Dia do jornalista: microfone, máscara, distância e álcool em gel

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Nas ruas, os profissionais revelam rotina mais complexa e buscam tomar cuidados extras com a doença e a violência

À porta do Palácio da Alvorada, em frente a hospitais, diante de famílias que acabaram de perder alguém, ou em pleno cemitério acompanhando o enterro para conseguir imagens… Os primeiros meses da cobertura jornalística da pandemia do coronavírus foram desafiadores para o profissional de imprensa.

Assim como o número de infectados e mortos não param de aumentar, a necessidade de informação é ainda maior em momentos como esse do que o normal. Essa necessidade pode ser percebida no aumento da audiência nos telejornais, principalmente os da Rede Globo. Segundo dados do Ibope para a Grande São Paulo, o Jornal Nacional, maior jornal da emissora, no dia 28 de maio de 2020 — dia em que o Brasil teve 1.156 mortes por Covid-19 –, conseguiu atingir 31,2 pontos de média (equivalente a quase 6,3 milhões de telespectadores), tornando- se o jornal mais assistido na TV aberta. Dessa forma, percebemos que o trabalho do jornalista não pode parar ainda mais em momentos de crise como essa. 

Considerados profissionais de serviço essencial, os comunicadores viram as diversas mudanças que aconteceram no “fazer jornalístico” por conta da pandemia do novo coronavírus. Na verdade, transformações profundas que já datavam da revolução que a internet impôs à atividade. No caso do período de isolamento social essas mudanças foram graduais, de acordo com as recomendações dadas todos os dias pelo Ministério e outros órgãos de gestão da  saúde pública. 

O repórter Alan Rios, 24 anos, do jornal Correio Braziliense, disse que a primeira medida tomada foi evitar ir para o Hospital Regional da Asa Norte (HRAN) para apurar número de contaminados e óbitos. Essa seria uma ação comum em caso de uma outra crise sanitária, mas não dessa vez.   Nas redações, foram disponibilizados pontos de álcool em gel. “Com o avanço de casos suspeitos no país para as confirmações, também reduzimos o número de entrevistas na rua e aderimos às máscaras. Depois, começaram a surgir os óbitos pela infecção. A partir de então, especialistas e governos decretaram que o isolamento social era a atitude mais recomendada para o momento, e passamos a trabalhar em regime de home office”, relembra o jornalista, formado em 2018, sobre o dia 18 de março, data em que o governador do Distrito Federal decretou fechamento de comércios e o isolamento social.

Na telinha

E essa mudança não aconteceu só em jornais impressos ou digitais.

A rotina na TV Globo também foi abrupta. A jornalista Natália Godoy, 31 anos,  âncora do jornal Bom Dia DF, contou que as reuniões de pauta agora são feitas por meio de vídeo chamadas, após o fim do jornal, às 8h30. “Antes eu ficava aqui [na redação]. A gente tinha reunião de pauta, falava sobre o jornal do dia seguinte, mas aí, agora a reunião de pauta é por home office. Então, a gente se reúne por esses sites de videoconferência, cada um na sua casa, para poder minimizar esse tempo de aglomeração aqui [na redação]”, relatou a jornalista que tem oito anos de carreira profissional.

Segundo Giuliana Morrone, 53 anos, jornalista também da Rede Globo, a rotina tem sido bem criteriosa dentro da redação: “A sensação que eu tenho às vezes é de como se eu fosse uma astronauta na lua: é tudo mais lento. Então eu tenho chegado bem mais cedo na redação porque não dá pra chegar na redação, ligar o computador e já acessar o sistema, já começar a digitar. Não dá pra ser assim. Tem que ser tudo com muita cautela, com muito mais cuidado”.

Além disso, a profissional, que tem 31 anos de carreira e trabalha no jornal Bom Dia Brasil, afirmou que sua editora, por estar amamentando, está de home office. “Ela está em casa, tem uma ilha de edição que foi montada em casa pra que ela possa trabalhar”.

E essa não foi a única medida tomada pela Globo Brasília. Todos os materiais, como microfones e pontos de ouvido, são higienizados constantemente com álcool e os funcionários precisam estar com máscaras. Natália disse que os únicos que podem aparecer no jornal sem máscaras são os âncoras do jornal, porém é só enquanto o programa está no ar. Os convidados aparecem ao vivo por vídeo chamada, com o intuito de reduzir o número de pessoas dentro do estúdio.

  O jornalista Fabiano Andrade, 35 anos, também da TV Globo, garante que todas as precauções foram tomadas no mesmo ritmo em que a gravidade da pandemia aumentava. “Dentro da redação não pode mais sentar um do lado do outro, tem que pular um computador para manter uma distância. Eles entregaram álcool isopropílico para borrifar nas mesas, limpar computador, telefone, tudo antes de usar”, ressaltou. Ele acrescenta que, ao fazer reportagens e entradas ao vivo da rua, é obrigatório o uso de máscaras desde que o decreto do governador de Brasília, Ibaneis Rocha, tornou indispensável a utilização do equipamento em todos os espaços públicos. “Só não entra de máscara quem está no estúdio, pois o estúdio é um ambiente fechado e controlado, e aí dá para não usar. Mas na rua é o tempo inteiro a gente suando com a máscara”.

Fabiano Andrade explica que evita ir ao máximo para a redação para não contribuir com possíveis aglomerações. A emissora criou um programa que foi ao ar entre 17 de março e 22 de maio de 2020, chamado “Combate ao Coronavírus”, que visava informar a população sobre os cuidados que devem ser tomados para evitar a proliferação do vírus. Com esse programa, Fabiano Andrade conseguiu fazer home office e não ir para a sede da Globo em Brasília. Além de trabalhar nesse programa, Fabiano ainda aparece nos jornais DF TV Primeira Edição e Jornal Hoje, todos com entrada ao vivo. A locomoção é feita com o carro próprio. “Eu consigo fazer tudo isso indo do meu carro para evitar o máximo ter contato com mais gente ou ficar circulando na redação no ambiente que tem algumas partes fechadas”.

 

Jornalista Fabiano Andrade (esquerda) e Natália Godoy (direita) em seus locais de trabalho

Mudou a pauta

Essa é uma das maneiras que muitos jornalistas têm se adaptado para continuarem a “fazer jornalismo”. O foco das matérias hoje também tem sido o coronavírus, deixando outros assuntos de lado. Yasmin Perna, jornalista da rádio CBN, fazia a cobertura de trânsito.

A pauta, em dias de isolamento social, não é tão requisitada. “No CBN Brasília, a gente acabou deixando de cobrir o trânsito, por exemplo, com tanta ênfase. Matérias policiais a gente acaba tirando um pouquinho o foco também para focar esforços na questão da pandemia”, disse. Além disso, ela relatou que os meios jornalísticos têm evitado enviar jornalistas para coletivas de imprensa presenciais “para preservar o seu funcionário e evitar expor os repórteres em situações que não sejam realmente necessárias”.

Por trabalhar em um radiojornal, Yasmin percebe que existem menos problemas e dificuldades de home office em seu veículo, se comparar com telejornais. “Nós temos essa vantagem de que a gente consegue conduzir uma  matéria de casa, porque fazemos uma entrada pelo telefone, a aspiração muda um pouco, mas também é possível fazer pelo telefone. Podemos ligar para a fonte pelo telefone, gravar pelo telefone, editar pelo computador. Adaptamos um pouco a rotina, mas dá para fazer de casa”, complementou.

Meios jornalísticos, além de tomarem medidas preventivas nas redações, estão dando máscaras e materiais necessários para a proteção de seus profissionais. Esse é o caso da agência de notícias espanhola EFE, onde o fotojornalista Joédson Alves trabalha. Na profissão há 26 anos, Joédson esclarece que a agência, que tem sede em Madrid, viu a crise do coronavírus de perto, quando a Espanha estava em seu pico. “E por conta disso, ela [agência EFE] criou um padrão de segurança mundial. Então eu trabalho com dois pares de luva, a máscara, e essa máscara de acrílico também pra me proteger, mais o álcool em gel”, relatou. 

Joédson acrescenta que, ao chegar em casa, ele não vê ninguém, para evitar o contágio. “Eu tenho quatro filhos. Então aqui em casa, eu sempre chego beijando e abraçando todo mundo e minha mulher. Com essa nova fase na vida de todos nós, isso foi de cara retirado”, lamenta. “Eu vou pro fundo da casa, tiro toda a minha roupa e dali eu já sigo direto pro banho. Tomo banho, enquanto isso, a minha roupa é jogada na máquina de lavar roupa pra ela já ir sendo desinfectada. Aí eu volto e faço a higienização do meu equipamento”.

Antipânico

Além da nova rotina, jornalistas tiveram que adaptar a forma que trabalham, como a apuração de dados e contato com fontes. Alan Rios contou que no início da pandemia todas as palavras eram cautelosamente pensadas, pois dependendo de como os jornalistas e os jornais decidissem abordar o assunto, o pânico poderia tomar conta da população. “Me pergunto como estaria a saúde mental dos brasileiros hoje, se desde os princípios das matérias jornalísticas sobre o tema tivesse adotado um tom alarmista”, ponderou. 

Alan Rios testemunha que as entrevistas e a dinâmica de fazer as reportagens mudaram drasticamente. “Acredito que uma das melhores formas de produzir notícias é ter contato direto com a rua, ouvir quem está lá, sentir o que está acontecendo, olhar no olho do entrevistado e captar coisas que a distância dos telefonemas de dentro da redação não conseguem. Porém, tivemos que abrir mão disso tudo em prol da nossa saúde e da saúde dos entrevistados”.

A jornalista Yasmin Perna relata que a apuração das notícias tem se tornado um pouco mais difíceis e que o processo de produção mudou bastante. Perna contou que, em situações normais, ela saía, perguntava o que as pessoas  achavam da situação, e conversava com a polícia para saber se estava tendo fiscalização. “Agora em uma situação de pandemia você se vê impedido um pouco de conversar com essas pessoas e tendo que tomar uma série de cuidados”, lamentou.

Thaís Umbelino, do Correio Braziliense, acredita que, apesar do distanciamento e do home office, tem conseguido produzir matérias bem completas e com o mesmo nível que antes. “No home office, as entrevistas são feitas por telefone, o que a deixa mais pobre, mas tento suprir ao máximo com perguntas detalhadas sobre o personagem, vida pessoal, rotina, entre outros”.

Riscos

A preocupação com a segurança do profissional tem sido tema bastante conversado entre o Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal e as empresas jornalísticas. Luciene Agnez, representante da coordenação de formação do Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal (Sindijor DF), disse que o sindicato tem mostrado a importância dos materiais de proteção para as empresas, além do “alerta à importância de que esses trabalhadores que não podem estar em home office, que precisam estar nas ruas ou nas redações, que tenham condições seguras de trabalho”. Atualmente, o sindicato tenta colocar os profissionais da comunicação no grupo prioritário para receber a vacina. 

Segundo um levantamento feito pela ONG Press Emblem Campaign (PEC), pelo menos 908 jornalistas morreram de Covid-19 em 70 países, entre 1º de março de 2020 e 16 de março de 2021. Segundo o grupo, o número é maior que os jornalistas e comunicadores mortos na Segunda Guerra Mundial (1939-1945). 

A pesquisa ainda aponta que a América Latina é a região mais afetada, com mais da metade de mortes (505), com o Peru em primeiro lugar (135) e o Brasil em segundo (113). A ONG apura esses dados com associações locais e meios de comunicação de cada país, além de jornalistas correspondentes da PEC.

O professor de jornalismo Sérgio Euclides Braga, pesquisador da área de ética na comunicação, também reconhece que, apesar das dificuldades, os jornalistas estão conseguindo mostrar um resultado exemplar. “A imensa maioria dos jornalistas está trabalhando em condições reconhecidamente difíceis e eu acho que estão fazendo um bom trabalho”.

Além das medidas tomadas pelos jornalistas citados, a Global Investigative Journalism Network (GIJN) produziu uma espécie de manual para os jornalistas do mundo inteiro de como cobrir a pandemia do novo coronavírus. Nesse documento, é ressaltado que os jornalistas precisam evitar o uso de palavras alarmistas e ter ainda mais empatia pelas famílias das vítimas da Covid-19. O manual está todo em inglês, mas a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) fez uma tradução e ainda adicionou uma seção com dicas para os jornalistas brasileiros, com algumas fontes confiáveis para consulta.

As dificuldades dos jornalistas brasileiros não incluem só a proteção contra o novo coronavírus. O cenário político e econômico vem trazendo inseguranças para o trabalho jornalístico. Os ataques à imprensa e aos seus trabalhadores têm aumentado cada vez mais. Joédson Alves recorda que já passou por situações bem constrangedoras, ao ser colocado em uma posição por causa do veículo em que trabalha. “Pediram minha identificação, e as identificações minhas e de todos os jornalistas são de ficarem amostras. Identificaram, eu me identifiquei, tiraram foto do meu crachá, quando eu falei que trabalhava na Agência EFE, da Espanha, alguém falou ‘Mas a Espanha é esquerda’. Então acabou, você não tem muita opção. Se é de esquerda, de direita, se é amarelo “ou vermelho, se os caras quiserem te bater, eles vão te bater”, relembra. 

Joédson citou ainda o caso do fotojornalista do Estadão Dida Sampaio, que em uma manifestação pró governo Bolsonaro em Brasília, foi agredido com chutes, empurrões e socos enquanto trabalhava. “Você não consegue fazer um trabalho relativamente normal, dentro de uma situação dessa de protesto. Você sempre está sobre ameaça: ameaça nos olhares, ameaça nas palavras, ameaça em todos os tipos e sentidos”, criticou Joédson. 

Dida não foi o único a sofrer com apoiadores radicais do governo bolsonarista. A fotojornalista Gabriela Biló teve seus dados pessoais, como RG, CPF e endereço, divulgados em uma conta no Twitter. Em sua conta do Instagram, Biló fez um apelo aos seus seguidores, pedindo que eles denunciassem o tweet, além de falar que medidas de segurança já estavam sendo tomadas por ela e pelo jornal O Estado de S. Paulo, onde trabalha. 

Para a jornalista Yasmin Perna, esses ataques à imprensa partindo de apoiadores do governo e de pessoas do próprio governo são assustadores e antidemocráticos. “A partir do momento que você manda um jornalista  calar a boca, sendo que ele está exercendo o papel de perguntas, você está atacando a democracia.  É muito triste quando a gente vê esse tipo de discurso partindo das autoridades e nós temos observado uma escalada nesse discurso agressivo contra a imprensa”. Yasmin, no entanto, faz uma ressalva, dizendo que, apesar do discurso autoritário, o jornalista “não vai deixar de fazer perguntas, de fazer o seu papel com qualidade, de tocar em temas espinhosos, porque isso faz parte da profissão”.

A fala de Yasmin Perna é respaldada pelo professor e pesquisador de comunicação social em jornalismo da UnB, Luiz Martins, que vê as agressões aos jornalistas como antidemocráticas e “perpetradas por pessoas ignorantes quanto ao papel da imprensa num sistema republicano e democrático”. Ele ainda criticou a conversa entre o Jair Bolsonaro e uma apoiadora na frente do Palácio da Alvorada. “Patético o diálogo publicado entre uma admiradora e o Presidente Bolsonaro, ela sugerindo mais atenção da Secom da Presidência para com a imagem do Brasil no exterior, ao que ele responde, a mídia mundial é comunista”.

Sérgio Euclides afirma que o atual cenário e governo é extremamente hostil para os jornalistas.

“Essas mulheres, esses homens que estão saindo de casa para fazer a cobertura nas ruas, obviamente, esse pessoal corre risco, sem dúvida alguma. Além de estarem enfrentando condições adicionalmente difíceis, como se não bastasse a pandemia e a aflição das pessoas com a situação toda, você ainda tem que lidar com pessoas que podem te agredir a qualquer momento”, explica.

O jornalista Fabiano Andrade lamenta que autoridades do governo criminalizem as informações dadas por jornais e, ao mesmo tempo, disseminem fake news. “Isso tudo é um desserviço gigantesco que é prestado para a população. Uma guerra que é travada com o jornalismo profissional que não precisava existir”. Além disso, segundo ele, os jornalistas estão apenas tentando “conscientizar para prevenir a questão da disseminação do vírus para que isso passe logo”.

As agressões não são o único problema fora do contexto do novo coronavírus. O número de demissões nos mais diversos setores tem assustado os trabalhadores, e os jornalistas temem por isso. Segundo o Sindijor DF, “foram poucos episódios de demissão nesse período da pandemia. Mas existem propostas de redução de jornadas e de redução de salários, dentro do que a MP permite neste momento”. A medida provisória citada é a de número 936, que permite que as empresas reduzam 25%, 50% ou 70% do salário e da jornada dos funcionários, preservando o salário-hora, por 90 dias, além de permitir a suspensão do contrato  de trabalho de forma temporária por 60 dias. O sindicato ainda tem conversado com as empresas para ressaltar que “o jornalismo é uma atividade essencial, está sobrecarregado de trabalho” e que os trabalhadores dessa área não precisam ter mais uma preocupação, como uma possível demissão.

Uma pesquisa feita pela Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ), divulgada aqui no Brasil pela Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), apontou que pelo menos 61% dos jornalistas brasileiros tiveram um aumento de ansiedade e estresse durante a pandemia. Além disso, quase 60% dos 295 jornalistas brasileiros que responderam a pesquisa afirmaram que tiveram redução salarial de acordo com a MP 936. Outro dado alarmante que interfere no produto que o público recebe é que  quase 16% dos jornalistas afirmaram não ter equipamentos de proteção para trabalhos externos. 

 

 

Foto: Joédson Alves/EFE

Por Ana Clara Botovchenco
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira

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