Após mais de duas décadas do sucesso que foi o primeiro filme, “Gladiador 2” chega aos cinemas com uma nova jornada ainda conectada ao finado herói Maximus.
Lucius, interpretado por Paul Mescal, se vê responsável a seguir os passos do lendário gladiador para restaurar a glória perdida de uma Roma em decadência.
Como novo protagonista, ele presencia seu reino sendo conquistado pelos imperadores de Roma e é forçado a digladiar no Coliseu para sobreviver. Tomado pelo sentimento de vingança, Lucius busca inspirações da juventude para fazer justiça.
O longa tem data de estreia marcada para esta quinta-feira (14) e é dirigido pelo consagrado cineasta Ridley Scott, conhecido por filmes como Gladiador, Alien, Blade Runner e O Último Duelo.
Confira o trailer
Da mesma maneira que foi realizado o filme antecessor, Ridley Scott tenta, aqui, transmitir uma atmosfera épica com batalhas grandiosas. Isso funciona, porém até certo ponto. Ao se propor em fazer um longa que revisita as tendências que o trouxeram êxito no primeiro filme, o diretor esquece de apenas uma coisa: não estamos mais em 2000.
O filme toma rumo em uma forma esquemática que sempre busca refúgio de algum “fanservice” com diversas referências. Isso faz com que as comparações sejam inevitáveis e a percepção de que uma fórmula é seguida fica clara.
Roteiro
A impressão é que o roteiro pula etapas, não desenvolve muito bem os personagens, ignora algumas tramas e muda objetivos de repente. Isso seria explicado caso o foco se tornasse exclusivamente Lucius, mas nem ele, o personagem principal, recebe alguma atenção mais detalhada. Os dilemas do protagonista são explorados de maneira superficial.
O enredo se torna óbvio: uma busca incessante pela nostalgia. Contudo, uma vez que esse é o propósito do longa, ele se dispõe a ser um épico com tragédia hamletiana como o primeiro, o que está longe de acontecer. Mortes importantes para a narrativa não têm o apelo dramático necessário, são tratadas como “só mais uma” a partir de cortes secos para outras cenas.
Um roteiro grande, mas raso, uma história complexa, mas vazia. As viradas de trama são óbvias e apáticas, falta desenvolvimento e peso emocional em um filme com duas horas e meia de duração que poderiam ser melhores aproveitadas.
A cinematografia é ponto positivo da obra. Com um bom uso de cores e uma boa iluminação, as cenas filmadas por John Mathieson são visualmente bonitas. O que não pode-se dizer do uso de CGI, no qual por muitas vezes é artificial demais e não apresenta fisicalidade.
Atuações
Paul Mescal não tem o carisma de um herói, não é um mau ator, pelo contrário, fez excelentes atuações em filmes dramáticos, mas está refém de um cenário que não combina com ele e um personagem limitado. Pedro Pascal e Connie Nielsen formam um casal apagado e mecanizado, sem conexão alguma.
Quem se salva é Denzel Washington. Sempre ótimo, interpreta o papel de Macrinus, um negociante rico que compra e aposta nos gladiadores. Denzel faz um vilão “showman” de presença magnética, com seu charme e tom sarcástico, rouba a cena e faz de tudo para se dar bem.
Ficha técnica
Título Original: Gladiator II
Direção: Ridley Scott
Roteiro: David Scarpa
Elenco: Paul Mescal, Denzel Washington, Connie Nielsen e Pedro Pascal
Gênero: Ação / Aventura
Duração: 02h28
Classificação Indicativa: 16 anos
Por Diller Abreu (o repórter assistiu à pré-estreia do filme a convite da Espaço/Z)
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira