“Eu ajudo em casa”. Essa é frase do personagem de Lázaro Ramos vai provocar que o público se mexa na poltrona enquanto assiste ao filme “Papai é pop”.
O longa surpreende o público ao trazer uma história cotidiana com uma sensibilidade singular. Além disso, reveste-se em uma discussão sobre a paternidade ativa, em que os pais não deveriam apenas “ajudar”, mas efetivamente participar da criação e educação dos filhos.
Estreando em 11 de agosto, às vésperas do Dia dos Pais, o longa nacional “Papai é pop” é inspirado em um livro homônimo, do humorista Marcos Piangers. A obra relata, no formato de crônicas, algumas situações da paternidade pelas quais o autor passou com sua esposa e filhas. O livro serve como guia para pais de primeira viagem, visto que a maioria deles não está preparada para a experiência.
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Já o filme conta a história de Tom (Lázaro Ramos), que vê sua vida virar de cabeça para baixo quando se torna pai pela primeira vez, ao lado da esposa, Elisa (Paolla Oliveira). Entre lágrimas e risadas, Tom passa por uma transformação interna quando deve aprender na prática como cuidar da filha Laurinha (Malu Aloise), levando o espectador a refletir sobre o significado e as responsabilidades da paternidade.
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Ajuda?
Ao tratar sobre paternidade, não há como abordar o assunto sem falar da maternidade. Paolla Oliveira brilha com uma atuação na pele de Elisa, personagem que ganha destaque na primeira metade do filme, tendo em vista a rotina frenética de uma mãe no pós-parto.
“Papai é pop” levanta questionamentos a respeito da parcela de contribuição do pai na criação dos filhos. Com Laurinha nos braços, Elisa ainda precisa realizar as atividades domésticas, enquanto Tom trabalha, bebe, joga futebol e videogame, uma realidade para muitas mulheres brasileiras.
A trama também demonstra outros cenários na relação entre pais e filhos, como o abandono paterno sofrido por Tom e a paternidade solo, no caso do porteiro do prédio. Essas narrativas poderiam ser mais desenvolvidas, bem como a reviravolta, que ficou muito próxima ao final. O longa tem 1h e 45 min.
Impasses
O filme é dirigido por Caíto Ortiz, conhecido pela produção das séries “Coisa Mais Linda” e “Cidade Invisível”, da plataforma de streaming Netflix. Já o roteiro foi elaborado por Marcos Piangers, autor do livro em que o longa se baseia, e Ricardo Hofstetter, roteirista de “Malhação- Toda forma de amar”.
É fato que as produções de cinema nacional têm dificuldade para investimento e receptividade do público e isso foi potencializado pela pandemia de covid-19. A ideia de fazer a adaptação surgiu em 2018, com previsão de iniciar em 2019, algo que não ocorreu. As gravações de “Papai é pop” foram adiadas outras vezes, mas começaram de fato em 2021, mesmo em um pico da pandemia. Por isso, boa parte das cenas se passa dentro do apartamento do casal protagonista, mas isso não compromete tanto a narrativa.
Produção simples e emocionante
“Papai é pop” cativa o espectador pela simplicidade e naturalidade da trama, pois o filme parece real para quem assiste, que se sente como parte da família. O humor não parece forçado ou roteirizado, principalmente pela atuação de Lázaro Ramos, já conhecido pelo carisma, que é refletido no personagem neste filme.
Outro destaque fica com a caracterização, especialmente a maquiagem cenográfica realizada na personagem Elisa. Além disso, a escolha de elenco para os atores mirins valoriza as cenas da família.
Ficha técnica
Direção: Caíto Ortiz
Roteiro: Marcos Piangers, Ricardo Hofstetter
Elenco: Lázaro Ramos, Paolla Oliveira, Elisa Lucinda, Leandro Ramos, Malu Aloise, Dadá Coelho e Thiago Justino
Duração: 105 min
Distribuidora: Diamond Filmes
Gênero: Comédia
Estreia: 11/08/2022
Por Maria Tereza Castro*
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira
*A repórter assistiu o filme a convite da Espaço/Z