Escolas públicas do Distrito Federal e entorno contam com o apoio de professores especializados para capacitar academicamente os surdos como, por exemplo o Centro de Ensino Médio 1 (CEM 1), no Núcleo Bandeirante. A turma especial conta com 21 alunos com deficiência auditiva. O baixo número de vagas e a capacitação de docentes estão entre os desafios principais para o ensino de pessoas com limitação de audição. Para o professor Rafael Dias Silva, pesquisador do tema, a educação inclusiva tem crescido nos últimos anos.
No entanto, as pessoas com deficiência sabem que o ensino pode fazer a diferença em um caminho de preconceitos e vulnerabilidades. “A falta de representatividade ainda é grande e a luta que eles enfrentam todos os dias, maior ainda”, diz uma professora de geografia da rede pública do Distrito Federal que preferiu não se identificar.
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Nessa luta, estudantes com problema de audição recorrem ao ensino da Língua Brasileira de Sinais (Libras), reconhecida como a 2ª língua oficial do Brasil pela lei nº 10.436 de 24 de abril de 2002, pelo presidente Fernando Henrique, e regulamentada pelo decreto 5626/2005, pelo presidente Lula, que reconheceu a Língua Brasileira de Sinais como meio legal de comunicação e expressão.
Para o professor Rafael Dias, a formação professores nessa língua precisa sair da teoria e caminhar para ações práticas. “Acredito que os cursos de formação inicial e continuada para a formação de professores resultam da aquisição de novas competências”. Para ele, os futuros professores e aqueles já formados podem valorizar as competências dos seus alunos e não as possíveis diversidades educacionais existentes na sala de aula.
O professor entende que houve avanços no ensino da língua. “O primeiro passo já foi dado com a inclusão do aluno fisicamente nas unidades escolares. O próximo será o de garantir que estes alunos recebam uma educação de qualidade. Para que isso aconteça, devemos preparar melhor nossos professores através de estratégias educacionais bilíngues e adaptação curricular, dentre outras ações. Um professor melhor capacitado pode proporcionar uma experiência educacional mais rica, fazendo que o aluno conquiste sua autonomia”.
O professor entende que a educação inclusiva, voltada para a educação dos surdos, tem crescido nos últimos anos. “Podemos verificar através das inúmeras publicações de teses e artigos científicos fruto de pesquisas educacionais. Outro ponto que considero interessante é que, nos últimos anos, os surdos podem contar com a presença importantíssima dos intérpretes educacionais que, através de instrumentos legais garantidos por leis e decretos, proporcionam que o processo educacional seja intermediado por profissionais capacitados para traduzir e interpretar os diversos contextos de uma sala de aula.
Um dos exemplos dessa ampliação de conscientização e de visibilidade é que, no ano passado, a redação do ENEM teve como tema “Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil”, que surpreendeu boa parte dos estudantes e foi alvo de discussão durante a semana do maior vestibular nacional.
Por Claudia Sigilião e Gabriela Arruda
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira
Foto: Agência Brasília / Divulgação