Aula fora da sala: crianças e adolescentes ficam encantados por livros na bienal

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Depois de 2 anos sem o evento, a 5º edição da Bienal Internacional do Livro de Brasília acontece nos dias 21 a 30 de Outubro, no Pavilhão do Parque da Cidade. Expondo mais de 400 mil títulos, o tema deste ano é “A transformação acontece aqui” e homenageia a escritora brasileira Miriam Alves e a mexicana Laura Esquivel.

O evento possibilita a compra de diversos livros em qualquer um dos 100 expositores divididos entre: livrarias, distribuidoras e editoras, e traz também atividades e palestras para todas as idades. Para as crianças há contação de histórias, pinturas de rosto, teatros e filmes. Para os jovens têm palestra com influenciadores digitais como é o caso da youtuber Karina Kabook. Além é claro de palestras de autores nacionais e internacionais para o público de todas as idades.

Pelos corredores da bienal, além dos livros, se observa muitas crianças e adolescentes em uniformes escolares andando em grupos e observando tudo com toda a atenção, pois muitos deles estão em contato com uma ‘livraria’ pela primeira vez. Ao conversar com três professores do Centro de Ensino Fundamental em Sobradinho II, eles relataram como é importante a realização de passeios culturais para os alunos.

“É um ambiente novo para muitos alunos, é uma oportunidade que eles têm de sair do ambiente escolar, para ver novos ares e estar em contato com esse mundo que muitos não têm acesso, que é a livraria. Pegar um livro, folhear e descobrir do que ele gosta. Ou até mesmo se ele já conhece o mundo, pesquisar novas literaturas. Eu acho muito importante.”, relata Daniel, professor do sexto e sétimo ano.

Para a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a alfabetização é um dos pontos focais nos dois primeiros anos do ensino fundamental e a leitura é indispensável nessa fase da vida, pois é a base para que a criança desenvolva melhor suas habilidades e aumente sua cultura.

O professor Ailton da turma do fundamental de Sobradinho II, conta que muitos de seus alunos estão tendo esse contato com os livros e com a cidade grande pela primeira vez, já que muitos deles nunca tiveram a oportunidade de sair da RA. “Tem alunos aqui que nunca nem vieram a Brasília e sair de Sobradinho II para vir para o centro da capital é uma grande experiência para eles”.

As alunas Ana Clara, 16, e Ana Luiza, 15, da unidade do Marista de Águas Claras, estiveram no evento acompanhadas da professora de literatura da escola. As duas possuem oportunidades diferentes dos alunos de Sobradinho, porém estavam achando a experiência divertida e aproveitando para aumentar a coleção de livros.

“Estamos achando legal. Sinto que a gente veio com a expectativa de achar os livros com um preço baixo, mas acaba achando por 5 reais a menos, aí não faz muita diferença. Só que garimpando a gente acha alguns livros legais”, relatou Ana Clara.

Ambas concordaram que a Bienal em Brasília é uma forma de valorizar a capital do país e de apresentar novos autores. “É bom também para divulgar lançamentos de livros e trabalhos de autores que não são tão conhecidos. Uma coisa que acho legal também é que quase não tem nada em Brasília, mesmo sendo a capital do país, e a gente compara a Bienal de São Paulo com a que acontece aqui, não é nada parecido. É um passo para valorizar a cultura no DF”, disse Ana Luiza.

Em conversa, a professora do fundamental, Cristiane Vargas, do colégio particular Pueri Bilíngue Candanguinho, relata que a leitura é iniciada a partir do momento que a criança entra na escola, seja apenas passando as páginas, lendo imagens ou inventando palavras. O aluno começa a ter uma leitura sozinha a partir do Jardim 2, aproximadamente, 5 anos, idade que se começa a ler e escrever.

“A partir da alfabetização, a cobrança da leitura passa a ser constante para que as crianças tomem gosto e percebam a necessidade do ato de ler. Daí em diante os estudantes vão aprimorando as técnicas de leitura, com entonação, pontuação e interpretação.”

Segundo dados do IBGE, cerca de 2,4 milhões de crianças entre 6 e 7 anos não foram alfabetizadas em 2021, representando 40,8% dos brasileiros nessa faixa etária. Entre os anos de 2019 e 2021, durante a pandemia da Covid-19, houve um aumento de 66,3% no número de crianças que não sabem ler nem escrever (Todos Pela Educação).

A professora comentou também sobre a importância de projetos literários realizados na escola. “Os projetos de leitura nas escolas são fundamentais para as crianças, pois a partir disso, elas podem adquirir o hábito de ler e têm a oportunidade de manusear diversos livros. Assim, despertam o prazer pela literatura e passam a perceber qual gênero mais agrada.”

Conversando sobre os passeios pedagógicos, ela acredita serem muito importantes para o desenvolvimento das crianças, pois idas para a Bienal, por exemplo, atiçam a curiosidade, abrem portas para a imaginação deles. Outro ponto que ela tocou é a estimulação da curiosidade.

“Vem como um agregador, tanto para as crianças que já gostam, elas se estimulam muito mais, quanto para aquelas crianças que não têm isso (hábito de leitura) e às vezes nem tem muito esse acesso, passam a ter esse conhecimento e adquirir esse hábito. Então nos passeios eu pontuo que eles são muito significativos mesmo”.

Ao ter uma alfabetização ruim, a criança pode sofrer consequências negativas para o resto da vida, tanto pessoal quanto profissional. Gabriel Corrêa, líder de políticas educacionais do Todos Pela Educação, explica: “[…] os danos podem ser permanentes, uma vez que a alfabetização é condição prévia para os demais aprendizados escolares. Precisamos urgentemente de políticas consistentes para que essas crianças tenham condições de serem alfabetizadas e sigam estudando. É inadmissível retrocedermos em níveis de alfabetização e escolaridade”.

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Por Anna Borges e Mariana Haun
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira

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