Bastidores: Fortes e barulhentos eram os trovões que ecoavam nos céus quando Brasiliense e Real Brasília entraram em campo para disputar os primeiros 90 minutos da decisão do Campeonato Candango de Futebol.
Apesar da forte chuva de ventania não dar indícios de trégua, os membros da torcida organizada do Brasiliense batiam de frente com as adversidades climáticas e a complicada logística de entrada ao Estádio Serejão, em Taguatinga, e procuravam, o mais rápido possível, se acomodar em seu setor habitual.
Torcida organizada
A lentidão e o congestionamento nas entradas do palco da partida não impediriam homens, mulheres e até crianças de apoiarem o time do coração. Encapuzados, de pé, trajados de amarelo e com balões nas mãos, cantavam: “Ôôô, da Facção eu sou!”, ao ritmo forte da bateria. A Torcida “Facção Brasiliense” não parava.

Torcida do Brasiliense motiva o time
Enquanto o jogo se desenvolvia ao longo de seus minutos iniciais, a forte chuva, diminuía. Como resultado, os bandeirões alçavam voo, flamulando em meio aos membros dançantes da “Torcida facção Brasiliense”.
Agitados, se mexiam de um lado para o outro nas arquibancadas, na tentativa de aquecer o ambiente cinzento na região, resultante do clima ruim.
O alambrado que dividia a torcida organizada da equipe da casa e os demais torcedores sentados nas arquibancadas pareciam dividir dois mundos distintos.
Apoio
Enquanto a organizada fazia muito barulho, e norteava a equipe por entre os batuques de seus tambores, a pequena parcela presente da torcida do Leão fazia o que podia para ser notada pela própria equipe, mesmo sem equiparar a intensidade dos apoiadores rivais.
Quanto menos o sol se envergonhava, surgindo lentamente em meio aos prédios da cidade taguatinense, mais intensos se tornavam os espetáculos que aconteciam tanto nas arquibancadas, quanto dentro de campo.
A exibição que ocorria dentro das quatro linhas se desenvolvia como uma batalha: demonstrações intensas de esforço e de vontade, quase como se cada nova chance que surgia fosse a última durante a caminhada da busca pelo título.
E, no mesmo ritmo, estavam os torcedores do brasiliense, como se quisessem, por si só, entrar em campo para ajudar a equipe do coração, tamanho o fanatismo.

Foto retirada de vídeo: Pedro Santana
O apoio, ininterrupto, surtia efeito. A equipe do Brasiliense mostrava vontade e traçava sua trajetória em campo com consciência, o que era perceptível até mesmo pelos jovens torcedores do esquadrão amarelo.
“A gente vai ganhar!”, gritava um pequeno, enquanto brincava de chutar uma bolinha verde, ao lado da última fileira de arquibancadas. De fato, o Brasiliense venceu a partida, mas o cenário, num todo, possuía outros elementos.
Enquanto o velho, escuro placar do estádio, do lado pouco povoado do local, marcava, com suas letras levemente tortas e números um pouco gastos, a vantagem para a equipe mandante, o Real Brasília não optava pela submissão.
Provocação
O andar da carruagem visitante era trilhado de maneira contrária à do Jacaré: a própria equipe dos Leões era quem parecia dar vida à pequena torcida, que levantava a cada ação de perigo, e provocava a torcida rival a cada gol marcado, mostrando que, mesmo em pouca quantidade, estava ali.
O Brasiliense, no entanto, também tinha quem o protegesse. “Uh é Jacaré, uh uh é Jacaré!”, cantavam.

Foto retirada de vídeo: Pedro Santana
Porém, não havia espaço para mais nada. O restante, excitante, fica para o jogo da volta.
Por Gabriel Botelho
Fotos: Pedro Santana
Com a supervisão de Luiz Cláudio Ferreira