
A antropóloga colombiana Flor Marlene Enriquez Lopez, radicada no Brasil há 20 anos, diz que a vitória do “não” no referendo (com 50.24% dos votos) sobre o acordo de paz entre o país e as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia ), teve forte influência da mídia. Segundo a cientista social, foi feito um grande investimento das emissoras de rádio e TV, além de outros meios de comunicação para convencer a população contra a assinatura.
Segundo a antropóloga, na Colômbia, atualmente, há ao menos outros dois grupos de grande influência na população que ajudaram na influência ao “não” final do acordo de paz, são eles a igreja católica e grupos ligados ao narcotráfico. “As igrejas fizeram campanhas para dizer que a violência aumentaria e que a situação econômica do país seria afetada, e as famílias iriam ficar com segurança prejudicada”, explica. Para os narcotráficos é conveniente que exista um conflito de separar os espaços rurais e urbanos para continuar a produção de drogas dentro do país. “Por isso esses dois grupos incentivaram para que a negociação não fosse de fim positivo”, afirma.
Após o resultado, a antropóloga acredita que o país vai continuar, por outros meios, estimular e conscientizar a população colombiana de agregar a população da as Farc que desde os anos 60 são excluídas. Para adquirir seus direitos civis, políticos e sociais, que tenham direito a educação, respeito a vida, direitos humanos, participação política e espaço na vida trabalhista. “Eu tenho certeza de que haverá uma nova negociação e pode ser que eles cheguem a um outro acordo, uma nova maneira e solução para que as Farc se integram socialmente e selem de vez o acordo da paz da Colômbia”, diz a antropóloga. O governo vai continuar batalhando e para que a população entenda a importância do acordo de paz, para passar uma imagem positiva da Colômbia.
“Eu não acredito que mesmo selando um acordo de paz, aceitadas todas as condições da as Farc, isso chegue a ser efetivado. Vai ser muito complexo a inserção deles na política, a estrutura econômica e de pode do país ainda é complicado”, diz Flor Marlene.
Entre a população a favor do acordo de paz entre o Estado e o as Farc, estavam os colombianos da região de Putumayo, região de “trânsito fácil” dos representantes da as Farc. Durante esses anos de conflito aquela comunidade já apoiava as Farc. “Cuidam deles, durante todos esses anos eles foram beneficiados, passam toda essa proteção a essa população excluída socialmente do modelo democrático do país”, explica.
Contexto Histórico
As Farc é uma organização auto-proclamada guerrilha revolucionária marxista-leninista. O grupo das Farc luta pela implantação do socialismo na Colômbia e defende o direto dos presos políticos. O grupo é considerado uma organização terrorista por outros governos ao redor do mundo.
Após anos de conflito, os governos da Colômbia realizaram tentativas de criar este acordo de paz, selar a tranquilidade para os próprios governos como para a população nacional. Há cinco anos, o governo atual iniciou diálogos para o atual acordo de paz.
Por Nabil Sami