Projeto de cinema em Ceilândia é espaço de resistência para jovens

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“Os jovens aprendem não só sobre o processo de criação de um filme ou videoclipe, mas também sobre o trabalho em equipe, o respeito ao processo criativo de cada um e a importância da disciplina e do compromisso”, diz o professor de cinema Miguel Oliveira, do projeto Jovem de Expressão, localizado na Ceilândia.

Conhecido como Cine de Expressão, a atividade de audiovisual do projeto nasceu da percepção das transformações do mercado após a pandemia e da necessidade de inserir mais jovens da periferia no setor cinematográfico — um dos mais elitizados e de difícil acesso para quem vem das margens do Distrito Federal.

Além das oficinas práticas e da produção de curtas e videoclipes, o Cine de Expressão realiza uma mostra competitiva e um festival que funcionam como importantes vitrines para os trabalhos realizados pelos alunos.

“A gente visibiliza os talentos principalmente nesse sentido de reconhecimento. A galera se vê na tela, vê o próprio trabalho, que foi feito com pouco recurso, mas com muito esforço. É um pontapé inicial”, conta Miguel. Vários participantes já conseguiram oportunidades no mercado audiovisual, como Wendel da Tanagobo e Zoe, referência em equipe de câmera.

O projeto, no entanto, enfrenta desafios estruturais e financeiros. Como ocupa um prédio público sem documentação que garanta sua permanência, o espaço cultural vive sob o risco constante de ser removido. “A gente acaba sendo uma ocupação. Caso o Estado precise do espaço, a gente pode ter que fechar as portas”, explica um dos coordenadores. Um dos planos do coletivo é conseguir a concessão oficial de uso do espaço ou até mesmo conquistar uma sede própria no futuro.

Apesar das dificuldades, o impacto do Cine de Expressão é inegável. Segundo dados internos do projeto, mais de mil jovens já participaram diretamente das atividades, muitos deles inseridos posteriormente no mercado de trabalho. “É uma área muito difícil para quem é da periferia. Mas quando o jovem entra no projeto, ele passa a ver que é possível viver de cultura, produzir cinema, ocupar esse espaço com qualidade e representatividade”, diz Miguel.

Com planos de expansão para outras comunidades e novos formatos de oficinas e festivais, o Cine de Expressão quer seguir abrindo caminhos. E, mesmo diante da instabilidade, continua sendo um espaço de formação, pertencimento e resistência para a juventude periférica do Distrito Federal.

Por Danyelle Silva e Mayara Mendes 
Fotos: Divulgação

Supervisão de Luiz Claudio Ferreira

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