Dois jovens brasilienses encontraram na escalada um novo caminho para superação física, mas principalmente para socialização e proteção à saúde mental.
O estudante de psicologia Paulo Matheus Rosa, de 21 anos, por exemplo, está no esporte há 10 meses. Ele diz que um de seus maiores estímulos para fazer a escalada esportiva é a busca pela aprendizagem e o aperfeiçoamento técnico.

De acordo com ele, o esporte proporciona a visualização da evolução sempre que um desafio é concluído. O estudante também se sente incentivado por causa das amizades que fez na escalada.
Ele cita os Amigos da Pedra, grupo do qual ele faz parte e envolvido na escalada, juntamente com outros jovens escaladores.
Por mais que tenha observado grandes mudanças físicas, a parte mais importante para ele foi a psicológica. “A escalada salvou a minha saúde mental. Comecei a escalar na pandemia e me ajudou muito durante o isolamento” afirma.
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O estudante de biologia João Arthur Vieira, de 21 anos de idade, escala há sete meses e conheceu a escalada através de amigos que já praticavam o esporte.
“Apesar de ser um esporte individual, o incentivo das pessoas que estão lá é muito legal”, afirma. João também comenta sobre o impacto do esporte na rotina e diz que é “um alívio” para a correria do dia a dia. Contudo, critica o fato de não ser acessível financeiramente para muitas pessoas.
Amigos da Pedra
A Associação dos Amigos da Pedra é um grupo de escaladores de todos os níveis, que compartilham vídeos, produzidos por eles mesmos, nos quais escalam, mostram o processo da montagem de um boulder, e retratam viagens que fizeram para escalar na natureza.
Essa comunidade é extremamente receptiva, composta majoritariamente por jovens de 20 a 24 anos. Alguns dos membros do grupo escalam há anos e outros começaram há 3 meses, mas o que os une é o amor pelo esporte.
Os jovens escaladores, em sua maior parte, escalam na UBT escalada, um dos ginásios de escalada de Brasília. A UBT proporciona diversas competições, regionais e nacionais, abertas para qualquer nível de escalador.
Nos dias 19 e 20 de maio, por exemplo, aconteceu o Ranking UBT, competição interna para alunos do ginásio, com direito a happy hour e socialização entre os escaladores.
Confira vídeo do grupo
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Conquista inédita
Além dos benefícios sociais e psicológicos, o esporte passou a formar campeões. A mais recente conquista brasileira foi da escaladora paranaense Mariana Hanggi, de apenas 15 anos de idade. Ela conquistou a medalha de ouro nos últimos jogos Sul-Americanos na cidade de Rosário, na Argentina. A escalada esportiva transformou-se em modalidade olímpica nos Jogos de Tóquio (2020).
Mariana acredita que o fato da escalada ter se tornado um esporte olímpico contribui para que haja mais interesse no esporte. “A cada ano aumenta o número de inscritos nos campeonatos brasileiros”, disse em entrevista à Agência Ceub.
Em Curitiba, de acordo com a Mariana Hanggi, existem projetos sociais apoiados pela Prefeitura de Curitiba e pela ABEE (Associação Brasileira de Escalada Esportiva).
Durante os Jogos Sul Americanos da Juventude de 2022, surgiu no evento multiesportivo organizado pela Organização Desportiva Sul-Americana (ODESUL), para atletas de 14 a 17 anos. Ela teve o primeiro contato com a escalada aos três anos de idade e começou a treinar aos seis anos.
“Foi a primeira vez que a escalada brasileira esteve num evento desse tipo… Eu competi duas vezes, nas classificatórias que selecionaram os 6 primeiros colocados para a final (nessa classificatória eu fiquei em primeiro lugar). Competi a final, onde conquistei o primeiro OURO brasileiro da escalada em uma missão do COB. “

Apesar do crescimento desse esporte no Brasil, ainda não é de fácil acesso. Para praticar, no caso da escalada indoor, é preciso ir num ginásio próprio para essa prática, além de necessitar de alguns equipamentos específicos como sapatilhas e magnésio para as mãos, que não são baratos. O custo inicial ultrapassa R$ 500.
Modalidades da Escalada
- Boulder: Competição em percursos rápidos, sempre diferentes, com marcação de tempo, onde o objetivo é atingir o topo na menor quantidade de tentativas e o mais rápido possível;
- Velocidade: Uma “corrida” vertical, sempre com o mesmo trajeto, onde, quem chegar no topo antes, vence;
Guiada: Circuitos longos, com corda, onde o objetivo é chegar o mais longe possível
Por Marina Morôni
Fotos: Divulgação
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira