Além de provocar admiração, a arquitetura de Brasília inspira negócios criativos. Esse é o caso da arquiteta Gabriela Tenorio, que criou uma página no Instagram para vender souvenirs de Brasília que ela mesma faz.
O que começou como um hobby há quase 10 anos se tornou hoje um empreendimento.
“A intenção era fazer jus à beleza da cidade, da sua arquitetura e suas obras de arte criando miniaturas, pequenos objetos de decoração, ímãs, brinquedos e outras coisas. Poderia ser um passatempo para mim, mas quis oferecer a outras pessoas”, explica.
O primeiro souvenir que fez foi um móbile dos anjos da Catedral Metropolitana, onde o comercializou por um tempo na lojinha da igreja.
Após um período na loja, decidiu sair por ser um local focado na venda de artigos religiosos.
“Soube que a Conceição Freitas, ex-jornalista do Correio Braziliense a quem eu admirava muito, estava montando uma banca na 308 Sul com a ‘cara’ de Brasília, com publicações sobre a cidade, autores brasilienses e lembrancinhas. Ofereci meu trabalho, o qual ela gostou, e passei a vender lá”.

Segundo a profissional, à medida que seus produtos passaram a conquistar cada vez mais o gosto do público, tanto da capital quanto de fora, sua vontade de criar mais peças aumentava.
Ela comenta que, a criação de um produto sempre começa com a escolha da obra característica de Brasília que se quer representar.
“Depois, penso em como transformá-la em algo utilitário ou decorativo, mas que seja pequeno, reprodutível e transportável. Também busco os desenhos originais da peça, seja de arte ou arquitetura, para que eu possa ser fiel à sua proporção, cores e volumes. Em seguida, escolho o material em que ela será feita”.
As lembrancinhas produzidas pela arquiteta podem ser encomendadas diretamente pela conta no Instagram @urb_memorias e compradas pelo site www.urb.etc.br, na banca da 308 Sul, no estabelecimento Mão Brasileira, que fica dentro do CCBB Brasília, e nas lojas de roupa Dane-se e Verdurão.
Além desses pontos de venda, o negócio de Gabriela possui uma parceria com a Fundação Athos Bulcão, que esporadicamente oferta em sua loja de lembranças as peças da profissional.
Ela relembra que, após ter algumas ideias de produtos com a obra do renomado artista Athos Bulcão, responsável por diversos murais de azulejos famosos na capital, entrou em contato com a fundação por e-mail e fez uma reunião com a secretária executiva Valéria Cabral.

Para venda exclusiva na loja da instituição, fez uma miniatura de máscara em latão, que se esgotou na época de lançamento, e um conjunto de “cobogozinhos”, que representavam os elementos vazados em quatro modelos desenhados por Bulcão para a fachada do edifício sede da Federação das Indústrias do Estado da Paraíba (FIEP).
“No caso dos ‘cobogozinhos’, a urb já tinha uma linha deles em cimento, então veio a ideia de fazer o kit do Athos em cimento pigmentado, já que os originais são em cerâmica. É preciso, algumas vezes, fazer adaptações e ‘licenças poéticas’ para viabilizar a confecção do souvenir”, conta.
Após firmar a parceria, teve autorização para comercializar produtos que envolvessem o acervo do também pintor e escultor em outros pontos que não fossem a loja da fundação.

A arquiteta revela que os kits de cobogós e as miniaturas das janelas Camargo Corrêa, inspiradas no edifício de mesmo nome no Setor Comercial Sul, e das quadras 105 e 305 Sul são as peças que não podem faltar no seu estoque, pois são os favoritos do público, e por isso, os mais requisitados pelos pontos de venda.
Já os queridinhos de Gabriela são os móbiles da linha “Athos em movimento”, inspirados nos paineis de azulejos da Igrejinha, da Torre de TV, do Mercado das Flores e do Parque da Cidade.
“Feitos em PVC pintado, os móbiles surgiram do conceito de desconectar as figuras de seus fundos quadrados e fazê-las voar, fazendo que o vento dê aos seus componentes o movimento que é dado pela colocação dos azulejos em variadas posições”, destaca.
No seu doutorado, a profissional fez uma pesquisa em que perguntava às pessoas nas ruas quais eram os elementos mais distintos do centro do quadradinho e que melhor o representavam. As respostas variaram entre Teatro Nacional, Praça dos Três Poderes, Torre de TV e, a mais citada em disparada, Catedral Metropolitana.
Para Gabriela, a arquitetura de Brasília se destaca por ter vários monumentos, como os citados acima, dentro de um espaço bem planejado por Lúcio Costa, o que cria uma paisagem inesquecível para quem os observa.
“Já a arquitetura das superquadras, não sei se o público em geral acha bonito. Acredito que seja algo mais nosso, de quem mora aqui, ou de arquitetos que estudaram o Modernismo”.

Por Catharina Braga
Sob supervisão de Luiz Claudio Ferreira