Mulheres relatam rotinas de exaustão e pressões

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Cansaço, pressão e culpa. É com  isso que mães reclamam do dia a dia, muitas vezes, sozinhas. A entrada na maternidade é um momento também de muita vulnerabilidade e estresse (leia mais sobre o assunto) para a mulher que, além do filho recém nascido, ainda deve se preocupar com o emprego, os relacionamentos sociais e consigo mesma. 

Um levantamento da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) apontou que mulheres dedicam cerca de 8h a mais por semana que homens em cuidados com a casa independente da renda ou região administrativa que residem, raça/cor, faixa etária, nível educacional, status de ocupação e se tem ou não cônjuge.

“O mundo do trabalho, historicamente, também não foi pensado para as necessidades de mulheres, mães e crianças”, aponta o relatório da Codeplan

Ainda de acordo com a Codeplan, 23,7% das mulheres declararam executar afazeres domésticos todos os dias, enquanto 14,4% dos homens fazem igual. Dividindo na média semanal de horas trabalhadas, elas ganham cerca de 8 horas a mais que eles.

“Bem, se eu tivesse a cabeça que eu tenho hoje, eu falaria para elas não terem filhos. Não porque eu não amo meus filhos. Eu os amo muito e são minha vida, a maior razão para eu enfrentar tudo. Mas porque é muito difícil criar os filhos, dar uma boa educação, saúde, lazer, segurança…”, disse Samara Carvalho, mãe solo e gerente de loja. 

“Sempre em cima da mãe, quando algo dá errado na criação, quando o filho adoecer, não quer estudar, não come, é sempre a mãe que não sabe educar, cuidar e por limites” 

Em entrevista à Agência CEUB, Samara explica que, culturalmente, as pessoas não são preparadas para serem uma rede de apoio eficaz. Então a mãe, as mães ou outro cuidador primordial geralmente absorvem todas as demandas da criança.

Luta diária

Com tantas demandas, Milena Fernandes, de 30 anos, professora e mãe de um menino de um ano e meio, conta que, em meio a uma crise econômica, precisou buscar complementações de renda. “Isso gera mais um desgaste físico e emocional e também leva ao sacrifício de muitas dimensões do meu próprio projeto de vida, para além do trabalho e da maternidade. Então, mesmo que aqui tenhamos o suporte uma da outra, não basta.”

Sobre as expectativas de criação e educação colocadas apenas sobre a mãe, a médica pediatra e mãe de dois adultos, Dania Lemos, diz que “a mãe é a responsável por todo resultado que o filho tem na vida, seja bom ou ruim. Não é só a mãe que influencia no resultado.”

Mães LGBTQIA+ 

Famílias homoafetivas contextualizam que outras pressões fazem parte da rotina. “Eu sou uma mulher cis, branca, lésbica, com um filho gerado pela minha esposa via fertilização in vitro. Tenho acesso a muitos privilégios como pessoa cis e branca, mas enfrento tantas outras barreiras por ser mulher, sapatão e mãe não gestante”, disse a professora, Milena Fernandes da Rocha, 30 anos. 

Arquivo familiar

Milena, junto com sua esposa Thaís, tem um filho de 1 ano e meio. A luta de ambas começou em 2020, quando decidiram ter um filho por fertilização in vitro. 

“É cansativo receber olhares e perguntas curiosas o tempo inteiro, acompanhados muitas vezes de insinuações de que, para o meu filho, apenas uma de nós duas é “realmente mãe”.  

Criação do dia das mães 

O dia das mães foi criado nos Estados Unidos no século 20, pela ativista Ann Jarvis, que quis homenagear sua falecida mãe. 

Ann Jarvis era ativista pelos direitos das mulheres e por melhores condições de saúde e higiene feminina. Ela foi mãe de 13 filhos sendo que 9 morreram na Guerra Civil Americana. 

A escolha do dia das mães ser no segundo domingo de maio foi porque a data era a mais próxima da data de falecimento de sua mãe. 

A primeira celebração organizada por iniciativa de sua ideia ocorreu oficialmente em 10 de maio de 1908, quando foi celebrado um Dia das Mães na igreja metodista que Anna Jarvis frequentava em Grafton, Virgínia Ocidental.

No Brasil, o dia das mães começou a ser comemorado no governo do ex-presidente Getúlio Vargas, o presidente emitiu um decreto que no segundo domingo de maio seria dedicado a comemorar o amor materno. 

Por Alexya Lemos, Danyelle Silva e Maria Eduarda Fava
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira

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