Os últimos indicadores sociais das mulheres no Brasil mostram que, de 2010 a 2022, os nascimentos de filhos de adolescentes caíram 42,9%. O número de mães com idades de 10 a 19 anos teve uma queda total de 237 mil nascidos vivos no período. Quem passa pela experiência destaca que há desafios que não podem ser romantizados.
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Depressão
“Minha família ficou enlouquecida, em 2004 ainda era um susto coletivo, né? uma adolescente engravidar”, relata a Antônia Pereira que também descobriu uma gravidez aos 15 anos de idade.
Ao contar essa grande novidade aos familiares sua avó, que a considera como mãe, entrou em depressão, por conta dos medos, angústias e nervosismo que uma gravidez pode causar.
Porém ao longo do tempo a ideia de um novo ser na família foi alegrando os parentes e deixando todos ansiosos para a sua chegada.
Sonhos
Como uma adolescente, Antônia desejava ganhar o mundo, conhecer lugares novos, ser independente, trabalhar e ganhar seu próprio dinheiro.
Porém, com a chegada da gravidez, esses sonhos tiveram que esperar, mas não foram descartados e sim reforçados. A jovem na busca de seus sonhos precisou enfrentá-los com mais persistência, pois a partir daquele momento não era uma luta apenas por ela.
Vida profissional
Através do sentimento de querer dar o bom e do melhor para sua filha, Antônia buscava fazer de tudo, para oferecer uma vida confortável para as duas.
“Desde então, eu tive que persistir mais ainda, estudar, ter uma profissão que tinha um ser humano que iria depender de mim agora”
Mesmo cercada de dificuldades e questionamentos a jovem continuou os estudos, pensando em dois principais aspectos: um retorno financeiro melhor e o exemplo acadêmico para um filho, que como relata Antônia é quase considerado uma herança.
“Eu queria que ela tivesse essa visão de uma mãe que corria atrás dos estudos, que se prepara para a vida profissional”
Ensinamentos
Com a chegada de uma nova vida na família também aparecem medos e angústias, para Antônia seu maior medo era não ser o suficiente para a filha e não dar conta de toda a carga horária necessária que é ser mãe.
Junto com o medo se junta a cobrança de ser uma boa mãe, por isso Antônia relata que quando olha para seu passado percebe que estava tão nervosa e ansiosa que não curtiu sua gravidez como deveria.
E se ela pudesse dar um conselho para si mesma do passado seria “parar de me cobrar tanto, amar mais, curtir mais o momento da maternidade”
“Eu acho que as melhores partes de ser mãe é você olhar para aquele ser humano e imaginar que que veio de você” relata Antônia sobre os privilégios de ser mãe “ter a companhia de uma vida que nasceu de você”
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Antônia Pereira e sua filha. Arquivo pessoal
‘’Nossos filhos são a única coisa que a gente precisa para ser feliz hoje em dia, e a felicidade está na simplicidade em ver ele crescendo, na educação que ele possui, nas nossas brincadeiras, na evolução dele. O melhor de ser mãe é ser mãe’’ Ana Luiza Piaulino De Oliveira Pais conta sua vivência sendo mãe jovem aos 17 anos.
Apoio Familiar
Ana Luiza relata ter ficado com medo por ser jovem e da reação dos pais. Ela conta que, por bastante tempo, chorava por não ter planejado a gestação.
‘’Eu fiquei com muito receio (por conta que era jovem) e apreensiva das reações dos meus pais, chorei bastante por não ter sido planejado e não estava esperando. Meus pais conversaram comigo quando eu contei da gravidez, me alertaram bastante do que eu poderia ter feito para evitar, mas que iria vir com muita saúde e que iriam me apoiar na gestação’’.
Conquistas
Ana relata que tinha muitos sonhos, desejava ter casa própria, um emprego agradável, boa condição financeira.
“Quero poder proporcionar as melhores condições para ele’’. Alguns outros medos que ela possuía era não conseguir ser mãe por ser tão jovem e que iria perder uma parte da vida dela naquele momento.
Faculdade
A estudante, que está no curso de enfermagem, descreve como foi o começo da vida acadêmica dela depois da gravidez.
‘’Consegui entrar na minha vida acadêmica somente depois do meu filho ter completado um ano de idade. Ele dependia muito de mim e, por ser uma mãe solo, preferi esperar ele completar certa idade para depois entrar na faculdade”.
Mesmo assim, diz que só consegue fazer as atividades acadêmica quando ele dorme. “Me sobrecarrega bastante: estudar somente de madrugada e já acordar cedo para faculdade”, diz Ana.
‘Como vão tratar nossos filhos?’
A preocupação que ela teve depois da gravidez era de como as pessoas iriam tratá-lo.
“A minha preocupação, depois da gravidez, é que nós que somos mães temos medo de como as pessoas vão tratar nossos filhos’’.
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Ana Luiza e seu filho. Arquivo Pessoal
Surpresa
Aos quinze anos de idade, Daniele recebeu o teste positivo. Mesmo já desconfiando da gravidez, a resposta do teste surpreendeu ela e sua família. Um misto de emoções: medo, apreensão e muita felicidade. “Ao mesmo tempo que eu tava muito feliz, eu não sabia como eu ia conseguir fazer tudo dar certo”
Com o apoio de seus pais, a jovem precisou mudar seus sonhos de rumo. As viagens que planejava fazer com amigos, agora planeja fazer com seus dois filhos, Ayla Gabrielle e Pedro Henrique, e seu marido. As festas e shows não são mais seus maiores desejos.
Vida acadêmica
“A maternidade atrapalhou muito a minha vida escolar”, relatou Daniele em entrevista à Agência Ceub.
Por complicações na sua primeira gravidez, ela precisou sair da escola no sexto mês de gestação e não conseguia fazer as atividades acadêmicas em casa.”É um dos meus maiores arrependimentos”.
Depois que sua filha nasceu, Dani optou por estar presente na criação do dia a dia, sem voltar para o ambiente educacional até que Ayla não fosse mais recém nascida.
Quando Daniele estava preparada e focada para retornar a escola, engravidou de seu segundo filho. “Isso foi algo que me atrapalhou muito”
Dani pretende, assim que completar 18 anos, fazer a prova do EJA e conseguir voltar para seus estudos de forma definitiva.
Futuro profissional
Outra mudança foi no aspecto profissional. O objetivo de se tornar médica cirurgiã se remodelou. “Eu ainda continuo com a medicina na cabeça mas sem ser na área de cirurgia” disse a mãe. Hoje, Daniele quer algo que não tome muito o tempo que estaria cuidando de Ayla e Pedro. “Hoje em dia eu sonho com a enfermagem.”
Medos e conselhos
Independente da idade, a pressão que vem com a maternidade é a mesma. Na juventude, porém, o peso fica ainda mais pesado de carregar. “Meu maior medo foi não conseguir dar conta e eu acabar surtando e ser criticada […] Eu tinha medo de não conseguir ser a mãe que eu queria ser”.
Daniele conta que foi muito julgada e recebia muitas críticas, gerou crises de choro e ansiedade. “Eu gostaria de ter conseguido ignorar e ser mais forte nas minhas opiniões. Isso (às críticas) fazia eu me sentir péssima.”
“Minha mãe é um exemplo e eu queria muito ser assim para os meus filhos.”
“A melhor parte (de ser mãe) é receber muito amor. É aquele ‘serzinho’ que vai estar sempre ali, te amando”, disse a jovem mãe.
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Daniele e sua filha. Arquivo Pessoal
Por Luisa Mello, Laura Cunha e Ana Luisa Oliveira
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira