Emocionante e absurdo são possíveis classificações para “Infiltrado na Klan”, nova obra de Spike Lee ( Malcom X e Faça a Coisa Certa). O longa se passa em 1978 e é baseado na história real de Ron Stallworth (John David Washington), um policial negro do colorado ( há de se destacar, o primeiro do estado), que, aos poucos, vai ascendendo na corporação, e em certo momento, consegue se infiltrar na Ku Klux Klan local. A produção estreia no Brasil oficialmente no dia 22 de novembro.
O personagem se comunica com o grupo via cartas e telefonemas, e nos encontros com os membros, enviava o seu parceiro branco, Flip (Adam Driver) para que não fosse descoberto. Ao ir ganhando nome na comunidade, Ron vai se tornando um membro confiável do grupo local, chegando a inclusive a se tornar o líder. Com isso, e com a investigação a todo vapor, Ron consegue interceptar diversos ataques de ódio orquestrados pelos racistas, fazendo prisões, e mudando um pouco todo um padrão existente da época por parte do preconceito.
A história é baseada no próprio livro, “ Black Klansman: Race, Hate, and the Undercover Investigation of a Lifetime”, comprovando que os acontecimentos em grande partes foram reais, tornando o filme mais chocante ainda. O filme, desde o seu primeiro minuto, é bem fiel ao mostrar todo o preconceito existente nos Estados Unidos, no final dos anos 70. Lida até com forma bem satirizada, e torna o absurdo ainda mais maior.
No começo, o caso se assemelha até a um caso de infiltração de agente comum, como qualquer outro que acontece até os dias atuais, mas com o decorrer do filme, vai se percebendo chocantes diálogos e acontecimentos que vão levando a obra a toda uma crítica social e a maneira de lidar com o problema da época. É de se impressionar que o agente precisou mandar um outro agente de outra cor, para que se infiltre e concorde com os absurdos pensados pelo grupo.
A trama do filme é bem desenvolvida, e é levado com um humor ácido, trazendo aquele sentimento de rindo de nervoso. Percebe-se também vários acontecimentos que alimentam e levam a história de uma forma que consegue prender o espectador e deixa-lo curioso de como isso vai acabar, com Ron chegando a cruzar caminhos com David Nuke (Topher Grace), grande mago e líder da seita KKK nos Estados Unidos na época, e tendo tempo ainda de encontrar uma namorada, Patrice Dummas (Laura Harrier), em um dos encontros de defesa dos direitos dos negros, no qual a história se baseia muito na relação de ambos.
É interessante perceber como a obra é fiel a época ao abordar os preconceitos da época, algo que o diretor Spike Lee, já é muito bem ambientado a fazer. Cenas como, preconceito de outros policiais a Ron, o achismo da polícia de achar que negros em sua maior parte eram os culpados de crimes, o preconceito dos KKK até com a voz de pessoas de diferentes raças das deles são alguns exemplos. Apesar de ser fiel à época, o filme traz realmente um choque de valores que ainda assolam a nossa sociedade nos dias atuais, com diálogos marcantes que podem até serem usados nos tempos atuais sem problema nenhum.
Por Luca Valério*
A convite da Espaço/Z
Imagens e trailer: Divulgação