Reflexos da pandemia na socialização e crescimento das crianças precisam de atenção especial
No dia 24 de agosto, celebra-se o Dia da Infância, uma fase que é caracterizada por uma série de eventos inéditos e acontecimentos marcantes e importantes na vida de uma criança.
No contexto brasileiro, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) define como crianças aqueles indivíduos com até doze anos de idade incompletos.

Nessa etapa essencial, o ambiente em que a criança cresce desempenha um papel fundamental para o seu desenvolvimento saudável.
No entanto, a recente pandemia impôs desafios extraordinários às crianças, forçando-as a se adaptarem a novas rotinas.
Essa necessidade de adaptação não se limitou apenas aos pequenos; ela também se estendeu aos seus cuidadores e responsáveis. A psicóloga Leylanne Martins, especializada em atendimento infantil, destaca que é perceptível o impacto da pandemia no processo de socialização e no desenvolvimento das crianças tem consequência após .
Ela ressalta que algumas crianças nascidas durante o período de pandemia, tiveram contato social limitado a seus pais durante o primeiro ano de vida.
Esse isolamento tem o potencial de resultar em atrasos na socialização, linguagem, desenvolvimento motor, cognição e até mesmo nas atividades cotidianas em comparação a outras crianças e adultos.
“As crianças podem apresentar um atraso na socialização, na linguagem, no desenvolvimento motor, na cognição e nas atividades de vida diárias com relação a outras crianças e a adultos. Essas crianças preferem fazer atividades isoladas do que interagir socialmente (apresentam medo e receio do outro), não conseguem brincar satisfatoriamente em grupos e preferem atividades com adultos do que com crianças.”
A psicóloga ressalta ainda que há maneiras de identificar, por exemplo, se uma criança precisa de um suporte profissional para investigar os eventuais efeitos emocionais da pandemia.
“Se a criança apresentar irritabilidade em excesso, episódios de insônia ou sono muito conturbado, impaciência em excesso para esperar a sua vez (aspectos de ansiedade), tristeza ou apatia em excesso (aspectos de depressão), dificuldade de permanecer em um local com outras crianças –
ex: playground, atraso de fala expressivo (ex: criança aos dois anos e não fala), sugiro a busca de um profissional”
Com o período de distanciamento social, o uso crescente de dispositivos eletrônicos foi uma repercussão inevitável, seja para participar das aulas virtuais ou mesmo para entreter as crianças e proporcionar-lhes uma pausa na realidade.
Um dilema encontrado pelos pais após esse período é como encontrar um equilíbrio saudável entre o tempo de tela e outras atividades.
Leylanne explica que para estimular a criança voltar a brincar e praticar outras atividades, ela precisa do modelo e a presença dos pais nesse processo continua sendo importante.
“Se os pais possuírem alguns minutos diários de interação com qualidade com os filhos (por exemplo, 30 minutos), brincando sem telas, é mais provável que essa criança aprenda a brincar com brinquedos concretos, imaginários e desenvolva sua criatividade e imaginação. A criança precisa do modelo para entender como brincar”
O momento pós pandemia exige atenção e cuidado com relação a saúde mental das crianças e algumas estratégias podem ser utilizadas para os pais e responsáveis ajudarem as crianças a lidarem com o sentimento de mudança e incerteza que esse período trouxe.
Martins aborda que os pais têm a opção de empregar abordagens práticas para esclarecer o significado da pandemia e a possibilidade de contágio pelo vírus. “As crianças vivem e tentam compreender o que acontece no mundo.
Os pais têm por função explicar de forma simplificada sobre o impasse, para que as crianças possam entender. Informação, comunicação não-violenta e retirada de dúvidas costumam funcionar bem nos diálogos familiares.”
Por Mayara Mendes
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira