Brasil e Uruguai muito além da fronteira: a língua portuguesa nos dois países

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Em meio à miscigenação, a fronteira do Brasil com o Uruguai possui uma língua materna diferente: o português uruguaio, que não pode ser considerado como um novo idioma, mas, sim, uma variação do português brasileiro. No entanto, especialistas lamentam que pouco se discute os limites e a fronteira Brasil-Uruguai. Uma das razões, segundo pesquisadores, se refere a questões políticas e geográficas.

Um dos lugares onde essa língua é encontrada é em Aceguá, município localizado na fronteira do Brasil com Uruguai, o que faz com que as culturas  intercalam entre si. O município tem aproximadamente 5 mil habitantes, sendo que cerca de 3 mil são brasileiros e pouco mais de 1 mil habitantes são uruguaios.

Em Aceguá as pessoas conseguem se relacionar de forma pacífica, independente das nacionalidades. Por ter um número menor de uruguaios em Aceguá, os brasileiros não têm o espanhol como língua materna, ao contrário dos  uruguaios que possuem o português uruguaio como língua materna. Doutora em linguística e professora de língua portuguesa, Cíntia Pacheco destaca que a identidade cultural da fronteira entre Brasil e Uruguai se desenvolve entre uma mistura de ambos os lados.

O assunto foi discutido na palestra sobre língua e literatura da fronteira Brasil-Uruguai, no XV Congresso de Ensino, Pesquisa e Extensão do UniCEUB. Na visão da professora de Língua Portuguesa, Sandra Araújo, a fronteira, muitas vezes, age de forma massacrante, não apenas no meio social, mas no meio linguístico. Segundo ela, isso acontece quando se delimita o que é, e o que não é, correto na hora de dialogar, não levando em consideração o meio social ou o sotaque advindo de cada região.

“Querem convencer-nos de que existe uma forma correta de falar e escrever em espanhol, a forma de falar, por exemplo, de determinados centro de dominação”, cita ela, parafraseando o escritor e poeta Fabián Severo. A professora também explica que através de elementos simbólicos que fazem parte da memória é possível que seja construída uma sensação de pertencimento ao local onde se vive.

Formada em espanhol e estudante de jornalismo, Vivyan Linhares, 19 anos, analisa como curiosa a relação de cumplicidade e paz existente na fronteira Brasil-Uruguai. “Às vezes pensamos que, por causa das fronteiras, os países ficam totalmente separados e saber que existem lugares onde a cultura, costumes e língua se misturam é muito interessante”, completa.

Ana Paula Teixeira e Nathalia Carvalho

Sob supervisão de Isa Stacciarini

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