Os playoffs do NBB começaram, nesta quinta-feira (18), e, pelo quinto ano seguido, o Brasília Basquete não se classifica.
Nesta temporada, em específico, a situação foi pior, já que o time que além de não conseguir ir para os Playoffs, chegou a sua pior campanha na história da competição com 36 jogos, apenas cinco vitórias e 31 derrotas, um aproveitamento de 13.9%.
Para entender como foi a temporada 2023/24 e o que esperar das próximas, a Agência de Notícias Ceub buscou respostas para essas perguntas.
Conversamos com um jornalista, um representante da Torcida Uni, organizada do Brasília, dois jogadores e o técnico da equipe Dedé Barbosa para entender essa situação. Então, para começar vamos dividir a temporada em quatro partes, assim como acontece em uma partida de basquete.
“A expectativa principal era chegar nos playoffs”
No início da temporada, ainda que o momento não seja bom, por ser uma nova oportunidade existe a esperança de que será diferente do passado. Com uma equipe montada às pressas, o Brasília chegou a duas vitórias nas três primeiras partidas, uma contra o Pinheiros e outra contra o Pato, mas foi apenas uma ilusão.
Se ampliarmos a análise para os nove primeiros jogos, a equipe continuou com apenas duas vitórias. O terceiro triunfo viria na décima partida, trinta dias depois, contra o Mogi das Cruzes. Um começo com 30% de aproveitamento, porcentagem que se fosse mantida até o final da temporada garantiria a classificação para o mata-mata. Porém, o cenário ainda era de esperança.
“A expectativa principal era chegar nos playoffs. Essa era a meta que o professor passou pra gente.”, diz o armador do Brasília, Gustavo.
O início do fim
No segundo quarto da temporada, o início do fim. Se da segunda para a terceira vitória demorou 30 dias, agora demoraria mais de 50. O triunfo contra o Mogi aconteceu no dia 31/11/2023, já o contra o Pinheiros, apenas no dia 24/01 de 2024. Foram 11 derrotas seguidas e a comprovação de que o início da temporada não foi bom.
Para o destaque do time na temporada, o ala americano Thomas Cooper esse início abaixo teve um motivo.
“Na primeira parte da temporada, demorou um pouco para nós termos entrosamento. Nós estávamos atrasados, os outros times tiveram muito tempo junto na pré – temporada, nós tivemos talvez duas semanas”.
As piores derrotas
Após a vitória pro Pinheiros outra sequência de derrotas, dessa vez uma maior. No terceiro quarto da temporada, foram 13 derrotas seguidas, mas vamos dividir ela em duas partes. Na primeira parte, seis jogos, dentre eles, as partidas contra Vasco da Gama e Botafogo em casa. Os confrontos contra os cariocas foram os que o Brasília perdeu por menor diferença de pontos.
Contra o Vasco, no dia 08/03, a partida terminou 89 a 85 para os cariocas, a segunda derrota com menos pontos de diferença. Já contra o Botafogo, dois dias depois, uma vitória do Alvinegro por dois, na única prorrogação do Brasília na temporada.
Já na outra metade, as piores derrotas da equipe no campeonato. Contra o Paulistano, um placar final de 95 a 50, o pior da temporada. Contra o Mogi, 104 a 61, foram 43 de diferença, número que se iguala com a derrota para o Minas (111 a 68) , sofrida no segundo quarto da temporada, como a segunda pior.
“Não teve química, a gente não pegou os jogadores que realmente deram liga, perfis diferentes, a gente não conseguiu, essa é a verdade. Eu não consegui fazer um bom trabalho dentro da quadra”, diz o técnico do Brasília, Dedé Barbosa.

Fora dos playoffs
Com essa sequência a equipe não se classificou para os playoffs pela quinta temporada seguida, a última a se classificar, foi em 2018-19. Além disso, com os resultados o Brasília ficou com a última colocação, algo que acontece pela quarta vez nos últimos cinco anos.
“ Os adversários possuem elencos mais fortes do que o Brasília. Muito vem pela falta de investimento. Um investimento mais forte, com peças boas e certas, não deixaria a equipe na lanterna do campeonato”, comentou o jornalista Rener Lopes, que trabalha com o NBB desde 2009.
“A gente vai voltar para o topo”
O quarto período nós separamos para a última partida da temporada. Dia 11/04, 19h30, Arena BRB Nilson Nelson, Brasília contra Fortaleza. O ginásio já não contava com muitos torcedores do time da casa, tanto que a torcida visitante fazia mais barulho, sem possibilidades de se classificar ou de até mesmo sair da lanterna, o clima era de despedida da temporada, mas com uma situação até surpreendente.
Representado por seu presidente Gabriel de Souza (23), a torcida Uni, organizada do Brasília, estava presente no ginásio. Em entrevista antes e durante o jogo, falamos com ele para entendermos a visão do torcedor sobre a temporada e em especial sobre os cinco anos sem ir ao mata-mata. Nos deparamos com uma tristeza, porém atrelada com uma esperança.
“A gente tem plena convicção de que a gente vai voltar para o topo, pode ser em um ano, dois anos, quinze anos, a gente vai voltar para o topo”.
Inicialmente, apenas uma frase de um torcedor que acredita em dias melhores, mas a situação é um pouco diferente. De volta ao jogo, o Fortaleza comandava a partida e para todos seria mais uma derrota para aquela longa sequência que se ampliava, mas o Brasília ressurgiu. Com destaque para as boas defesas na metade final, a equipe da casa se recuperou e com 12 segundos no relógio assumiu a liderança e garantiu a vitória.
Uma luz no fim do túnel
A equipe reagiu na partida, mas parece que pode ser o início de uma outra reação. Em entrevista à Agência de Notícias Ceub no final do jogo, o técnico se mostrou esperançoso com a próxima temporada e isso tem motivo. Segundo o treinador, no ano passado o lado de fora e o dentro da quadra da equipe andavam mal, já nessa edição, o lado de fora melhorou.
“Ano passado, as duas ( do lado de fora e de dentro da quadra) andaram muito mal, vamos supor, por posição, as duas ficaram em último lugar. Esse ano, fora de quadra, eu boto nosso time em décimo ou em nono”
Em contato direto com os funcionários e dirigentes do time, Gabriel e a torcida Uni ajustam suas expectativas para as próximas temporadas devido a esse cenário. Na quadra, ele elenca a equipe que jogou a temporada 23/24 como um dos três piores da história do Brasília no NBB, mas a esperança de bons anos futuros se alinha com o lado de fora que mostram para eles.
Para guiar o lado de dentro da quadra, Dedé Barbosa, respaldado pelo time com o seu tempo de contrato que a próxima temporada e pela torcida, que através de Gabriel, mostra confiança no treinador: “ Eu sou muito fã do trabalho dele”.
Já o treinador fala sobre não se esconder e de que com o lado de fora melhor é obrigação melhorar em quadra. Além disso, Dedé revela um desejo pessoal e uma preferência que pode agradar aqueles que o apoiam.
“ Eu tenho esperança de ganhar aqui. Se você quer saber a verdade, eu prefiro ganhar um título aqui do que em qualquer outro lugar”.
Por Paulo Mac Culloch e Marcello Hendriks
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira