O professor de pós-graduação em segurança pública, Pablo Lira, da Universidade de Vila Velha (UVV), criticou a utilização das Forças Armadas durante a greve dos policiais militares no Espírito Santo. A paralisação, que é considerada ilegal, foi deflagrada no último dia 4 de fevereiro.
O pesquisador entende que o Exército é treinado para agir em situações bélicas e não em momentos de calamidade civil. “A atuação das Forças Armadas é uma situação de exceção. O próprio armamento não é adequado para lidar com manifestações”.
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Retrocesso
Palo Lira explica que a nova crise desencadeada pela greve da Polícia Militar no Espírito Santo ameaça a recuperação do Estado, que deixou de ser um dos principais pólos de violência do país. “Na década de 80 e 90, o Espírito Santo oscilava entre os estados mais violentos do país”, comenta o pesquisador.
Segundo Lira explica, houve diminuição, a partir de 2009, das taxas de homicídios no Estado diante de mais investimentos. Segundo dados do Mapa da Violência de 2016, a taxa de homicídios causada por arma de fogo por 100 mil habitantes no estado do Espírito Santo diminuiu de 2012 para 2014 de 37,3 para 35,1. O Estado saiu da segunda posição em relação ao maior índice de homicídios para ao 11ª lugar.
Segundo o professor, o governo falta com políticas de segurança pública em níveis nacionais, gerando um grande espaço para crises como a dos últimos dias em Espírito Santo. O Programa Nacional de Segurança com Cidadania (PRONASCI), criado pelo Ministério da Justiça na última década e depois desmantelado, é um exemplo citado pelo professor para mostrar o descaso do governo com a segurança pública nacional.
“Essa não é uma crise estrutural, mas sim conjuntural”, explica o professor. Segundo ele, outro problema que abre espaço para episódios violentos nos estados do Brasil é a falta de integração entre a justiça e a segurança pública. “Essa crise representa a importância e a necessidade de um plano nacional de segurança pública integra com as políticas estaduais”, afirma.
Recursos
“Em situações como essas ocorrem muitos crimes de oportunidade. Furtos de geladeira, TV, celulares, praticados por pessoas comuns sem histórico criminal. Isso denuncia certo fracasso na formação da cidadania brasileira”, lamenta o professor.
Greve foi anunciada por esposas de militares. Foto: Associação de Soldados e Cabos do ES
Pablo Lira explica que situações como a vivida pelo povo capixaba são portas abertas para a realização de pequenos crimes como furtos e assaltos. Isso se dá, segundo o professor, por conta da falta de recursos primários.
Ele explica que embora exista um investimento significativo no ensino fundamental, ainda existe uma precariedade no ensino médio que, segundo o pesquisador, é justamente o momento em que o cidadão passa pela “idade de risco”, ou seja, a idade em que o jovem está propício a aderir à criminalidade. “O aluno sai do ensino fundamental para o médio na idade de risco. Quando o jovem não se adequa à escola ou não se sente atraído, fica ocioso e cede ao mundo da criminalidade”, explica.
Confira abaixo, um histórico das greves de PM por todo o país.
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