O presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Leandro Grass, considerou, em entrevista de vídeo à Agência Ceub, um “absurdo” a proposta de anistia aos ataques de 8 de janeiro de 2023.
“Isso é absolutamente inadequado. Quem atenta contra a democracia tem que ser responsabilizado”, disse
Grass afirmou que os ataques ocorridos em 8 de janeiro de 2023 na Praça dos Três Poderes representaram um ataque direto à identidade nacional brasileira.
“Quando você destrói ou quando você está depredando, você está atacando o próprio povo brasileiro”, disse Grass.
Os ataques atingiram bens tombados pelo Iphan e reconhecidos pela Unesco como patrimônio da humanidade no conjunto arquitetônico da Praça dos Três Poderes em Brasília.
Grass destacou que os réus envolvidos nos atos estão sendo julgados por crimes de dano ao patrimônio cultural, além da tentativa de golpe.
Segundo ele, o julgamento na semana passada que condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais seis pessoas (incluindo generais) que faziam parte, segundo o STF, do núcleo duro da trama golpista pode ter um efeito “pedagógico”, ao demonstrar as consequências de ataques aos bens culturais nacionais.
Restauro
Na entrevista, Grass explicou que o Iphan parceria com a Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), atuou para recuperar 20 peças danificadas do acervo do Palácio do Planalto.
“Esse trabalho foi muito bem feito, a gente inclusive devolveu as peças esse ano para o Palácio”, afirmou.
Algumas peças, segundo Grass, principalmente do Supremo Tribunal Federal, não puderam ser recuperadas, como vasos e objetos completamente estilhaçados. Há itens também foram roubados e não foram localizados posteriormente.
O presidente do Iphan acrescentou que, como parte do trabalho de preservação da memória, foi produzido um livro e um documentário sobre a recuperação das obras danificadas.
“Esse impacto que tem a ver com algo que a gente não pode esquecer”, declarou Grais sobre os eventos.
Assim, como explica, o instituto tem se dedicado à realização de projetos que visam a “educação patrimonial”, na qual é instruído a população a importância da preservação de tradições, bens materiais e imateriais, dentre outros elementos que compõem o acervo de patrimônios brasileiros.
“No Iphan, estamos fortalecendo o que a gente chama de Educação Patrimonial. Educação Patrimonial são todas as informações que nós divulgamos a respeito do que é a nossa cultura e patrimônio. Então, o 8 de janeiro entra no rol desses fatos, embora de uma forma negativa.”
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Entrevista de vídeo: Maria Eduarda Barros e Riânia Melo
Colaboraram: Beatriz Ribas e Maria Paula Valtudes
Imagens: Alexandre Lopes e Melqui Lopes
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira