Refugiado, mãe solo e cabeleireiro desfilam a busca por suas próprias independências

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Antes e depois do 7 de Setembro, data comemorada no Brasil sobre fato histórico que teria garantido “independência do Brasil”, em 1822, cidadãos no Brasil, em diferentes vulnerabilidades, também buscam desfilar e encontrar suas independências pessoais.

Pessoas invisibilizadas contam histórias de inícios profissionais na infância e adolescência, quando deveriam apenas estudar ou se divertir. Hoje, na vida adulta, ainda buscam melhorar o salário ou pelo menos a esperança.

O venezuelano Jesus Rafael Bittencour, de 20 anos de idade, por exemplo, diz que foi a busca da independência que fez com que ele deixasse o país para tentar a vida na capital do Brasil. “Conquistar minha independência financeira foi o principal motivo de eu ter vindo para o Brasil, ainda mais hoje que tenho minha filha. No meu país, o meu salário estava muito ruim, não estava dando para comprar roupa, coisas básicas e alimento comprava só um pouquinho, só o que precisava.”

Jesus confirmou que ao passar por essa mudança conquistou sua tão sonhada independência financeira e que está muito mais tranquilo. Hoje em dia ele trabalha com carga e descarga no centro de distribuição de uma rede de padarias no Distrito Federal. “Na Venezuela, a gente tem que trabalhar muito para se sustentar. Eu estava trabalhando em lava-jatos, em um hortifrúti e em um campo também, plantando milho, mandioca, abóbora… tudo isso”, afirmou.

O venezuelano disse que sente saudades das pessoas de casa. “Eu consegui minha independência financeira, estou mais tranquilo, agora quero ajudar minha família lá.” Ele comentou também sobre seus planos futuros e voltar para Venezuela. “Quero juntar o dinheiro aqui e lá comprar minha casa, um carro e quero comprar uma loja lá também porque as pessoas que têm loja são as que têm dinheiro e podem viver tranquilas”, afirmou.


Trabalho

O cabeleireiro Daniel Aragão, de 44 anos, descobriu a profissão na adolescência, e hoje se considera independente ao atender somente na casa dos clientes. “Eu corto cabelo em domicílio. Comecei a cortar com 14 anos. A partir da pandemia, eu já tinha uma carteira de cliente considerável. Foi um modo de me sustentar e sustentar minha família”.

Ele se considera independente desde o início da profissão. “O meu pagamento cai direto na minha conta, com certeza, sou independente total.”


Maternidade

Para uma mãe solo, a independência vem com uma busca por autonomia e autossuficiência. Ela, que prefere não se identificar, considera que vive uma independência porque consegue trabalhar. “Isso me faz bem e sou feliz com isso. Eu nunca gostei de depender de ninguém, pedir nada para ninguém, inclusive para os meus pais”.

Aos 13 anos, ela começou a trabalhar como manicure. “Eu comecei pintando unha. Depois, aprendi a desenhar, fiz cursos, treinava na unha das minhas amigas, estava sempre estudando. Eu gostava de ter meu próprio dinheiro desde cedo”.

Para ela, toda mulher tem que ser independente com emprego e estudo. “Eu queria muito ter meu próprio dinheiro para não precisar pedir nada a ninguém. Então eu fazia cursos, treinava, ia estudar e aprimorar meu trabalho. Isso me fez ganhar muitas clientes e consequentemente, minha independência”.

Atualmente, ela cursa enfermagem. “O estudo é a base de tudo. Principalmente hoje em dia, que você tem que ter uma boa qualificação e muito estudo, para conseguir um bom emprego e um salário superior”.

Por Maria Luiza Campelo Bezerra Pinheiro, Maria Eduarda Everton Borges, Bernardo Lannes Arteiro Paiva, Beatriz Laviola, Danilo Lucena, Ludmila Felix, Mariana Menhô e Arthur Maldaner

Supervisão por Luiz Claudio Ferreira

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