O festival semanal que completa 10 anos é um símbolo de força e manifesto entre os artistas de rua.
O Sarau Voz e Alma inspira-se nos movimentos do hip hop e da cultura urbana que estão presentes em São Paulo. É realizado na Praça da Bíblia e, neste mês, completa 10 anos de sua história na Ceilândia. O evento é um convite para celebrar a arte periférica através de poesias, músicas e da cultura.
Foto: Sophia Santos
Ao longo dos anos no DF o festival cresceu com encontros semanais e se tornou um grande grupo de arte de rua. “É um espaço onde as pessoas são livres para se expressar a arte, as vestes, as músicas e as poesias”, ressalta Guilherme Azevedo Mc e produtor do sarau
Voz e Alma
O poeta Biro Ribeiro deu vida a esse nome, Sarau Voz e Alma (Sarau-Vá), com o intuito de lembrar essa salvação e ao mesmo tempo honrar as origens, a ancestralidade e a cultura negra.
Um nome forte que inspira e empodera artistas, que muitas vezes se sentem invisibilizados. “O Sarau-Vá é uma resistência periférica de fazedores que não tem o equipamento cultural aberto que utiliza nosso espaço pra fazer acontecer”, enfatiza o deputado distrital Max Maciel. Saiba mais
“O silêncio é uma prece”
Esse é o lema que permeia o festival. A frase é bastante conhecida entre o público que se encontra no local.
“A primeira coisa que a gente faz é tirar a poesia daquele lugar do erudito, aquela poesia que fica presa na biblioteca e trazer pra rua e levar para dentro da praça. Enquanto na biblioteca a galera pede silêncio, nós, antes e depois da poesia, pedimos muito barulho o tempo todo, é para conversar, se ver, se olhar e se sentir também. E na hora que o poeta está falando o silêncio é uma prece. Na hora a gente está ali para escutar a poesia como uma oração”, ressalta o MC e produtor do sarau Guilherme Azevedo
Acessibilidade
Além do Sarau-Vá ser um espaço cultural e de aprendizado também é um lugar de acessibilidade com fácil acesso a todas as pessoas.
O festival proporciona um intérprete de libras que atua tanto nos shows de citação de poesia quanto na interação da organização do Sarau com o público.
“O evento sobretudo de periferia de poesia é também um chamamento para pessoas com deficiência acessar os lugares, solicitar que seus direitos sejam respeitados”, relata Patrícia Albuquerque, intérprete de libras do festival.
Casa Akotirene
A Casa Akotirene é uma parceira do Sarau-Vá e disponibiliza o seu lugar para que haja o ensejo de artistas de rua e poetas exporem sua arte.
Além de porta-voz de pessoas que querem dar vazão aos sentimentos, a Casa Akotirene é um local de aquilombação urbana em Ceilândia . Um espaço livre a fim de que mulheres negras trabalhem em causas que acreditam com o intuito de trazer outras perspectivas para a comunidade.
“A Casa Akotirene valoriza o movimento através da cultura, estética e da identidade negra”, comenta a dona da casa e idealizadora do projeto, Joice Marques.
Esse espaço de inclusão acolhe e comuta vivências entre as mulheres principalmente negras e apresenta diversos tipos de oficinas para a comunidade local. Além de ser um porto seguro para as mulheres, o projeto conta com o apoio da Secretaria de Estado da Mulher. A casa Akotirene foi recentemente convidada pela Embaixada EUA a prestigiar a exposição em comemoração aos 200 anos de parceria entre Brasil e Estados Unidos.
Por Davi Moisés e Laura Cunha
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira