Bombeiros Militares: cotidiano desses profissionais vai muito além dos incêndios

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Bombeiro descreve a rotina dos profissionais que atuam no Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF). 

Fachada do 16º Grupamento de Bombeiro Militar do Gama, DF / Foto: Riânia Melo 

No Brasil, o 2 de julho é celebrado como o Dia Nacional dos Bombeiros, instituído em homenagem à criação do Corpo Provisório de Bombeiros da Corte, em 1856, no Rio de Janeiro. Mais do que uma data comemorativa, é um momento de reconhecimento ao trabalho silencioso, mas indispensável, desses profissionais.

Amor que surgiu desde a infância, como relembra o bombeiro Vinícius Silva, 35, do 16º Grupamento de Bombeiro Militar do Gama (DF), o interesse pela profissão surgiu à partir de filmes e passeios escolares em quarteis. 

“Além de ser um sonho de criança, fazer algo de bom para outras pessoas foi o que mais me despertou para essa profissão.” 

Bombeiro militar, Vinícius Souza / Foto: Maria Paula Valtudes

Ocorrências

Diferente do imaginário popular  e de muitos filmes , o trabalho dos bombeiros vai muito além do combate a incêndios. Na verdade, esse tipo de ocorrência representa uma pequena parte da rotina. Vinícius, que atua há três anos no quartel do Gama (DF), explica:

“Graças a Deus, o incêndio é o que menos acontece. A maioria dos atendimentos que a gente faz são acidentes de trânsito, vítimas presas em ferragens, quedas de altura, afogamentos, resgate de animais e também emergências clínicas  como pessoas que passam mal na rua ou em casa.”

Segundo ele, o quartel do Gama atende, em média, 20 a 30 ocorrências por dia, mas esse número pode aumentar nos fins de semana, feriados e, especialmente, durante os meses mais secos do ano, quando há mais focos de incêndio florestal.

Mesmo com esse volume, tudo é feito com organização. Cada plantão envolve escalas bem definidas, profissionais especializados e viaturas preparadas para diferentes tipos de missão. Vinicius detalha os principais veículos usados:

  • 🚑 UR – Unidade de Resgate: “Essa é uma viatura de suporte básico. Nela vai um condutor e um técnico de enfermagem. É usada em emergências clínicas e acidentes. A UR é o socorro imediato.”
  • 🚒 ABT – Auto Bomba Tanque: “Esse é o caminhão clássico de combate a incêndio. Ele carrega água, mangueiras, escadas, ferramentas… Vai com cinco bombeiros e é fundamental também em ocorrências de risco químico ou com produtos inflamáveis.”
  • 🚓 ABSL – Auto Busca e Salvamento Leve: “Essa é mais versátil. Usamos quando há pessoas presas em carros, por exemplo. Ela carrega equipamentos de salvamento veicular, como desencarceradores, almofadas pneumáticas, ferramentas elétricas e hidráulicas.”

Prontidão 

Além da técnica e dos equipamentos, o que faz a diferença é a postura da equipe diante de cada ocorrência. Vinícius lembra que muitas vezes o atendimento começa antes mesmo da chegada ao local.

“A gente já sai do quartel com base no que o rádio de transmissão passou. Se for um acidente grave, já vamos pensando nas lesões que a vítima pode ter, nos procedimentos. A gente precisa estar pronto para agir assim que pisa fora da viatura”, descreve. 

Para cada tipo de atendimento, há um protocolo diferente. Nos casos mais críticos  como afogamentos, paradas cardiorrespiratórias ou vítimas inconscientes cada segundo conta. Por isso, o preparo físico constante, agilidade e simulações de incêndios e primeiros resgates, são regras para o melhor desempenho dos bombeiros. 

“É igual a jogador de futebol: se parar de treinar, perde o ritmo. E aqui, o ritmo salva vidas.”

No meio de tanta intensidade, ele relata que há momentos que ficam marcados em sua memória. Um dos que ele melhor se recorda, envolveu um acidente em que teve que atuar como auxiliar de um médico em plena emergência hospitalar.

“Cheguei com o paciente, e quando o médico viu o olho do senhor aberto por dentro, começou a atender na hora. Ele pediu minha ajuda e eu virei assistente dele. Peguei compressa, ajudei a limpar, fazer curativo… Não é algo comum. Mas a gente se adapta ao que for preciso.”

E há também os chamados “casos do dia a dia”, envolvendo o resgate de animais, que nem por isso deixam de ser desafiadores. “Já tiramos uma vaca de dentro de um buraco […] salvamos um cachorro preso em bueiro e até gatinhos em árvores. Cada dia é uma história diferente.”

Veículos do Corpo de Bombeiros / Foto: Riânia Melo 

Orgulho 

Independentemente da natureza da ocorrência, o objetivo é sempre o mesmo: proteger a vida, o bem-estar e a dignidade das pessoas. 

“O que mais me orgulha é ver que, no final, conseguimos fazer a diferença. Seja salvando uma vida ou acalmando uma família. A gente está ali para ajudar, não importa o tipo de chamado.”

Ele relata sobre o apoio que recebem da população e do brilho no olhar de muitas crianças que vão conhecer os quartéis e interagem com os carros de bombeiros – ligando as sirenes e mexendo nos equipamentos.    

“Nossa corporação é uma corporação muito boa. Temos um apoio e um reconhecimento muito grande da população. Quando tem passeios pelo quartel as crianças ficam com os olhinhos brilhando.” 

Dentro de casa, Vinícius se alegra ao dizer que os feitos diários realizados pelos profissionais como ele também não passam despercebidos e que sua filha têm orgulho em ter um pai bombeiro. “Minha filhinha mesmo adora que o pai papai dela é bombeiro”, afirma. 

Concurso 

Para as pessoas que desejam ingressar no Corpo de Bombeiros, Vinícius aconselha que tenham sempre uma boa preparação física para que estejam capacitados durante o treinamento. 

O ingresso no Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) é feito exclusivamente por meio de concurso público. Considerada uma das carreiras mais prestigiadas e reconhecidas da segurança pública, a profissão exige preparo físico, emocional, intelectual e uma conduta irrepreensível. 

Com edital previsto para ser lançado ainda em 2025, o novo concurso do CBMDF deve oferecer centenas de vagas para diversos cargos, como praças (soldados) e oficiais, incluindo áreas específicas como saúde e engenharia.

Requisitos para Ingresso

Para concorrer a uma das vagas, o candidato deve cumprir alguns requisitos básicos:

  • Nacionalidade Brasileira;
  • Idade entre 18 e 28 anos para praças e até 35 anos para oficiais da saúde ou áreas complementares;
  • Altura mínima de 1,60m para homens e 1,55m para mulheres;
  • Nível superior completo (em qualquer área para praças, área específica para cargos técnicos);
  • Carteira Nacional de Habilitação (CNH) categoria B;
  • Estar em dia com a Justiça Eleitoral e com o serviço militar, se do sexo masculino;
  • Não ter antecedentes criminais e apresentar boa conduta moral e social.

Etapas do concurso

O processo seletivo é composto por várias fases eliminatórias e classificatórias. As principais são:

Prova escrita (objetiva e discursiva), Teste de Aptidão Física (TAF), Exame de saúde, Avaliação psicológica e Investigação social.

🧯 Para emergências, disque: 193 

Por: Maria Eduarda Barros, Maria Paula Valtudes e Riânia Melo.

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