67% das universitárias já foram agredidas

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Pelo menos 67% das universitárias brasileiras já foram agredidas de alguma forma nos ambientes de estudo, indica pesquisa publicada pela ONU Mulheres (Organização das Nações Unidas voltada à equidade de gênero). No entanto, apenas 38% dos homens concordam que praticaram algum tipo de assédio. Percepções diferentes indicam que machismo e violência só são constatados por todos no último nível de agressividade, como no assassinato da estudante de biologia Louise Ribeiro, no campus da Universidade de Brasília. Um colega, que seria ex-namorado da vítima, confessou o crime. Segundo a investigação inicial, o rapaz não se conformava com o final de relacionamento.

Confira também: Delegada explica como mulheres podem denunciar agressões

Uma história de feminicídio pode começar com outros tipos de violência, como agressão moral/psicológica até assédio sexual. Ainda de acordo com a pesquisa, 49% das estudantes afirmam terem sido reduzidas intelectualmente por professores e colegas e 56% já sofreram assédio sexual. Ainda assim, 63% das mulheres não reagem às agressões.

_DSC54131É o caso de Carolina Matos, 23 anos, formada em psicologia que diz ter sido diminuída moralmente e psicologicamente pelo ex-namorado. “Fui agredida verbalmente, psicologicamente. Sentia-me desumanizada”. Ela acredita que o uso de ouvidorias e a efetivação de programas sociais destinados a esses casos possam ser o caminho para a saída da violência nas universidades.

_DSC54171A ideia de trabalhar um estudo de gêneros, contra o machismo, desde o primário até a universidade é uma ideia comum entre as entrevistadas. “É difícil lutar contra o machismo que está tão inserido na nossa sociedade. Para que isso aconteça, tem que mudar a cabeça dos adultos”, comentou a secretária Raysa Fonseca. As leis não estarem ajudando e, sim, retrocedendo a conquista das mulheres também foi algo citado pela entrevistada.

_DSC54161A estudante de ciências sociais, Chirley Mikeline, de 19 anos, acredita que um policiamento mais preparado para lidar com a segurança da mulher do que a Policia Militar (PM) possa ser a solução. “Após às 18h, a volta para casa não fica fácil. Caminhamos com medo de sermos seguidas no escuro”.

_DSC54251A falta de infraestrutura nas faculdades e de recursos para a segurança contribui para índices altos de violências contra a mulher nas universidades, segundo a estudante de sociologia de 29 anos, Michele Rosa dos Santos. Confira entrevista abaixo:

 

_DSC54211Para Victoria Smith, 18 anos, também aluna de sociologia, o problema da violência nas universidades está nos homens que são machistas de forma inconsciente. “Eu acho que se os homens tivessem consciência do quão machista eles são, as coisas melhorariam.” Confira depoimento da aluna no vídeo abaixo:

Confira a pesquisa realizada pela ONU Mulheres

A professora de ciências políticas, Raquel Boing Marinucci, citou como alternativa para uma reação correta contra os ataques a disponibilidade de uma forma segura e confiável de comunicação onde as mulheres possam se sentir protegidas para expor as agressões e o encaminhamento para as casas responsáveis por esses tipos de crimes. “É fundamental que a denúncia seja encaminhada aos órgãos competentes como A delegacia da mulher, as casas de acolhida e as ouvidorias nos ambientes de trabalho”.

Por João Victor Bachilli e Bruno Santa Rita

Fotos por: Bruno Santa Rita

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