Rapper brasiliense LyNDoN lança “O Rap Tá na Rua!” e mostra exalta as raízes pretas e periféricas do hip-hop

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O rapper brasiliense LyNDoN lançou o single “O Rap Tá na Rua”, em parceria com a mineira Clara Lima e produção da beatmaker Sartør. O projeto audiovisual chega no YouTube. Gravado em São Paulo, o clipe propõe uma reflexão sobre as origens, o pertencimento e o papel questionador do rap dentro da cultura hip-hop.

Clara Lima e Lyndon, cantores de o Rap Tá na Rua. Foto por: Mateus Eikos.

O rapper LyNDoN explica que a música nasce de uma necessidade: reafirmar verdades que, para quem vive a cultura, deveriam ser óbvias, mas acabam perdidas em meio ao crescimento comercial do gênero. “O objetivo desse som é reafirmar algumas coisas. Uma delas é que o rap é preto. O hip-hop é uma cultura preta, criada pelo povo preto, e isso não é opinião, é fato”, afirma.

Rap de rua, pertencimento e responsabilidade cultural

Com um boombap clássico, LyNDoN costura um discurso direto sobre como o rap se mantém vivo graças às bases da cena: a rua, os artistas independentes e as comunidades periféricas que moldaram o gênero desde o início.

Para ele, mesmo com o rap em festivais e playlists é essencial lembrar sua origem. “Eu sei que tá na moda. E tá tudo certo ser assim. Mas é preciso lembrar que essa cultura tem um lugar de pertencimento. Muita gente chega agora sem saber de onde isso veio, e meu papel é reforçar essa parada”.

Além da crítica, o artista também destaca temas estruturais como racismo e machismo, ainda presentes no movimento, e faz questão de exaltar a crescente força das mulheres no rap como Duquesa, Luana e Julia Costa.

Uma escolha natural e simbólica

A escolha de Clara Lima para o feat veio de forma instantânea. LyNDoN conta que já havia citado a artista mineira em VIP FREESTYLE e vê ela como uma referência importante dentro do rap nacional.“A Clara veio lá de trás, das batalhas, lá de 2014, 2015. Ela é um símbolo importantíssimo. Quando fiz o som, pensei nela na hora”.

Clara entrega um verso que, segundo LyNDoN, carrega críticas desabafos pessoais como manda a tradição do rap. “Ela traz uma crítica mesmo, que faz parte da cultura. Ela deixa umas linhas com endereço, e isso é normal. É rap”.

Do bloco de notas ao estúdio

A faixa começou quando LyNDoN buscava um boombap para fortalecer o repertório ao vivo. Sartør enviou alguns instrumentais e o rapper encaixou de imediato o refrão que viria a ser a espinha dorsal da música. Com a guia pronta, enviou para Clara, que respondeu com um verso finalizado.

Independência e os desafios de tirar o som da gaveta

Para Lyndon o maior obstáculo de quem faz rap de forma independente é o baixo investimento. “Criatividade, vontade, disposição a gente tem. Mas tudo envolve dinheiro, que sai do meu bolso”.

Com produtor, beatmaker, engenheiro de mix, filmmaker e equipe de pós-produção envolvidos, o artista destaca que o desafio é grande, mas que este lançamento fluiu de forma especialmente positiva. “Eu ainda não consigo ver erros. Sinto que acertamos em tudo”.

Clipe gravado em São Paulo

O videoclipe é dirigido por LP, fotógrafo e videomaker do DF que fortalece a estética underground e coloca a rua como protagonista. Gravado durante uma passagem do rapper por SP, o audiovisual reforça a atmosfera crua da faixa. “Mesmo longe, consegui manter minha tradição de trabalhar com artistas do DF. Isso me deixa feliz demais.”

Um boombap para quem ama rap

Com fortes referências culturais e uma mensagem que reforça orgulho, pertencimento e responsabilidade, LyNDoN celebra a parceria e espera que a música encontre quem realmente vive o hip-hop. “Quem gosta de rap de verdade vai gostar. É aquele boombap de bater cabeça, de botar no carro altão”.

Por João Pedro Carvalho

Supervisão de Luiz Claudio Ferreira

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