Ex-jogador Lula faz tratamento em clínica de recuperação no DF  

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O ex-jogador de futebol Luís Soares, o Lula, de 52 anos de idade, que atuou no Distrito Federal e em times de São Paulo, na década de 1980, disputa neste momento uma partida decisiva. Ele está em uma clínica de recuperação no Entorno do DF para tratar a dependência química (álcool e drogas).

Crack foi um dos problemas na vida do ex-jogador. Foto (ilustração): Marco Gomes/Creative Commons

“Cheguei a usar vários tipos de drogas para poder substituir um vazio, uma coisa que me faltava e que eu preenchia com as drogas”, disse o ex-jogador para a reportagem da Agência UniCEUB.

Lula também trabalhou como professor de educação física. Para ele, o vício foi motivado por problemas pessoais. “Acabei buscando ajuda (nas drogas) porque elas me tornavam forte quando eu usava (…) O vício é uma doença que geralmente as pessoas subestimam. Hoje, estou tratando não as drogas, mas o que me levou para elas.”  

Família

 Filho de mineiros que migraram para Brasília durante a construção da cidade, ele perdeu o pai aos 11 anos e a mãe, aos 12. Em uma manhã de domingo, com 13 anos, a avó foi à igreja e não voltou mais, o que o deixou sob os cuidados da irmã mais velha.  

A rápida sequência de perdas no final da sua infância incentivou-o a experimentar álcool e cigarro com apenas 14 anos de idade. Um ano depois, Luís jogava futebol com os amigos em Brazlândia quando um ex-jogador, apelidado de “Som”, do Taguatinga Esporte Clube, viu potencial no garoto e o levou à sede do time para fazer um teste. Foi lá que ganhou o apelido de Lula. . Treinou no Taguatinga até ser transferido para o Paraná.

Saiba mais sobre o uso de drogas

Fratura

 Durante o ano e meio que ficou no Sul, o jovem teve a sua iniciação no futebol profissional, recebendo reconhecimento e salário. O dinheiro recém-adquirido permitiu ao jogador maior acesso às drogas e às festas com garotas de programa. Conforme ele recorda, o corpo ficou mais frágil e, assim, sofreu uma contusão que rompeu os ligamentos do lado direito após retornar ao Taguatinga. Debilitado, ficou um ano sem jogar enquanto se recuperava. 

Já na sua maioridade, “Lula” atingiu o ápice da sua carreira ao ser escolhido para a seleção do time paulista Grêmio Atibaia. Entretanto, aos 22 anos, teve outra contusão, pior do que a anterior. Impossibilitado fisicamente, foi forçado a abandonar o futebol profissional e jogar apenas como amador nos times de fim de semana. Devastado e frustrado com a mudança, “Lula” dobrou o seu consumo de drogas. 

Novo caminho

Apesar de ter aumentado as doses, ele conseguiu, após a insistência da irmã, cursar e se formar em educação física. Também recebeu uma proposta para trabalhar, como professor de educação física, na empresa de um dos donos do time em que jogava. Com o passar dos anos, além do tabagismo e do alcoolismo, passou a usar cocaína e crack. Logo, ele perdeu amizades, emprego e se afastou da família que havia construído. 

Ciente de que precisava de ajuda, “Lula” procurou uma clínica indicada pelo primo de sua esposa. Lá, recebeu tratamento e, depois de receber alta, continuou no local atuando como voluntário. Quando o lugar fechou as portas, ele teve uma recaída. Segundo ele, estar naquele ambiente o mantinha limpo, mas o encerramento das atividades fez com que voltasse às drogas. 

Hoje, na clínica, ele  possui sequelas físicas e mentais. A coordenação motora foi afetada e a parte do seu cérebro que armazena memórias recentes também.

Por Catharina Braga
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira

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