Você abre a geladeira e a surpresa… as prateleiras repletas de livros. A ideia é do produtor cultural e videoartista Lucas Rafael, baiano de 31 anos, que instala o eletrodoméstico grafitado por amigos em espaços públicos no bairro do Guará II (região administrativa do Distrito Federal), onde as pessoas podem pegar livros gratuitamente. A intervenção artística estimula também doação de obras. Até agora, existem três geladeiras expostas (e, claro, desligadas) para o projeto que tem um nome inusitado: “Refresque Ideias – Geladeira do livro”.
Lucas Rafael diz que os livros infantis dominam as geladeiras. “Com pauta na educação popular e na valorização da cultura negra brasileira”. Ele acrescentou que as comunidades nos locais de instalação criaram afeto pelo projeto. “Inclusive, um senhor todas as manhãs varre os arredores da geladeira”.
No meio do ano passado, duas geladeiras na QE 17 e QE 32 no Guará foram depredadas. Nas ocasiões, os livros foram jogados no chão e as portas arrancadas. Com recursos do Fundo de Apoio à Cultura, que disponibilizará as geladeiras o produtor cultural espera levar o projeto para mais sete cidades: Areal, Ceilândia, Planaltina, Samambaia, Estrutural, Taguatinga e Sobradinho.
Outro apoio vem do Bazar das meninas, sarau organizado por Fernanda Morgani, esposa de Lucas, evento em que visa a troca, o escambo e o consumo sustentável, acontece na praça da QE 17, onde há uma instalação de geladeira. O morador do Guará ainda falou sobre a devolução dos livros. “O projeto nesse sentido tem uma visão bem libertária, você pode pegar o livro e não devolver mais, porque às vezes a pessoa pega aquele livro, e muda a vida dela”.
Ouça entrevista abaixo:
Por Pedro Paulo Marra
