Festival de Brasília de Cinema Brasileiro

A atração pela velocidade e pelo automobilismo, de uma forma inusitada, move o sonho dos protagonistas do documentário “O Fantástico Patinho Feio”, do diretor Denilson Félix, filme vencedor da Mostra Brasília do Festival de Cinema deste ano. Na história. quatro jovens, nos anos 1960, beirando a vida adulta decidiram virar a capital de cabeça para baixo e correr… ou melhor, pilotar atrás do sonho. O filme traz a trajetória dos mecânicos e pilotos Alex Dias Ribeiro, João Luiz Fonseca e seus amigos que construíram o carro de corrida “patinho feio” e, posteriormente, montaram a Oficina Camber. Com a carcaça de um fusca, chegaram ao segundo lugar na corrida chamada “Os 500 km de Brasília”, que acontecia em 1960.

O nome diz tudo. O “patinho feio” era o carro de corrida mais feio na clássica competição dos anos 60. Construído no quintal pelos jovens, o carro era fruto de um fusca acidentado diagnosticado com “perda total”. A carcaça do antigo automóvel foi se tornar o carro que largou em último e chegou em segundo lugar deixando todos de queixos caídos. “Brasília era totalmente possuída pelos jovens. Nós pegávamos os carros dos pais e íamos pra rua”, comenta Alex Ribeiro, no filme.

O documentário mostra a memória dos protagonistas das aventuras da época. Todo o conhecimento e amor por mecânica e automobilismo foi aperfeiçoado a partir da curiosidade e da força de vontade. Eles contam no filme que, nas horas livres, montavam e desmontavam partes dos carros nos quintais das casas dos familiares. “Aquilo era o ápice da irresponsabilidade de um engenheiro”, brinca um dos membros da equipe, em trecho do filme.

A insistência dos jovens não foi em vão. Além de montarem a oficina, fizeram história. A expectativa era de que o carro nem fosse capaz de completar as primeiras voltas. Não foi isso que aconteceu. Como é contado no filme, na primeira volta, foram 10 ultrapassados; na segunda, outros 10. A lamentação é de que o “Patinho Feio” só não foi ganhador devido à uma lâmpada traseira que queimou. Eles não tinham nenhuma lâmpada reserva no “box”. A corrida foi atrás de um Fusca que pudesse ceder a lâmpada para o carro terminar a corrida de seis hora de duração. Funcionou, mas o primeiro lugar já estava na mão do corredor paulista que pilotava um Alpha Romeo. A colocação não os impediu de ganhar o mundo. Mais tarde, Nelson Piquet foi cruzar as linhas de chegadas pilotando o “Patinho Feio”.

O diretor lembra que sua ideia de fazer esse filme surgiu ao acaso, em uma festa de comemoração de 30 anos do “Patinho Feio”. Quando ele escutou a história dos criadores do automóvel, percebeu que não poderia deixar de fazer o filme, por mais que ele contasse a realidade de um recorte da classe média de Brasília, era uma “baita história” que precisava ser contada em forma de filme. “Essa história fazia muito sentido na época em que pensei. Fiz um filme de burguês”, confessa em forma de autocrítica.

Denilson Félix também demonstra uma forma de decepção com a sociedade atual no que diz “atitude de ir, pegar e fazer, com as próprias mãos”. “Não vejo ação na sociedade, eu vejo a retórica”, explica. Quanto a lei do silêncio e a “chatice” da capital, o diretor acredita que o aumento da população, da quantidade de carros e o crescimento da cidade enquanto metrópole exige que leis sejam implementadas para manter a harmonia. “Tem mais gente, menos paciência, mais chatice”, comenta.

“Antigamente era uma terra de oportunidades e de sonhos”, lembra Alex Ribeiro durante o debate após o filme.

Um dos pilotos do “Patinho Feio” explica que agora a cidade está mais complexa, com excesso de automóveis e de pessoas. Para ele, isso impossibilita que os hábitos de hoje sejam iguais o de sua época.

Por Bruno Santa Rita

*Sob supervisão de Luiz Claudio Ferreira

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