A realização profissional, de acordo com o psicólogo trabalhista Jonilson Cardoso, não está ligada diretamente ao cargo ou salário, mas sim ao bem-estar mental e físico do trabalhador. Decidir esse caminho não é simples.
“Quando uma pessoa atua dentro de uma área que não é a que ela se identifica, que ela não tem habilidades inatas, pode gerar um nível de estresse e de desgaste muito grande. Inclusive, muitas pessoas chegam ao estágio de burnout por causa disso”, diz o psicólogo.
Sentir-se acolhido e pertencente à cultura organizacional do local também é fundamental para a realização. Segundo Jonilson Cardoso, buscar instituições que compartilham do mesmo valor e ética é um ponto importante para alcançar a satisfação profissional.
“Essa realização também tem a ver com a vocação pessoal. As habilidades inatas são muito importantes para que o ser humano possa se sentir vivo enquanto realiza as suas funções”, afirma o especialista.
Ele complementa que, quando isso não existe, é mais provável que haja altos níveis de estresse e desgaste. Quando há vocação, na maioria das vezes, o empregado não se sente “trabalhando” e sim fazendo algo que gosta.
Possíveis danos
Se for temporário, os danos podem ser leves ou inexistentes. Mas, se for um trabalho de longo prazo, como relata o psicólogo, pode causar uma desmotivação constante que leva a problemas maiores como arritmia cardíaca, sudorese e angústia ao pensar no emprego e no ambiente.
Quando isso ocorre, é hora de procurar terapia e pensar na possibilidade de trocar de emprego para que não surja um quadro de ansiedade, depressão ou até síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento Profissional.
Segundo o Ministério da Saúde, o problema se caracteriza por um distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico, resultantes de situações de trabalho desgastantes que demandam muita competitividade ou responsabilidade.
A hora de decidir
“Uma sensação muito ruim é quando a pessoa ali dentro não consegue mais ter expectativas e a motivação está muito baixa. Então é hora de pensar sobre o que está acontecendo, fazer um um acompanhamento terapêutico para ver quais são os fatores internos ou externos que estão, neste momento, patologizando”, ressalta Cardoso. Ele ainda aconselha a estabelecer metas para que a motivação seja mais frequente.
Ele considera que é responsabilidade da empresa ou do empregador proporcionar o bem-estar do funcionário. Mas esse processo de humanização dentro das empresas ainda é muito distante.
Cuidados
O especialista avalia que é importante que haja, além dos tempos de férias e finais de semana, espaço na rotina de trabalho para lazer, relaxamento e descontração, a fim da preservação da saúde mental e do próprio desenvolvimento profissional.
De acordo com o especialista, as empresas do Brasil ainda precisam se desenvolver bastante em relação à cultura organizacional, que permitirá que os trabalhadores se comuniquem e convivam de forma saudável e respeitosa.
Além disso, é necessário entender que além do ambiente de trabalho existem também as preocupações externas, que podem influenciar nos estímulos profissionais. “Você às vezes vem da sua casa onde você já teve problemas maternos, em relacionamentos ou com problemas de crenças de valores e esses esses sentimentos vem pra dentro da empresa”.
Assista a vídeo sobre mecânico que se realiza no “trampo”
Por Milena Dias e Nathalia Maciel
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira
