Empreendedoras no DF defendem empoderamento de mulheres negras como ideal para o ramo da estética

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Identidade não apenas no documento, mas na valorização da cultura do dia a dia. No corpo, no cabelo, no penteado. Se conhecer e se enxergar em um mundo padronizado e desigual nunca foi fácil. Principalmente para aquelas que sentem na pele a exclusão. Entre tecidos, tranças e estilo, as histórias de uma estilista, uma cabeleireira e uma trancista têm em comum ideais profissionais defendidos por quem já experimentou a dor do racismo.

Para mulheres negras, empreender é mais que uma escolha, é também uma luta contra a exclusão. Ao longo da história da sociedade brasileira, mulheres negras se empenham não apenas no sustento próprio, mas, sobretudo, no sustento da comunidade, da família. Hoje, no Brasil, cerca de 10,4 milhões de mulheres são empreendedoras. Dessas, 50,4% são mulheres negras que estão à frente de seus próprios negócios, segundo o estudo “O novo retrato do negro empreendedor brasileiro: Sob a Ótica da PNAD Contínua” realizado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).


Mas a marca da exclusão, ainda hoje, persiste. De acordo com a pesquisa, as mulheres negras donas de negócio sempre foram menos escolarizadas que as mulheres brancas donas de negócio. Até o quarto trimestre de 2024, 22,8% dessas empreendedoras têm o ensino superior incompleto ou mais, e 42,6% têm apenas o ensino médio completo. Em contrapartida, 46,6% das empreendedoras brancas têm ensino superior incompleto ou mais, e 33,2% tem apenas ensino médio completo.

Gráfico da porcentagem de escolaridade de mulheres empreendedoras no Brasil, de acordo com dados do Sebrae em 2025. Crédito: Maria Clara Britto.



Por outro lado, na atualidade, as mulheres negras buscam o empreendedorismo ou se tornam empreendedoras por falta de alternativas que priorize suas necessidades como articular, por exemplo, maternidade e outras responsabilidades de cuidados.


Segundo Luane Bento dos Santos, Professora da Universidade Federal Fluminense (UFF) e Pesquisadora de Relações Raciais e Estética Negra, outro fator que influência é a dinâmica do racismo incrustada no mercado de trabalho. “Muitas mulheres negras, apesar de alto grau de escolaridade, enfrentavam barreiras quando almejavam empregos ou posições de destaque em organizações”, explica.

Neste sentido, a pesquisadora destaca que empreendedoras negras buscam o empreendedorismo como um lugar de criatividade e de manifestação da afirmação identitária. “Pensam nesse espaço como possibilidade de produzir objetos, trabalhos que valorizem a identidade cultural negra”, afirma a pesquisadora.


Meu cabelo, minha identidade


“Mãe, eu quero alisar meu cabelo”. Esse foi o início. Uma pequena frase, mas que carrega muito significado. E dor. Foi nessas palavras que Adriana Ribeiro viu que tinha algo errado. Nesse pedido, da filha de apenas dois anos, viu refletida a infância marcada pelo racismo, bullying e preconceito contra seu cabelo. “Sempre gostei do meu cabelo. E aí percebi que eu tinha que fazer alguma coisa para que a minha filha, ao invés de querer ter aquele cabelo liso, padrão, se sentisse confortável e bonita com o cabelo natural dela”, disse. Mesmo com os ataques, resistiu.


Segundo o estudo “Cabelos sem Limites, Como Nós”, realizado em 2024 pelo Instituto Sumaúma em parceria com a agência RPretas, 70% das mulheres negras percebem que a sociedade continua a pressioná-las a ter cabelos lisos. Porém, no mesmo estudo que foi composto por 1001 mulheres pretas ou pardas, foi comprovado que 53% utilizam o cabelo natural, número que vem crescendo nos últimos anos.


Foi contra Isabela Ribeiro, 20, filha de Adriana, que essa pressão lhe recaiu ainda na primeira infância. “Meu cabelo sempre foi muito, muito crespo. Aí eu olhava para todo mundo e também queria ter o cabelo com todo mundo, porque ninguém tinha o cabelo igual ao meu. Eu era a única que tinha o cabelo daquele jeito”, conta Isabela.

Créditos: Arquivo pessoal.



Mas esse desejo de semelhança com o padrão não perdurou por muito tempo. Com o incentivo da mãe, Isabela passou a ter e controlar a própria liberdade de mudar e se permitir entender e conhecer sua beleza. E consequentemente com o cabelo.

Se queria cortar, cortava. Colocar trança? Na hora! Mudar a cor, sempre. “Hoje em dia meu cabelo é um reflexo da minha personalidade. Então, eu uso o cabelo de todas as cores, de todos os tamanhos. Já raspei a cabeça mais de três vezes. Descolori. Já pintei de todas as cores possíveis. Já coloquei tranças de todas as cores e estilos imagináveis”, detalha.

créditos: arquivo pessoal



Isso só foi possível por meio do empenho de Adriana Ribeiro, que aos 46 anos, é dona da rede Afrochic, um dos primeiros salões de Brasília (DF) especializado em cabelos crespos e cacheados. Em 2015, veio o reconhecimento. Foi vencedora do Prêmio Sebrae Mulher Empreendedora.

Créditos: arquivo pessoal.


Terceira filha de uma mãe cabeleireira, Adriana começou a empreender no mercado da beleza aos 12 anos. Foi ensinada por sua mãe, Alexandrina, a trabalhar e a correr atrás do seu, independentemente dos obstáculos.


A mãe começou ainda mais nova, aos 6 anos. Atendia a domicílio ou em casa, escondida do marido. “Minha mãe, ela é uma mulher negra, pobre, do lar. Sempre foi muito vaidosa, muito cuidadosa consigo mesma e com as três filhas dela, três meninas pretas e crespas.” Mesmo sem o incentivo do marido, aprendeu a cuidar dos cabelos das filhas para depois conquistar a clientela.


Desde então, Adriana carrega consigo a vivência da mãe. “Ela tentava lidar da melhor maneira, mostrando que a gente devia sempre se cuidar, cuidar da aparência, da higiene pessoal, ter auto cuidado. Até porque no Brasil ou no mundo, sendo uma mulher preta, a gente sempre tem esse estereótipo de mulher suja, fedida.”


Era nesses momentos que escutava os conselhos da mãe, que falava: “minha filha, mulher tem que andar bonita, tem que andar cheirosa, e, no seu caso, tem que andar sempre com o cabelo arrumado”, conta.

Salão afro


Unha, cabelo, maquiagem. O trabalho no salão de beleza no início foi por dinheiro. Aí vieram outras oportunidades. Shopping, administração regional, maquiadora e cabeleireira na produtora de TV e informática, foram ramos que Adriana encontrou para crescer financeiramente, mas sem nunca deixar de lado o salão. “Eu sempre gostei de salão, sempre tive bons clientes que confiaram em mim desde criança.”


Salões de beleza afro-brasileira são vistos por outras mulheres negras como espaços seguros para estarem, onde a aparência negra é valorizada. Além disso, é um local onde é compartilhado saberes ancestrais e contemporâneos para o trato dos cabelos, da pele e tudo aquilo que pode envolver um serviço do universo da beleza.


Para a Luane Bento, a população negra busca espaços como estes para conseguir tratar de sua aparência e fugir de práticas de racismo e discriminação racial. “Muitas é o local onde pessoas negras podem verbalizar experiências de racismo, traumas raciais, e serem ouvidas.”

Créditos: arquivo pessoal.


Aos 23 anos, já era mãe de duas filhas. Foi então que, em setembro de 2005, a segunda filha, Isabela Ribeiro, fez o pedido. Queria ter o cabelo alisado, assim como a mãe e todas as mulheres de sua família na época. Nesse momento a chave virou. Cortou o cabelo e pôs um aplique, deu início à transição capilar e foi ao trabalho. Decidiu que se tornaria profissional e especialista em cabelos crespos e cachos. Assim nasceu o próprio negócio, o salão Afrochic.


Mesmo sem formação, buscou se profissionalizar e se aperfeiçoar através de cursos online, vídeos na internet e conhecimentos que aprendeu desde pequena. Foi transformando primeiro toda família. Sobrinhas, irmãs, mãe, o marido, as filhas, até se sentir segura para atender outras pessoas. “Eu já era cabeleireira, já tinha noção do que fazer e o que não fazer, mas só depois disso comecei a atender esse público mais específico”, conta.


A vida foi melhorando. Saiu do fundo da casa de Alexandrina e alugou o primeiro espaço, em Riacho Fundo (DF), para abrir seu salão. O negócio foi crescendo e, de uma loja de 20 metros quadrados, foi para outra de 144. Dois anos depois abriu outra de 220 metros quadrados. Até antes da pandemia chegou a ter ao todo 35 profissionais atuando em seus salões. E em 2020, abriu o terceiro salão, no Venâncio Shopping.


Hoje, Adriana se tornou referência em Brasília, tendo ajudado a formar centenas de profissionais da área. “Isso para mim é muito bacana, porque eu sei que a minha coragem, a minha determinação, abriu portas para tantas outras pessoas, tantas outras mulheres.” Mas conta que teve dificuldades em se estabelecer como empreendedora. “As mulheres, especialmente pretas, apesar de serem a grande maioria de empreendedores, não têm oportunidades. A gente suporta muitas coisas. Temos que estar se provando todos os dias que é capaz.”


Saber se reconhecer e conhecer suas origens é de extrema importância. A empreendedora leva seu negócio muito mais do que um empreendimento. É um espaço de acolhimento, “É um lugar de escuta, de transformação, é um lugar onde a pessoa vai para entender que ela pode estar ali e pode sair para lugares ainda maiores. É um ponto de partida.”


Patriarcado e racismo


São quase 20 anos em que trabalha pela transformação, empoderamento e força da mulher negra. Mas, conta, que os maiores desafios em ser uma mulher negra dentro do empreendedorismo é a falta de crédito. Financeiro e pessoal. É o descrédito de não serem reconhecidas como pessoas com potencial. E com isso, vem também o machismo. “Independente de ser preta, branca, laranja, a gente vai sofrer sempre. Porque o patriarcado traz pra provar que salários maiores existem, que as oportunidades são muitas vezes exclusivas. Em vários lugares.”


Como a mulher preta, enfrenta também o racismo. Mesmo ainda nova, já conseguia perceber esse preconceito com muita nitidez. Passou por situações em que não tinha ninguém a recorrer, a ajudar. Sua mãe, outra vitíma da discriminação. “Apesar de ser uma mulher preta retinta, minha mãe não tinha letramento racial. Ela sofreu muito racismo a ponto de me achar mais bonita do que as minhas irmãs, porque eu tenho a pele mais clara. A ponto de desejar que a gente se casasse com homens brancos para ter netos mais claros, de pele mais clara e cabelo liso.”


Foi diante dessa perspectiva que Alexandrina, hoje com 82 anos, cresceu sendo ensinada que ser preta é ruim, que ter cabelo crespo é ruim, que ter pele escura é ruim. “Então, eu tive que me virar com essa dor durante anos e eu transformei essa dor na potência que eu tinha”, conta a filha.


Acesso a crédito


Uma das maiores dificuldades para empreendedorismo negro no Brasil é o acesso a crédito. Um estudo realizado pelo Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe (CAF), Feira Preta e Plano CDE, revela que 44% dos afroempreendedores no Brasil tiveram seus pedidos de crédito negados, enquanto entre os pardos essa taxa é de 35% e entre os brancos é de 29%.


De acordo com a pesquisadora, as instituições, na hora de negociar o crédito, desconfiam que as mulheres e homens negros sejam capaz de cumprir as parcelas dos empréstimos. Bento explica que isso é um resultado do racismo institucional. “Isso se deve ao imaginário social de que todos os negros vivem em condições de escassez extrema e têm pouca escolaridade e formação para gerir um negócio. Às pessoas negras é concedido pequenos empréstimos ou nenhum empréstimo ”


Legado cultural


Assim como o cabelo, os penteados também fazem parte da identidade, cultura e autoestima negra. Um exemplo é a trança, que carrega uma bagagem ancestral forte para pessoas negras. Foram utilizadas como forma de sobrevivência durante a escravidão. A exemplo da trança Nagô que era utilizada para desenhar rotas de fuga para quilombos. E cada estilo traz consigo sua ancestralidade. A Box Braid e os Dreads, por exemplo, tiveram origem no antigo Egito. Já a Afro Bantu é uma herança da África subsaariana.


Como disse Layla Maryzandra, trançadeira e pesquisadora, autoestima, cabelo e trança têm a ver com linguagem. “É a forma como a gente se materializa para o mundo enquanto sujeitos que, historicamente, são vistos de forma negativa”, afirma


Layla começou a trabalhar como trancista aos 17 anos, em casa e atendendo a domicílio, “Como todas as trancistas, comecei trabalhando primeiro na minha casa”, diz. Depois atuou em diversos outros salões da cidade e começou a atuar no movimento negro.

Filha Imagens: Mylena Tiodósio/ reprodução instagram


A trança, para Layla, é um fortalecimento de conjuntos de saberes tradicionais. “A trança, em si, não é importante. Ela só é importante porque nós, enquanto sujeitos, enquanto grupo social, damos valor a esse objeto”, afirma.


Ela acrescenta que esse valor vem do pensamento afetivo e cotidiano. “Faz parte da nossa estética, e a gente também vem de uma cultura onde se pensa a estética também de forma muito esvaziada”, relata. E acrescenta: “Para a gente a estética tem um valor comunitário”.


Layla também fala sobre a visibilidade das trancistas. “Você só trança, porque mulheres negras do seu cotidiano, em alguma medida, também trançavam”, afirma. “Então é importante dar visibilidade primeiro para esse sujeito, entender quem são essas mulheres e como elas materializam esses saberes, pensando em cabelo, pensando em fios”, conclui.


Para a pesquisadora Luane Bento, os salões de beleza afro e a prestação de serviço individual de trancistas se apresentam como lugares onde as pessoas negras podem frequentar sem precisar ouvir que suas características fenotípicas são inferiores e que é preciso deixar de ser negro.


A trancista de 42 anos explica que a valorização dos conhecimentos de trançadeiras e trancistas é um resgate ancestral e cultural.n“A cultura é o sistema imunológico de um povo. E um povo sem cultura, sem entender a cultura deles, não é nada. Mas poucos de nós têm essa compreensão”, fala.

Naya Violeta


Empreendedorismo e a paixão pela moda, mas muito mais do que isso, a vontade de representar o seu povo afro-brasileiro fez com que Naya Violeta, de 35 anos, criasse o seu próprio ateliê. “O meu trabalho é uma forma de resgate ancestral para pessoas negras.”


Criada no meio de tias costureiras, Naya sempre foi apaixonada pela criação, pela costura e pela moda. Aos 12 anos já costurava suas próprias roupas. Para a garota, ver tecidos ganharem forma e se transformarem em roupa era “magia”. Por isso, foi natural quando decidiu se graduar em moda pela Universidade Federal de Goiás.


Assim que entrou aprendeu técnicas de costura e design mais apuradas e ainda na faculdade começou a criar roupas e comercializá-las. Vendia para amigos, alunos e até professores. Além da graduação, também se especializou em moda, realizou um curso de Técnico Têxtil no Rio de Janeiro, em 2011, e Marketing de Moda, em Buenos Aires. Tudo isso, lhe forneceu uma base que aplicou em seu ateliê.

Foto: Pétala Lopes

Representatividade preta


A busca pela criação de uma moda que representasse a beleza e a ancestralidade afro-brasileira foi o que a impulsionou a criar sua própria marca em 2007, o ateliê Naya Violeta. “Eu decidi criar a marca Naya Violeta por conta de uma ausência [de representatividade]. Eu não encontrava no mercado uma representatividade negra, então foi quando eu fui pensar em como construir isso.”


Além da busca pela representação de moda preta, a marca nasceu com o intuito de se afirmar enquanto moda afro afetiva. “Foi um momento muito importante de fazer essa conexão do empreendedorismo e do vínculo afetivo, onde a gente passou a receber os clientes no ateliê, com café, com celebração. O ateliê virou um ponto de encontro, um ponto de trocas.”


Muito mais que um empreendimento e um meio para ganhar dinheiro, a estilista afirma que sua marca é uma forma de “devolver pertencimento para pessoas negras”. “Muito nos foi tomado em várias narrativas mostrando só a nossa dor. Então, nossa marca é um trabalho afro-afirmativo, de mostrar narrativas negras de felicidade, e que o nosso povo é de grandeza, beleza, e tem muito pertencimento.”

Naya Violeta celebra a diversidade e o jeitinho barsileir em recente coleção. Foto: Caju Bento


A estilista goiana procura trazer referências da ancestralidade, da estética e das manifestações culturais afro-brasileiras, além de elementos do cerrado goiano, com bastante presença de texturas, cores e estampas.


Felizmente, hoje, Naya Violeta entende que há mais representatividade na moda para pessoas pretas do que existia quando decidiu criar sua marca. Para ela, ver revistas com pessoas negras de diversos tons de pele e corpos são conquistas que afirmam a potência da beleza da pessoa negra e da ancestralidade afro-brasileira.

Segundo ela, as pessoas pretas procuram consumir marcas onde há representação. “Eu acho que hoje o público tem maior consciência que se ele não é retratado, ele não vai consumir. E eu vejo a relação das mulheres e das pessoas negras com a moda hoje com muito mais proximidade, porque se a gente está sendo referência”

Legado ancestral


Criada por comerciantes, seu talento para o comércio foi desenvolvido cedo. Seus pais eram empreendedores: administravam um mercado. Lá ela aprendeu a importância de criar uma relação de vínculo afetivo do cliente com o produto, o que aplicaria em seu ateliê mais tarde.


Para a Naya, empreender foi natural pois se trata de um legado de sua família. “Eu acho que o empreendedorismo vem desse berço e dessa ancestralidade de pensar, mover junto e mover coletivamente. É um legado ancestral e familiar.”


A estilista reforça que o empreendedorismo negro está históricamente relacionado a uma afirmação de resistencia. “Eu acho que todo empreendimento feito por pessoas negras vem de uma necessidade ancestral de repassar valores e de demarcar um lugar de existência e resistência.”


Persistência


Durante sua trajetória, Naya Violeta, como uma mulher negra, enfrentou muito machismo e racismo e reconhece que o número de mulheres dentro da moda é pequeno e pouco reconhecido. Apesar disso, lembrar da existência de mulheres negras e indígenas que potencializam o trabalho uma das outras a faz persistir.


“Eu acho que a minha história não é diferente de outras pessoas negras, onde o racismo e o machismo se passou diversas vezes, e eu acho que para além do racismo e machismo, eu existo, não existo só. “
Além disso, o apoio de seus clientes antes mesmo da criação do seu ateliê é crucial para o fortalecimento e a persistência de sua marca. “Meus clientes são nossos apoiadores, é o nosso gás que faz mover e faz acontecer.”

Imagem: Reprodução/ Instagram


Políticas públicas


Naya Violeta reforça a importância de criar políticas públicas voltadas para fomentar o empreendedorismo entre mulheres negras. “Se numericamente nós temos força e nós temos negócios existindo, negócios fortalecidos, por que não se olha para esses dados para reverter em políticas públicas? ”


Luane Bento concorda com a estilista. Para a pesquisadora, as políticas públicas existentes para ultrapassar as dificuldades impostas pelo racismo e pelo machismo, ainda são insuficientes. “ Se existisse políticas públicas suficientes para incentivar e apoiar empreendedoras negras haveria mais histórias de sucesso e de estabilidade no mercado.”


Bento destaca a importância de haver políticas públicas que devem abranger desde concessão de crédito até formação especializada na gestão dos negócios. Para ela, a autoestima e a autonomia financeira para mulheres negras só são impulsionadas se houver possibilidades reais de manutenção do trabalho e garantir direitos mínimos. “É muito difícil estar feliz sem saber se o amanhã terá comida no prato e o mês seguinte salário para cumprir os gastos financeiros e contas mensais.”


Além disso, cursos institucionais, como os oferecidos pelo SEBRAE ou de ONGs voltadas para a população negra podem ser eficazes para a valorização do empreendedorismo de pessoas pretas. “A dinâmica de procurar sempre especialização é um ponto favorável para qualquer empreendedor, as regras do mercado mudam rapidamente e fora isso é preciso compreender a legislação e ter uma mínima noção de entrada e saída de dinheiro para administrar qualquer negócio.”


Por Ana Clara Neves, Luana Nogueira e Maria Clara Britto

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