Dia Mundial de Luta contra a Aids: instituições combatem “vírus” do preconceito

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Eles escolheram uma missão de vida. Cuidar de pessoas e famílias que se veem assustadas e vulnerabilizadas por um diagnóstico: são portadores de HIV. Organizações não-governamentais e entidades públicas têm um desafio de combater o vírus do preconceito e ainda ajudar na prevenção.  Foi notificado, entre 2009 e 2014, um total de 3.055 pessoas com Aids no Distrito Federal, segundo a Secretaria de Saúde. Segundo o levantamento, a região administrativa com maior número de casos é Taguatinga (396 infectados). As outras localidades que lideraram as estatísticas foram Ceilândia (386), Asa Norte (211), Samambaia (208) e Guará (181). Apesar de existir há mais de três décadas, a Aids ainda é um desafio para os cientistas a fim de aprimorar as formas de tratamento e a busca pela cura. Em relação a essa realidade, a capital do país conta com uma rede de apoio formada por voluntários e profissionais. Entre os centros de referência do governo, por exemplo, estão o Hospital Regional de Ceilândia e o Hospital Universitário de Brasília. A cada 1º de dezembro, dia mundial de luta contra a Aids, são feitas novas reflexões sobre como a sociedade pode apoiar tanto quem tem o HIV como aqueles que já desenvolveram a doença.

Confira abaixo a lista de centros de referência

Fonte: Secretaria de Saúde do Distrito Federal.
Fonte: Secretaria de Saúde do Distrito Federal.

A vida pode ser positiva

Além do serviço público de saúde, o soropositivo pode contar com o apoio de Organizações não-governamentais (ONGs), que auxiliam famílias por meio de doações, palestras e projetos de inclusão. É o caso da ONG Vida Positiva, que completou uma década este ano. Criada por Vicky Tavares, hoje com 68 anos, a instituição presta colaboração a crianças, adolescentes e jovens soropositivos em Brasília. A Vida Positiva começou com o abrigamento de pessoas nessa condição. Atualmente, prestam serviço de creche para 17 crianças infectadas. “Levamos nos hospitais de referência aqui no DF para que eles possam ser acompanhados e poderem fazer exame de carga viral”, explica Vicky. Além disso, a instituição faz doações para os pacientes e famílias. “Distribuímos dois mil lanchinhos para cinco hospitais públicos”. Na sede da Vida Positiva, são oferecidos almoços todos os dias. Em média, 25 pessoas fazem a refeição no local por semana. “Nós temos 140 famílias cadastradas que recebem cesta básica”. O próximo projeto da ONG é a realização de palestras para jovens e adolescentes nas escolas, com o objetivo de conscientizar sobre a Aids.

Fonte: Facebook/Divulgação
Fonte: Facebook/Divulgação

A fundadora da Vida Positiva, conhecida por todos como “Dona Vicky”, aponta o preconceito como a maior dificuldade, quando se trata de do vírus HIV. “Então a gente sabe que um dos piores vírus de todos esses é o preconceito. Ele também tem tratamento, só que o tratamento dele depende muito da gente, que é o amor”. Atualmente, a instituição sobrevive às custas de doadores fixos e da venda da famosa “farofinha”, feita pela própria dirigente da ONG. Para ela, até mesmo a “farofinha” ajuda os jovens a entenderem o conceito de empreendedorismo. “É uma farofinha que eu faço, maravilhosa, deliciosa, está na mesa do brasiliense, vende bem e é um projeto empreendedor para que nossos jovens e nossos adolescentes  saibam que na vida a gente não tem nada de mão beijada”.

Então a gente sabe que um dos piores vírus de todos esses é o preconceito, né? Ele também tem tratamento, só que o tratamento dele depende muito da gente, que é o amor, né. A gente tem que começar a liberar esse amor do nosso coração, para que as pessoas possam ter esse tratamento para o preconceito. Essa é a nossa grande preocupação.

 

60 mil soropositivos são atendidos por ano 

A ONG Amigos da Vida teve início há 16 anos e foi fundada por José Ramos e Christiano Ramos. Christiano convive com o HIV há três décadas. Atualmente, nos projetos da instituição, são cerca de 60 mil pessoas atendidas por ano. Somente nas brinquedotecas, que são construídas em enfermarias de pediatria, a média fica entre 15 e 30 crianças auxiliadas por dia.  Os atendimentos são realizados em diversos hospitais do Distrito Federal, como o HRAN, Hospital Regional de Taguatinga, Hospital Regional de Ceilândia, Paranoá e Sobradinho. Entre outros projetos da Amigos da Vida, estão Assistência Jurídica, Amiguinhos da Vida – em parceria com Maurício de Souza e a Turma da Mônica -, Um Sorriso pela Vida e Selando a paz com a AIDS. Além dessas propostas, a instituição realiza ações contra os Editais de Concursos Públicos que impedem pessoas com Aids de ingressar na carreira pública ou na militar.

Segundo o coordenador de marketing social, Pedro Alves Barbosa, a maior parte da renda da ONG provém de parcerias com empresas privadas e públicas, que são realizadas por meio de editais. Mas as doações da população também são bem-vindas. “Nossas iniciativas são de inclusão, de inclusão do portador, de direitos humanos de pessoas que tem HIV e AIDS, e também de crianças que são afetadas pela AIDS”, reitera Pedro.

Em homenagem ao Dia Mundial da Luta Contra a Aids, a ONG organiza um evento no edifício da OAB-DF, com entrada franca. É de praxe que a instituição escolha um tema relacionado à doença para ser debatido. Este ano, o tema é a quebra de patentes de medicamentos.

Por Bruna Maury e Nabil Sami. 

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