Padres e pastores em conversas de conteúdo sexual com rapazes. Essa é a tônica do filme “Amores Santos”, do documentarista carioca Dener Giovanini, que é radicado em Brasília. O filme deve estrear em janeiro e nasceu para condenar as pressões das religiões em relação aos líderes. “Essas perseguições são geradas por um conflito de interesse muito grande, que é o discurso dos religiosos. Essa tentativa de controlar e condenar a sexualidade do ser humano”, explicou.
Assista ao trailer do filme “Amores Santos”
Trailer Documentário Amores Santos from denergiovanini on Vimeo.
Descobrir que pastores casados e padres tiveram conversas íntimas com pessoas através da internet foi chocante para o jornalista Dener Giovanini. “Pastores evangélicos, ortodoxos, anglicanos. Não podemos dizer que foram só católicos”, ressaltou.
O documentarista disse que o documentário tem como objetivo ajudar os jovens pressionados no âmbito religioso. Ele espera que a produção mude a percepção de pessoas que se sentem culpadas pela orientação sexual. “No Brasil, infelizmente, vemos muito jovens que são abandonados, expulsos de casa ou que tentam suicídio em função da orientação sexual”, acrescentou. O trabalho de pesquisa demandou três meses, e a parte de gravação mais três meses.
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Bastidores
Giovanini explicou que queria desenvolver um trabalho fora da área de costume (jornalismo ambiental). Inicialmente o jornalista pensou em produzir um documentário sobre homofobia, e para isso criou um perfil falso de um homem homossexual para contactar religiosos e ouvir o que diriam sobre o assunto. “Pensei que iriam condenar. Só que ocorreu exatamente o contrário: os religiosos começaram a cantar o personagem”. A partir disso, viu a possibilidade de um novo documentário. “Na verdade não fui eu quem escolhi esse tema. Foi o tema que me escolheu”, completou.
Na semana passada, o jornalista divulgou o trailer do documentário, que contém imagens gravadas escondidas de padres e pastores do mundo em conversas libidinosas com o personagem homossexual, interpretado por Darico Macedo. “Quando fui convidado para fazer o filme achei que seria muito difícil conquistar a confiança dos religiosos, mas ocorreu o contrário. Quando vi um Bispo levantando a batina e mostrando que usava uma calcinha vermelha eu percebi que estaria num mundo sem limites”. Os líderes religiosos, no trailer, dizem que são pressionados para abafar os desejos.
A página oficial do documentário informou que especialistas e religiosos que foram entrevistados para o filme arriscam que mais de 50% do clero católico é formado por homossexuais. “O teólogo David Berger, por exemplo, diz que membros do Vaticano mantem apartamentos destinados a orgias sexuais com rapazes”.
Reunião dos bispos
O diretor de Amores Santos, Dener Giovanini, decidiu divulgar o filme nesse momento por conta da realização do Sínodo dos Bispos, que está ocorrendo em Roma e que está debatendo exatamente os temas família e sexualidade. “Apesar do filme ainda não estar totalmente finalizado, tomei a decisão de falar publicamente sobre ele porque uma das maiores religiões do mundo está definindo agora a forma como conduzirá esse assunto no futuro. Esse não será um filme contra a Igreja Católica ou qualquer outra religião, apenas mostrará que elas estão doentes e precisam de cura”, afirma Giovanini. Outra característica peculiar do filme é o fato dele ser o primeiro longa-metragem para cinema produzido inteiramente via internet.
A reportagem procurou os setores de comunicação da Arquidiocese de Brasília e da Assembleia de Deus, mas não obteve retorno dos questionamentos em relação à temática do filme até às 17h desta segunda-feira (dia 26).
Por Daniella Bazzi
