O historiador Gabriel Mattos Fonteles, especialista em relações internacionais, teme que o discurso protecionista do Trump possa dificultar as negociações no comércio mundial. Contudo, ele não acredita na revisão de diversos acordos firmados com o Brasil, pelos americanos. “Acho que as relações com o Brasil vão caminhar para o que a gente sempre teve com eles, boas relações econômicas, e boas relações políticas, mas precisamos ver depois das eleições de 2018”.

Fonteles participou do projeto de cinema universitário Cine UniCEUB para comentar o filme “Dr. Fantástico”, que trata, de maneira cômica, dos conflitos entre os Estado Unidos e a União Soviética durante a Guerra Fria. Em meio a vitória do candidato Republicano, o pesquisador explicou que é preciso aguardar, de forma concreta, as medidas que serão implementadas pelo novo governo, pois ainda existem incertezas. “A expectativa que se têm, claro, está baseado no discurso dele que é muito radical”, conta.

O professor ressalta também, que mesmo sendo eleito presidente, Trump não obteve a maioria dos votos, o que causa constrangimento dentro daquele país. Além da própria sociedade americana, a burocracia e as instituições, consideradas “fortes” por Fonteles, acabam sendo uma forma de impedir excessos do representante popular. “O próprio partido Republicano pode vir a ser um constrangimento também”.
Em relação ao Brasil, o analista lembra que a convivência com os EUA sempre foi amigável, porém acabou sendo abalada pelas denúncias de espionagem feitas pelo ex-agente da Agência de Nacional de Segurança (NSA – sigla em inglês), Edward Snowden. Mesmo assim a crise se deu no âmbito político, mas o comércio continuou estável. “Os EUA têm sido o segundo maior parceiro do Brasil, apenas atrás da China”.
Itamaraty
O ministro das Relações Exteriores, José Serra, já completou seis meses no cargo e têm mantido uma maior preferência às questões comerciais, é o que afirma o professor. “Ele faz isso em detrimento de questões políticas, que eram muito comuns no governo Lula, mas não no governo Dilma”, explica. Para ele, o chanceler prioriza a abertura do comércio, pois entende que a política internacional brasileira pode ser uma maneira para buscar a estabilização da crise econômica enfrentada pelo país.
Por Lucas Valença