A relatora especial das Nações Unidas sobre Questões das Minorias, Rita Izsák, após visitar cidades no país, disse, em Brasília, que está preocupada com famílias brasileiras. “Jovens que vivem nas favelas parecem ter poucos sonhos ou perspectivas de vida. Espaços e serviços comunitários precisam ser fornecidos para evitar que jovens se envolvam no crime e na violência e é preciso motivá-los a terminar sua educação”, disse.
Ela foi convidada pelo governo brasileiro para fazer uma análise sobre a realidade das minorias no Brasil, como os afro-brasileiros, quilombolas, comunidades de ciganos e população residente nas favelas. Em março de 2016 ela apresentará um relatório contendo suas conclusões e recomendações ao Governo e também ao Conselho de Direitos Humanos da ONU.
Izsák esteve em cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, além da capital e conversou diretamente com a população e com autoridades, organizações de direitos humanos, grupos da sociedade civil e agentes mobilizados pela defesa dos direitos e reconhecimentos das minorias.
A relatora da ONU destacou os avanços na legislação e ressaltou que a população brasileira de maneira geral está pronta para as políticas e práticas inclusivas dos grupos minoritários. Porém, é preciso conferir maior espaço e efetiva participação desses grupos no contexto social. “O diálogo contínuo e de construção de confiança entre os diferentes atores da sociedade deve ser assegurado e os mais vulneráveis ouvidos e assistidos. Caso contrário, o Brasil pode deixar de aproveitar os avanços feitos até agora, e danificar o seu tecido social, já delicado.”, destacou Izsák.
Um dos maiores problemas e desafios identificados pela especialista em direitos humanos é justamente a concentração dos meios de comunicação por determinados grupos sem a participação das minorias. Para ela, é imprescindível a criação de um observatório da mídia independente, bem como ações de combate a impunidade, intolerância racial ou religiosa, a demarcação das terras quilombolas e ações que garantam a permanência dos jovens nas escolas, em especial os que moram nas favelas.
Por Karina Berardo
Imagem: Governo do Rio de Janeiro