No momento em que o Brasil se prepara para receber a tecnologia 5g, ainda que com atraso em relação ao resto do mundo, notícias de golpes que chegam pelas redes virtuais alertam para a necessidade de reforço à privacidade e ao que se consulto e consome na internet. Mais acesso à tecnologia pode representar também mais riscos.

Além das notícias, outro alerta está disponível na série “Clickbait”, em cartaz na plataforma Netflix. A história narra a vida de Nick Brewer (Adrian Grenier), que é sequestrado, e sua vida passa a depender de um jogo on-line que envolve visualizações e curtidas.
Assista ao trailer da série Clickbait
O que deixou muitos intrigados, foi o fato de Nick segurar uma placa escrita “Eu abuso de mulheres”. Para quem conhecia Nick, isso não passou de um engano, pois Nick demonstrava ser um cara legal e respeitoso com quem conhecia. No final, se tratava de um acontecimento conhecido no mundo todo: Catfish.

Catfish na prática
O catfish é um golpe virtual em que uma pessoa se passa por outra. Geralmente esse tipo de golpe ocorre em sites de relacionamentos, mas também é possível acontecer em outras redes sociais. Uma pessoa anônima usa imagem alheia para conversar com outras pessoas e desenvolver relacionamentos com elas, seja como amigo ou namoro.
Foi o que aconteceu com a estudante de nutrição Suzana Grangeiro, quando ela tinha 15 anos de idade. Suzana começou a conversar com um homem que aparentava ser um pouco mais velho do que ela pelo Facebook.
O relacionamento virtual entre os dois durou 5 meses, até que Suzana começou a desconfiar do fato que o homem sempre dava desculpas para não ligar a câmera.
Outro fator que deixou a estudante intrigada, foi o fato dele só alterar a foto de perfil uma vez enquanto eles conversavam, estando totalmente diferente fisicamente de uma foto para outra. Ela tomou a decisão de bloquear e cortar relações com o possível catfishing.
Como se proteger do catfish
A SaferNet, primeira ONG do Brasil a estabelecer uma abordagem multissetorial para proteger os direitos humanos no ambiente digital, coordena uma central nacional de denúncias de violações contra direitos humanos. A ONG mantém ainda um Canal Nacional de Apoio e Orientação sobre Segurança na Internet, além de ações de conscientização sobre uso cidadão da Internet.
“A SaferNet Brasil oferece um serviço de recebimento de denúncias anônimas de crimes e violações contra os Direitos Humanos na Internet, contando com procedimentos efetivos e transparentes para lidar com as denúncias: www.denuncie.org.br.” explica Jade Christine, mentora do Programa Cidadão Digital (Safernet Brasil e Facebook).
Proteção

A mentora recomenda que todos procurem conhecer e utilizar as ferramentas já existentes que ajudam a ampliar a privacidade e segurança nas redes. “Nem sempre as pessoas usam ou sabem que existem. É possível ter uma conta pública ou privada, apagar conteúdos antigos que não fazem mais sentido, proteger os aparelhos e contas ou até baixar todo conteúdo publicado antes de excluir um perfil.”
Todas as redes sociais, plataformas de jogos e mesmo os aplicativos de vídeo e música permitem algum controle de segurança e privacidade. Basta ir nas configurações da conta e buscar por “segurança” ou “privacidade”. A verificação em 2 etapas precisam ser ativadas em todas as redes para evitar surpresas e golpes.
“Vale gastar uns minutinhos em suas contas para fazer aquele upgrade em sua segurança. É necessário conhecer as configurações de segurança e adotar uma postura de ‘quanto menos dados eu fornecer, melhor’ também”, reforça Jade.
O que fazer
No caso de violações aos direitos humanos, o Hotline é um caminho para denunciar, assim como denunciar nas próprias plataformas quando se trata de redes sociais.
No caso de golpes, agressão, stalking e outros crimes que afetam uma vítima individualmente, é importante fazer registros que possam provar a ocorrência do crime, registrar uma ata notarial em cartório para autenticar a veracidade dos registros, denunciar nas plataformas (se for o caso de uma rede social, ou mesmo o Google, para remoção de um conteúdo nas buscas, por exemplo), e registrar um boletim de ocorrência em uma delegacia especializada ou delegacia comum.
Se for um golpe que envolve direito do consumidor, a vítima pode procurar também o Procon de seu Estado.
“Ao se deparar com uma evidência de crime contra os Direitos Humanos na Internet, a vítima de crimes online deve acessar o canal de denúncias da Safernet Brasil, o www.denuncie.org.br e enviar o link do site onde está o suposto crime. Não é preciso se identificar. Após o envio, nosso sistema gera automaticamente um número de ticket, que permite ao denunciante acompanhar o andamento da denúncia em tempo real”, afirma a mentora.
Por Marina Sabino
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira