Mulheres ganham espaço no trabalho da construção civil no DF, mas ainda sofrem preconceito

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Maria Frazão diz que tem o apoio da família e do marido

Recomendações, cuidados e precauções. Muitos perigos à frente. Em um corredor estreito, os equipamentos são devidamente colocados: capacete e roupas especiais são imprescindíveis para chegar ao destino. Chão batido e poucas vozes, o som dos equipamentos caracteriza o lugar: britadeiras, betoneiras, martelos e serras compõem o panorama de um canteiro de obras. Mas é neste ambiente imerso em cimento, poeira e poluição sonora é que afloram as surpresas por trás dos tapumes da construção de um prédio de alto padrão no Setor Noroeste, um dos bairros chiques da capital. Toda essa dureza do local traz consigo a força das mulheres trabalhadoras da construção civil. Elas tentam quebrar estigmas e preconceitos no universo predominantemente masculino.

Sem perder a vaidade, maquiadas e usando acessórios femininos, um grupo de mulheres nos esperavam para a entrevista. Há oito anos trabalhando em obras, Maria dos Santos Frazão da Silva, 35 anos, rejuntadeira, diz nunca ter sofrido preconceito e tem o apoio da família e do marido. No entanto, afirma já ter sido assediada. Anteriormente, exercia a função de empregada doméstica e explica que há espanto na reação das pessoas quando são informadas da sua atual profissão.

Em contrapartida, Erlana Silva, 26, servente de obra explica que no começo, a família e o marido não aceitavam sua escolha e também notava o preconceito por parte da sociedade e diz ter sido assediada no ambiente de trabalho pelo seu superior. Mas não pensa em abandonar a profissão.

Mais de 200 mil

Elas ocupam um espaço majoritariamente masculino, há algumas décadas seria impensável mulheres trabalhando na execução das obras. Mas hoje é uma realidade. Nos últimos 10 anos, o Ministério do Trabalho e Emprego estima que a absorção de mulheres pelo mercado da construção civil cresceu quase 50%, e que mais de 200 mil mulheres já trabalham com a construção civil hoje no Brasil.

A engenheira Stefani Jardim,31, diz que as mulheres são mais detalhistas e criteriosas, executando um trabalho mais refinado.Geralmente se adaptam à rotina de trabalho e ressalta. que quando a funcionária entra na empresa, recebe um Treinamento de integração, entre eles como lidar com a questão do assédio, do respeito a colegas de trabalho,  campanhas educativas, palestras sobre planejamento familiar e violência doméstica. E complementa dizendo que existe preconceitos e que deve estar sempre provando ser capaz de enfrentar desafios.

“Detalhistas”

Construtor há mais de 20 anos, Cláudio Medeiros, emprega mulheres em suas obras e  explica que tem uma boa experiência. “Geralmente contrato para limpeza, colocação de piso, rejunte e que são detalhistas e mais asseadas na execução do serviço”. Contou também que  única dificuldade na contratação é para adaptar os locais do alojamento, como banheiros.

A maioria das mulheres entrevistadas sente orgulho por exercer essa atividade e não pensam em trocar de profissão. É o que declarou Marlene Pereira Alves, 45, “quando a gente é mordida pelo bichinho da construção civil, você parece que toma gosto”, afirma a rejuntadeira e pintora, há dez anos trabalhando na obra.

Sindicato diz que há igualdade

De acordo com o sindicato da Construção Civil (Sinduscon-DF), são engenheiras, gestoras administrativas e técnicas em segurança. Nas qualificações mais simples, há uma tendência a contratação para funções que merecem mais cuidado na área de acabamento como ,por exemplo, assentamento de cerâmica/ladrilheiras, pintoras, eletricistas, entre várias outras. O sindicato acrescenta que elas não sofrem preconceitos, nem assédios e são admitidas da mesma forma que os homens, de acordo com suas qualificações e competências para a função, com o mesmo piso salarial dos homens e a mesma Convenção coletiva de Trabalho.

Por Nice Rezende

Colaborou Aline Lopes

Supervisão de Luiz Claudio Ferreira

 

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