O aumento no preço das refeições (de R$ 1 para R$ 3) teve impacto direto na população de São Sebastião, cidade com a maior número de pessoas em situação de carência no Distrito Federal, segundo a último pesquisa do governo. A mudança afetou pessoas, como o vendedor de dim-dim Gilberto Barbosa, de 46 anos, que oferece o produto todos os dias em frente ao restaurante. “Caiu bastante a minha renda, quase 50%”, afirma o vendedor. Depois de mais de dez anos no mesmo lugar, ele conta que está pensando em levar o “sacolé” ou “gelinho” para vender em outro ponto da cidade.
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“Aumentou o preço do restaurante, mas não melhorou a qualidade”, reclama o aposentado Francisco Gilberto. Ele, que costumava almoçar todos os dias no lugar por ser próximo da casa dele, afirma que, depois do reajuste, só vai três vezes por semana.
O valor, que era de R$ 1, nunca tinha sido alterado desde a inauguração da primeira unidade em Samambaia, em setembro de 2001. Naquela época, o custo real da refeição era de R$ 2,49, portanto o subsídio do governo era de R$ 1,49. No início de outubro deste ano, entrou em vigor a medida que altera o preço do prato. O funcionário do restaurante José Alves, 44, comenta que eram vendidas cerca de 1.800 refeições diariamente, quando a tarifa era de R$ 1, e, hoje, esse número caiu para 700.
Além do preço nunca ter mudado, nem mesmo ter sido atualizado pela inflação, a Secretaria de Desenvolvimento Humano e Social afirma que o valor pago pelo governo passou de R$ 1,49 para cerca de R$ 3,50 por refeição vendida. Antes da mudança, eram comercializadas, aproximadamente, 30 mil refeições em todas as unidades, hoje, a média é de 15 mil.
Crise no Restaurante de São Sebastião
Em São Sebastião, o aumento prejudicou não só a população, como também os funcionários. A nutricionista Micaelle Alves comenta que desde o início de outubro, de um total de 42 funcionários, 20 foram demitidos. Ela afirma que esse corte está diretamente ligado com o aumento da tarifa que fez com que o movimento caísse.
“Muito alto o valor”, é o que diz o vendedor Reginaldo Alves, 33. Ele que também almoçava todos os dias no local, agora só tem condições de ir até duas vezes por semana. O aumento nos preços das refeições em todos os 13 restaurantes comunitários do Distrito Federal faz parte de uma série de medidas adotadas pelo governador do DF, Rodrigo Rollemberg, sob o argumento de tentar contornar a crise financeira.
Os restaurantes comunitários, conhecidos também como Rorizão, estão presentes em 13 regiões administrativas: Brazlândia, Ceilândia, Estrutural, Gama, Itapoã, Paranoá, Planaltina, Recanto das Emas, Riacho Fundo, Samambaia, Santa Maria, São Sebastião e Sobradinho II.
Por Tâmila Lapa