Diante de um cenário de machismo estrutural também no mercado artístico, cantoras destacaram, nesta semana, em Brasília, a necessidade de fazer da arte manifestações por causas das mulheres.
Ana Maria, em entrevista à Agência Ceub, expôs a importância do Dia das Mulheres e como a música teve papel essencial para que ela se sentisse mais valorizada: “90% do meu repertório musical é composto por artistas mulheres, pois me sinto mais conectada e integrada com a temática feminina”.
Para ela, um grande desafio que as mulheres ainda enfrentam, na indústria musical e na sociedade como um todo, é o fato de não serem levadas a sério e serem exploradas por um mercado que ainda é extremamente machista.
Ela e outras artistas estiveram no 1º Sarau Mulheres Eternas, que contou com a participação de 26 mulheres homenageadas por seus feitos públicos e contribuições para a sociedade.
O evento ocorreu no Museu de Arte de Brasília e trouxe em pauta o protagonismo feminino, muitas vezes invisibilizado socialmente, através da leitura de poemas, apresentações musicais e conversas sobre o tema.
Além de Ana Maria, as cantoras Lídia Dallet e a Cacique Tanoné marcaram presença no evento e trouxeram muita emoção ao público. Através da música, as artistas puderam apresentar um pouco sobre suas histórias e os obstáculos que enfrentaram ao longo de suas vidas.
Rap
Além dela, a cantora de rap, Lídia Dallet, surpreendeu os espectadores com uma apresentação cheia de emoção e profundidade ao abordar sobre a diversidade cultural e a importância das mulheres negras e trans na luta feminista.
“Muitas mulheres ainda não têm consciência da importância de se ter um movimento organizado para lutar pelos direitos feministas”. Além disso, Dallet falou que o rap pode fazer o enfrentamento diário contra o machismo na indústria musical, especialmente no nicho em que ela se encontra.

“Minha música é uma arte de resistência e tem uma abordagem a partir da perspectiva de uma mulher negra, periférica e lésbica. Entretanto, busco dialogar com todas as mulheres”, afirmou.
“Falar mais alto”
A artista e liderança feminina e indígena, Cacique Tanoné, da tribo Kariri Xocó, entende que as leis que protegem as mulheres possibilitam que se fale mais alto. “Antigamente, éramos massacradas e caladas. Eu passei por tudo isso.”
A Cacique também discorreu, com muito orgulho, sobre sua luta e vitória ao conquistar na justiça o território Kariri Xocó, e ressaltou a importância da luta feminista no contexto social, político e econômico.
Por Andressa Sarkis
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira