Ondas de calor e períodos de tempestades são esperadas nos próximos meses no Distrito Federal. A população acostumou-se a presenciar queimadas à beira da estrada.

O major Fábio Bohle, porta-voz do Corpo de Bombeiros na capital, contextualiza que, devido à maior incidência de chuvas no ano passado, a vegetação desenvolveu bastante em toda a área de preservação.
Velhos costumes da população rural teriam relação com as queimadas, sendo geralmente usadas para a renovação da vegetação nas áreas de agropastoreios.
“Eles usam as queimadas para a renovação dessas vegetações. Então nós orientamos dizendo que não façam isso já que é considerado até um crime ambiental”.
Em entrevista à Agência de Notícias CEUB, o major Fábio Bohle, do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF), comentou sobre as queimadas que atingiram a capital, como a corporação tem atuado para controlá-las e evitar mais prejuízos às áreas de vegetação. Além de nos antecipar com dicas para a temporada de chuvas que já está se aproximando.
Confira entrevista com o major Fábio Bohle
Seca
Nas últimas semanas de setembro, todo o DF enfrentava um alerta vermelho de ondas de calor, com temperaturas que podiam ficar 5° acima da média mensal. A máxima registrada foi no dia 25 de setembro quando os termômetros marcaram 34,8°. Foi o dia mais quente do ano. O mês de outubro mantém os dias quentes e secos.
Com a predominância de temperaturas altas e o clima seco, a ocorrência de queimadas acontece com mais frequência, e pelas cidades da capital não foi diferente.

Mas o que pegou os brasilienses de surpresa foram as poucas chuvas isoladas se aproximando em várias regiões, em uma mistura de calor, baixa e alta umidade, chuva, vento e queda brusca da temperatura.
Para o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), essa combinação de calor com umidade do ar mais alta favorece fortes pancadas de chuva com raios, rajadas de vento e até mesmo queda de granizo, que é um padrão típico desta época do ano. Isto é a primavera em rumo ao verão.
Adaptação, áreas verdes e “Bolsa Ar Condicionado”
Coordenador de política climática do Observatório do Clima, Claudio Angelo, que é autor do livro “A espiral da morte: como a humanidade alterou a máquina do clima”, comenta que o fenômeno de ilha urbana de calor, que acontece quando se troca a vegetação natural do Cerrado por cidade faz as temperaturas aumentarem.
O especialista deixa claro que essa ocorrência não é um fator isolado, mas que ao se juntar com o aquecimento global e o El Niño a proporção que esse trio resulta são ondas de calor.
O Inmet classifica ondas de calor quando há a predominância do clima seco e alta pressão atmosférica que impede o avanço das frentes frias, provocando um aquecimento e diminuição da umidade do ar.
Claudio Angelo aconselha duas medidas que podem ser eficazes para lidar com as altas temperaturas recorrentes, porque acredita que: “a situação vai ficar insuportável nos próximos anos”.
A primeira é que de forma macro é preciso reduzir emissões de gás de efeito estufa para que no futuro não haja tantas ondas de calor. “O mundo inteiro tem que cortar as emissões de forma radical e rapidamente.”
Para todos nós, as perspectivas não são tão otimistas. Cláudio afirma que é preciso se adaptar com essas mudanças climáticas.
“São fenômenos caóticos da atmosfera que vão acontecer quer queiramos ou não. É preciso mais bosques e plantar árvores nas cidades, mais lagos, praças com chafarizes onde as pessoas possam se refrescar, principalmente a população de rua, e ter menos impermeabilização do solo – construção de mais asfaltos.”
Painéis
Pensando nas populações mais periféricas e pobres, o coordenador traz a ideia de uma “Bolsa Ar Condicionado”, através de painéis solares fotovoltaicos, em que o governo seria o fornecedor.
Esse subsídio seria para que as pessoas não sofressem tanto durante esses meses de primavera rumo ao verão.
O porta-voz do Greenpeace Brasil, Igor Travassos, também traz uma solução na mesma linha que Cláudio Angelo:
“Uma possibilidade seria a construção de espaços de convivência ao ar livre que sejam verdes, climatizadores naturais para combater as ilhas de calor e as altas temperaturas. Principalmente nas cidades do entorno, porque elas são as que mais sofrem com a falta de arborização e vegetação”.
Por Paloma Castro
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira