Redes indígenas são destaques em mostra no CCBB; “as peças têm caráter ancestral”, diz curador

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Em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília, a exposição Vaivém promove a análise da história da rede de dormir, produto de origem indígena. Ela destaca a relação do utensílio doméstico com a construção da identidade nacional brasileira. A mostra, que vai ficar exposta até novembro de 2019, foi idealizada a partir da tese de doutorado do curador. A exposição contém mais de 300 peças produzidas por 141 artistas, 32 indígenas. De acordo com dados informados pela administração do local, os três espaços receberam cerca de 11.440 visitas, desde a estreia da mostra no início deste mês. Raphael Fonseca conta que o acervo está organizado em grupos distintos. “A exposição é dividida em seis núcleos históricos e temáticos… são amplos, e as obras podem ‘dançar’ dependendo da montagem, e assim por diante”, explica.

Rede de dormir Foto: Edson Kumasaka

O curador da mostra, Raphael Fonseca, relata que a decisão de transformar um trabalho acadêmico em uma mostra surgiu após ele perceber, em meio a pesquisa realizada, a ligação existente entre o objeto e a cultura brasileira. “A exposição nasceu da minha tese de doutorado na UERJ, que aconteceu de 2012 até 2016. Ela, inicialmente, era sobre a preguiça no Brasil. Em um segundo momento, me deparei com a iconografia das redes de dormir. Então, comecei a achar interessante, e esse tema virou o ‘prato principal’ da defesa”, conta.

A partir disso, o curador começou a apurar a presença dos artefatos nas produções elaboradas em momentos históricos anteriores. “Eu investiguei artistas do século XVI, no período contemporâneo, que associavam as redes ao Brasil. Fiz um levantamento por volta de 900 obras e produzi uma análise destas imagens e dos discursos dos criadores. Havia o desejo de que a tese virasse uma exposição. Felizmente, eu apliquei um projeto do CCBB, que foi aprovado. Então, nasceu a Vaivém”, explica.

Raphael Fonseca, curador da exposição Vaivém. Foto: André Zimmerer

Em relação ao trabalho exposto no centro cultural, o historiador da arte acredita que os visitantes devam se impressionar com a mostra, que apresenta a trajetória dos produtos e que destaca a diversidade de estilos desenvolvidos nas produções. “O público pode se surpreender em perceber um pouco mais sobre a ancestralidade das rede de dormir não só no Brasil, mas na América Latina. E como isso é feito em linguagens tão diferentes, do desenho à fotografia, ao vídeo, à escultura e à instalação”, revela. Para receber as peças, o CCBB disponibilizou duas galerias e um pavilhão.

Ficha Técnica

Local: Centro Cultural Banco do Brasil

Data: até dia 10 de novembro

Horário: de 9h às 21h

Ingressos: entrada gratuita

Por João Paulo de Brito

Supervisão de Luiz Claudio Ferreira

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