Colin Firth está de volta! Desta vez, o ator vive o navegante amador Donald Crowhurst, que participou do ‘’Sunday Times Golden Globe Race’’, em 1968, que consistiu em uma corrida de barco, ou de vela, ao redor do mundo inteiro e que contou com a participação de outros países, como França e Itália.
O primeiro ato do filme é bem dosado, sem repetições e com cenas que recaem sobre a viagem de Donald, sem ter muita verborragia. Já no próximo ato, o tom torna-se mais dramático e tenso, e muito mais chamativo, pois aqui podemos acompanhar a viagem de Donald, de forma que os recursos utilizados para variar o ritmo do filme – como flashbacks, monólogos (pensamentos na cabeça do personagem) e cenas com sua família – são importantes por criarem maior sintonia entre o público e o personagem. Tudo se torna mais apreensivo de assistir.
Destaque para duas cenas que exemplificam perfeitamente isso: Don fica indeciso quanto a prosseguir com a viagem, e até mesmo depois quanto a mentir sobre sua localização para ter vantagem na corrida. Outras cena são quando o protagonista pensa em desistir de tudo e perder sua aposta; e uma que envolve uma praia e argentinos.
O filme peca em questão de roteiro, com certas falas que envolvem linguagem técnica e discursos clichês desnecessárias e até verborrágicas. Trabalhos de atuação como o de David Thewlis e Ken Stott são tecnicamente remendados, pois, dentro da construção narrativa, são estes que cometem os ‘’pecados’’ citados. Já a atriz Rachel Weisz, que faz o papel de Clare Crowhurst, esposa de Donald, tem um peso enorme para a toda trama, pois enquanto no lado do oceano, a emoção recai sobre Donald, no lado da terra, a emoção recai inteiramente sobre ela.
A cinematografia é outro ponto bem feito, logo bem notado. Nas cenas em que se mostra Don viajando em seu barco, a noção de distância e profundidade é perceptível, e os tons de azul claro e cinza usados dão o aspecto frio e dramático que a história toda sugere.
‘’The Mercy’’ é um filme que permite ao público mergulhar na complexidade de sua história, contando com boas atuações e recursos técnicos, e com um final ambíguo, que faz bastante jus ao seu título. O longa consegue expor como e até que ponto o homem consegue ir para alcançar seus sonhos e realizar suas metas, mesmo que isto interfira nos arcos dramáticos de suas relações, tanto familiares quanto profissionais.
Por Felipe Tusco*
Sob supervisão de Luiz Claudio Ferreira
- A convite da Espaço Z